Face às circunstâncias da véspera, a noite passada dormi muito mal. Só adormeci de madrugada. Como tinha posto o despertador, acabei por dormir muito pouco.
Mas a causa era boa e, quando a vontade é muita, o sono e o desgaste emocional passam para secundaríssimo plano.
Fomos a um lugar onde já não íamos há algum tempo e que é daqueles lugares onde não me importava nada de ter uma casa. Aliás, há uns anos, foi coisa que foi equacionada. Muito bonito. Uma mistura de natureza e de vilarejo bem cuidado, um local simultaneamente de turismo e de tradições.
Um dos nossos intrépidos guarda-redes tinha lá um desafio de futebol e a família foi apoiá-lo. Para mim foi bom pois estou a precisar de me distrair, de espairecer. Gostei muito. Bons ares, boas ondas (metafórica e literalmente falando), boas tostas, e, ainda por cima, umas boas defesas.
Pelo meio, notícias que, de tão boas, soaram a inacreditáveis.
De volta a Lisboa, fomos lá. Estava de facto melhor, felizmente, mas não como tinham descrito. Afinal tinham-se enganado. Está lá há uma semana e o enfermeiro baralhou-se. Mas, ainda assim, de facto, muito melhor do que de véspera.
É aquela velha máxima, para mim recente: um dia de cada vez. Um dia assim, outro assado, num dia as perspectivas são umas, no dia seguinte isso passou à história.
A minha prima, quando eu lhe disse que a minha mãe estava melhor, corrigiu: foi um dia melhor. A enfermeira depois disse a mesma coisa. É assim. Seja como for vim de lá mais contente. E, assim sendo, provavelmente vou conseguir dormir bem. Altos e baixos em roda livre, aleatoriamente.
Uma vez que o programa não era compatível, o cãobeludo teve que ficar em casa. Por isso, passou o dia sozinho, no jardim. Chegámos de noite e, como sempre, ao ver-nos, manteve-se encolhido, receoso. Fui ao pé dele: 'Tão bonito. Ficou a tomar conta da casa. Portou-se muito bem.' e ele, no chão, a dar ao rabinho, a pôr-se de lado, a abrir a perna, a querer festas na barriga. E eu a fazer-lhe festas: 'Foi muito lindo, sim senhor, a dona está contente.'. Então, vendo que não estava de castigo, levanta-se numa alegria, desata aos saltos, a correr, numa alegria desmedida. A seguir, fomos passear com ele, uma boa caminhada, sob o frio cortante da noite.
E, para o jantar, o resto da pizza familiar trazida ontem, acompanhada por salada. Bem bom.
Entretanto, como sempre faço quando me apetece descansar a mente, estive a ver vídeos e apareceu-me o que agora partilho em que, como sempre, me admiro com a espontaneidade de quem é apanhado, do nada, no meio da rua e se predispõe a fazer o que a Thoraya lhes propõe. Desta vez não é que contem segredos cabeludos ou outras coisas do além: desta vez é que dancem. E a malta dança. Espanto-me com a alegria, o ritmo, a espírito de festa com que a malta reage, apesar de estar a ser apanhada de surpresa
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