terça-feira, maio 17, 2022

Três extraordinárias previsões para o futuro -- e alguns dilemas da minha vidinha

 


Tenho vários temas relevantes por resolver. 

Por exemplo: gosto de ver às outras mulheres mãos com nails em vermelho rubi, carmim, bordeaux, grenat ou mesmo em quase negro. Além do mais, sei que a saison, talvez para espantar as pesadas nuvens negras que por aí andam a pairar, requer nails multicores, uma unha de cada cor, e cores alegres, cor de laranja, verde pistachio, azul turquesa. 

Em abstracto tudo isso me agrada. Melhor: seduz-me.

Mas depois vem o lado prático. Não consigo ter unhas compridas nem consigo paciência para as pintar ou retocar frequentemente. Além disso, há que ter precisão para que o colorido não transcenda a pequena superfície que lhes é destinada. Debato-me, pois. Imagino que vendam pequenos estojos com frasquinhos multicores, pincelinhos pequeninos, e sinto-me tentada a experimentar. Mas, depois, já sei que acabarei sem aplicar nada ou, quanto muito, apenas um brilhozinho transparente, quanto muito um discretíssimo nude. 

Dilemas.

Se não trabalhasse, também ousaria uma maquilhagem divertida. Sombras nas pálpebras também em cor-de-laranja. Ou em verde-alface. E lábios em morango suculento e brilhante. Assim, trabalhando, não dá. Não seria levada a sério se me apresentasse assim a discutir propostas que, já de si, deixam alguns com os cabelos em pé. Tenho que me reservar para um dia mais tarde.

No domingo, quando fomos passear com a minha mãe, estava fresca, colorida e jovial: calças justas, alinhadas, em branco, uma tshirt justinha em verde seco e uma blusinha de lã fina em cor-de-laranja sobre os ombros. Ténis brancos. Completava a toilette com um chapéu de palhinha e de abas largas. Elogiei-a, disse-lhe que finalmente se veste como lhe fica bem, sem se preocupar se a toilette é adequada à idade ou com o que amigas e vizinhas pensam. Riu-se. Disse que finalmente tinha começado a libertar-se. Pensei -- mas não disse -- que já não era sem tempo. 

Pode parecer futilidade -- e quem sou eu para o negar -- mas a forma com a gente se arranja é meio caminho andado para a forma como a gente se sente. Se estamos com roupas tristes e desiluminadas, vai ser difícil sentirmo-nos especiais. E claro que é importante sentirmo-nos especiais. Pode haver quem pense que não quer sentir-se especial, quer apenas sentir-se vivo/a, e tudo bem -- só que não é a mesma coisa.

Há também a questão das flores. Vi umas florzinhas lindas, delicadas, em suave lilás. Estavam nas areias, nas dunas, junto à praia. Estou com vontade de ir colher umas quantas e pôr numa jarrinha. Hoje, nas reuniões, pensei que aquelas florzinhas ali ao meu lado fariam toda a diferença. Mas o que gostava mesmo era de apanhar com raiz e plantar um canteiro por aqui. Mas será que flor de beira mar vai dar-se bem em terra? Não sei. Nem sei se tente. Não quero fazer coisas contra natura mas, por outro lado, quem garante que elas não gostariam de mudar de ares?

Dilemas.

E depois há os pássaros. O meu marido reclama da gaiola grande que trouxemos da garagem para pôr aqui no jardim. Diz que está ali para nada, que não sabe porque quis eu trazê-la para aqui. Expliquei que pensava que, tendo a portinha aberta, os passarinhos entrariam e dali fariam a sua casa, podendo sair sempre que quisessem. Mas toda a gente me explicou que era uma armadilha, que os passarinhos que entrassem não conseguiriam sair. E a verdade é que a gaiola ali está de portinha aberta e nem um pássaro lá entra. Mas aí lembro-me de uma coisa. A anterior proprietária tinha periquitos. Nunca prestei atenção a essa ideia. Mas no outro dia lembrei-me de uma vez ter falado ao telefone com uma amiga e só ouvir uma orquestra de pássaros por trás. Ela disse: são os periquitos que a minha mãe aqui tem, são muitos, às cores, cantam que só visto. E era uma alegria. Sou muita contrária a pássaros prisioneiros. Mas será que os periquitos não se tornaram bicho de gaiola? E sendo a gaiola grande e estando no meio de árvores, não será para eles um resort que apreciem? Não sei. 

Dilemas.

E estou com esta conversa nem sei bem porquê. Será que fico com vontade de me remeter à maior simplicidade sempre que ouço falar de temas que me deixam as entranhas num frenesim?

Estive a ouvir três previsões muito prováveis para os próximos tempos. Algumas são-me, à partida, um pouco incómodas. Robots que se auto-fabriquem parece-me coisa meio assustadora. Mas se isso acontecer em Marte talvez não seja mau de todo. Robots que construam fábricas e enviem o fruto da sua produção para a Terra. A Terra transformada em paraíso, sem poluição, sem esforços, só desfrute. Talvez a vida ainda possa vir a ser uma coisa boa e o mundo um lugar feliz e pouco perigoso. E também me é estranha a ideia de fazer download do cérebro e pôr máquinas a usarem as ideias e memórias. Ou a perspectiva de se transmitirem emoções ou sensações e não apenas informação. Não sei bem o que pensar nisso. Mas parece-me provável e potencialmente estimulante. E depois há a promissora ideia de aprendermos, ab initio, se temos células que vão degenerar em cancro. Termos em casa sanitas com auto analisadores que detectem sinais de alerta que permitam que não se formem tumores -- o fim do cancro. Uma maravilha. Um alívio para todos.


Michio Kaku: 3 mind-blowing predictions about the future | Big Think

Carl Sagan believed humanity needed to become a multi-planet species as an insurance policy against the next huge catastrophe on Earth. Now, Elon Musk is working to see that mission through, starting with a colony of a million humans on Mars. Where will our species go next?

Theoretical physicist Michio Kaku looks decades into the future and makes three bold predictions about human space travel, the potential of 'brain net', and our coming victory over cancer.

"[I]n the future, the word 'tumor' will disappear from the English language," says Kaku. "We will have years of warning that there is a colony of cancer cells growing in our body. And our descendants will wonder: How could we fear cancer so much?"


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As luas pertencem ao artigo Super flower blood moon – in pictures e estão aqui na companhia de Blue Moon pela Billie Holiday and Her Orchestra
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Desejo-vos um dia tão bom quanto possível
Alegria. Força. Paz.

6 comentários:

Anónimo disse...

Eis a minha sugestão para a resolução de alguns dilemas:

Se as “florzinhas lindas” forem os “chorões das praias”, pode plantá-las nos seus canteiros. Pegam muito bem de estaca e resistem a tudo desde que expostas ao sol, em solo drenado.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Carpobrotus_edulis

A gaiola pode ser substituída por ninhos artificiais feitos pelos pimentinhas.
https://www.lpn.pt/uploads/educacao_ambiental_ficheiros/ficha_caixas_ninho.pdf

Anónimo disse...

… e quanto à gaiola, por ser uma gaiola aberta, pode colocar-se lá, em homenagem ao Vilhena, uns cartoons do Putin e dos seus Zenerais. Por exemplo:
https://henricartoon.pt/avante-a-galope-1525768

Unknown disse...

nails ?

Um Jeito Manso disse...

Olá Anónimo 'chorão',

Não. Chorões já eu trouxe e já aqui floriram. Não, estas são mimosinhas. A ver se no post que escrever hoje coloco lá a fotografia delas.

Já tenho alguns ninhos desses nas árvores. Quero é ter um bom destino para esta gaiola grande. Será que ter periquitos engaiolados é uma violência...? Senão, já pensei pendurar-lhe vasinhos.

Mas obrigada pelas sugestões!

Um Jeito Manso disse...

Olá Leitor dos Cartoons,

Essa é boa. Prender o Putin, engaiolá-lo! Essa é fantástica.

Gracias!

Um Jeito Manso disse...

Olá Leitor/a das Nails,

Qual o espanto? Porque não...? Ora essa, não tenho direito a umas nails todas fashion...?

Quer desenvolver...?