sábado, março 22, 2025

Eros... Eros...
[Algumas proezas da menina Vera Mulanver que, como é sabido, é danadinha para a brincadeira]

 

Hoje, de tarde, voltou a passar por aqui uma pontinha de vento que, em pouco tempo, virou tudo do avesso. Não sei como se chama a isto, se é um mini-tornado, se é uma fúria momentânea do vento. O que sei é que até uma mesa de madeira pesada desandou e iria por ali afora não se desse o caso de o meu marido ter posto uma rede a separar o terraço do relvado. 

Desde que o nosso cão mais fofo quase ia morrendo (com a língua inchada e escura) sob efeito de uma lagarta do pinheiro, agora, a partir de Fevereiro, o meu marido coloca uma rede nos acessos ao relvado. Supostamente, já terá terminado a altura das maganas descerem dos ninhos e virem enfiar-se na terra mas no INCF disseram-nos que, dado o mau tempo, admite-se que algumas se tenham atrasado. Por isso, por precaução, a rede ainda ali está. 

E uma cadeira que costuma estar ao pé do sofá comprido seguiu o mesmo caminho e ficou também ao fundo, encostada à mesa. E a mesinha pequena, metálica, idem.

E um dos cadeirões que trouxe de casa da minha mãe também voou e também ficou retido na rede, bem como as as almofadas. E uma almofada grande, rectangular, não sei como mas voou por cima da rede e foi aterrar ao pé de um pinheiro, na subida relvada. 

Depois de toda esta revoada, a ventania acalmou. 

O tempo anda assim, insolente, mais do que atrevido, descarado mesmo. E parece que esta noite a coisa vai outra vez acelerar. 

Gosto de chuva, em especial quando não é demais. Mas tenho medo do vento. É bicho sem dono, sem obediência, sem princípios.

Mas, enfim. É o que é. Fiz a 'reportagem' -- e como o Instagram é mais à base de imagens do que de palavras, coloquei-as lá, quer nas Stories quer no Feed. 

Ainda não ganhei bem a mão àquilo, ao Instagram, dá ideia que o que desperta mais a atenção são as 'lives', os vídeos -- muita gente a vestir-se, muita gente a maquilhar-se, muita gente a fazer ginástica, muita gente a desembrulhar coisas (unboxing, dizem). Mas a verdade é que me ponho a ver e de alguns até gosto, em especial vídeos de decoração, de pintura, de trabalhos manuais, de cortes de cabelo. É viciante. Mas, para eu fazer, ainda não percebi bem o que posso fazer que tenha algum jeito. Quando faço vídeos ficam uma porcaria...

Bem. Adiante. 

Hoje vou falar dos dois livros que têm tido 'mais saída', os de contos eróticos. 

Depois de ter visto as capas, os títulos e as sinopses dos livros 'eróticos' que estão à venda na Amazon, fiquei a achar que os meus, inocentes, são apenas umas gracinhas. Mas já estava, já estavam registados, com aquele número de registo atribuído, o ISBN, já não podia fazer nada. 

Quando o meu filho me informou que não ia ler nenhum dos meus livros ditos eróticos, a minha filha encolheu os ombros e disse que as minhas cenas eróticas são uma coisa assim mais ou menos, mais para o eroticozinho. Pois não sei. Quem se der ao trabalho de ler, ajuizará de si.

Os livros são uma selecção de contos que, ao longo dos tempos, em especial lá mais para trás, aqui fui escrevendo. Mas juntei alguns originais. 

  • Um deles, o da Festa de Beneficência, foi escrito há pouco tempo e inspirado numa festa real, tão bem frequentada quanto a descrevi, com particularidades como ali aparecem. E, se o conto for lido por alguém que lá esteve, poderá confirmá-lo.
  • A do Quarto Escuro foi inspirada por uma coisa que está muito em moda, mas mais para cenas de terror. Ao ouvir as descrições dos sustos que lá apanham, a minha mente -- que é como sabem, dada a desvios por maus caminhos --, ocorreu-me que poderia ser um belo presente de aniversário...

Vou transcrever apenas uns excertozinhos inocentes. Sendo este um blog de família, aqui não posso esticar-me. Por isso, aqui é apenas uma amostrazinha. De qualquer forma, não quero induzir ninguém em erro: que ninguém espere hard porn. Quando muito, soft porn.

Mostro também as capas dos dois livros.

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Uma festa de beneficência

A festa era de beneficência e nela participavam todos os que em Lisboa e arredores nadam em dinheiro mas não gostam de o alardear. Estavam lá também alguns aristocratas que, não tendo grandes rendimentos, têm ainda propriedades e jóias e, sobretudo, um prestígio antigo que dá uma certa patine a estes eventos. Tinham também sido convidados administradores de grandes empresas, daqueles que ganham bem e que, embora nas suas finanças pessoais sejam mais poupadinhos do que os verdadeiramente pobrezinhos, podem abrir os cordões à bolsa das tesourarias já que o dinheiro não é deles e é o tipo de despesas que pode trazer benefícios fiscais às empresas. 

Havia jantar com ementa apurada ou não estivessem algumas das senhoras da organização muito habituadas a seleccionar criteriosamente os caterings dos encontros familiares. E havia música, fado e quartetos de cordas, tudo generosidade dos respectivos intérpretes. E, claro, leilão.

(....)

Eu: ‘Muito bem. Então não quer ser um cavalheiro?’

Ele: ‘Ser um cavalheiro? Como?’

Eu: ‘Sendo. Venha comigo. Acompanhe-me. Não vai deixar uma senhora aventurar-se sozinha pelos misteriosos recantos de uma noite escura.’

Desci a escada de pedra. Ele veio atrás. Avancei pelo jardim. Quando senti a relva, descalcei-me. Com os sapatos pela mão, continuei a avançar. Ele ao meu lado. 

Um pássaro piou numa árvore.

Quase às escuras, avancei até ao lago, até ao banco debaixo do chorão. Ele, em silêncio, ao meu lado.

Quando chegámos, disse-lhe: ‘Então não quer pôr-se à vontade?’

Ele, sem saber o que fazer: ‘Faço o quê? Tiro os sapatos? As meias?’

Eu: ‘Olhe para mim. A luz é fraca, o luar pouco ilumina. Por isso olhe com atenção. Olhe para mim. Veja como eu faço.’

Então coloquei um pé em cima do banco e tirei uma meia. Uso meias com liga de renda com autocolante. Ele sorriu. Passou-me uma mão pela perna. 

Depois tirei a outra meia. 

Disse-lhe: ‘Sente-se. Olhe para mim. Preste atenção’.

Sentou-se. 

Com um pé fui conferir. Estava com atenção, sim.

 

(Continua...)
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O quarto escuro como presente de aniversário

Chega-se àquela fase da vida em que não há nada de material que verdadeiramente se deseje. Pelo contrário, um certo despojamento começa a ser apreciado. Talvez por isso, como presente de aniversário, naquele ano, pedi um quarto escuro. 

Se calhar sempre assim foi e eu é que desconhecia, mas tenho ideia de que, até não há muito, estas experiências não estavam à venda. Não sei. Seja como for, agora tudo se vende. Mesmo o que não faz parte do cardápio, se o cliente quer, logo os fazedores de experiências as customizam. 

E, portanto, quando me perguntaram o que é que eu desejava para festejar mais uma volta em redor do sol, foi isso que me ocorreu.

(...)

Enquanto a música tocava, eu ouvia passos, respirações. Não sabia quem mais estaria ali. Estava com os sentidos todos despertos, inquietos.
 
Então senti um sopro, como uma aragem. Parecia que uma janela se tinha aberto. De facto, logo senti como se fossem suaves afagos. Devia ser uma cortina de seda, adejando, roçando-se no meu corpo. Sem saber o que era esperado de mim, deixei-me ficar.

 Um corpo masculino encostou-se a mim, de frente, roçando-se também. Senti que outro corpo se encostava por trás. Novamente uns seios.

Depois rodaram à minha volta. Quando uns lábios afloraram os meus, não fui capaz de perceber se eram os dele ou os dela. Depois foi uma língua a entrar na minha boca. Poderia, com a mão, ter averiguado. Mas estava quase hipnotizada, obedecia submissamente.


(Continua...)

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Podem adquirir-se na Amazon (seja como e-book, seja como livro de capa normal). Junto o link para cada um:



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E quero dizer uma coisa. A Amazon apenas me informa qual o país origem das encomendas. Não sei quem encomenda. Portanto, a privacidade dos clientes e leitores está absolutamente garantida.

E quero aqui fazer uma ressalva. Tenho dito que os livros só estão à venda na Amazon mas, há pouco, ao googlar, apareceram-me à venda noutras plataformas. Fiquei intrigada. Depois é que me lembrei que, quando publico os livros, ponho um 'pisco' na opção de permitir que outras empresas de vendas de livros que tenham acordos com a Amazon os possam vender. 

Ou seja, alguns dos meus livros estão também à venda na Waterstones, BAM! Books-a-Million e creio que noutras. Mas funcionam com distribuidoras pois eu só tenho contrato com a Amazon. Para quem compra é indiferente, comprem onde comprarem, os livros são sempre impressos na Amazon.

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E é isto. 

Um bom sábado!

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