Regressei ao trabalho nesta segunda-feira. Não sei se posso dizer que tive férias. Dez dias de muito trabalho, isso sim. E foi até ao último minuto de domingo.
Esta semana foi o retomar de uma coisa que, verdadeiramente, não chegou a ser interrompida. Um ano atípico a todos os títulos.
Mas, no fim de um período muito intenso (e os últimos dias das supostas férias foram-no), chega a ressaca. Mais uma ressaca.
Mal me sento aqui à noite, começo a adormecer. Depois são micro-sestas mas, ainda assim, pequenos instantes em que perco a consciência. Micro sonos profundos mesmo que durem apenas dois a três minutos. Mas, mal acordo, logo volto a adormecer.
É fruto dos dias actuais e do lastro dos dias de ««««férias»»»»
Nestes dias, de cada vez que me chega um problema só me apetece dizer que já chega. Ainda no outro dia, a minha menininha, num dia em que esteve cá em casa, vendo-me a ter reuniões ou a fazer telefonemas (e, numa das reuniões, estava sentadinha ao meu lado, num plano mais baixo e muito lateral, longe do alcance da câmara), perguntou-me: 'Mas... exactamente o que é que tu fazes...?'. Deu-me vontade de rir mas fiquei sem saber bem o que dizer. Se calhar disse-lhe que resolvo problemas. É que a toda a hora me dizem: 'Temos um problema'. Quantas vezes confesso: também não sei, não tenho varinha de condão, vamos pensar nisto, vamos ver se surge uma boa solução.
Estes dias têm sido férteis: ainda agora, perto da meia-noite, recebi mais um mail daqueles que me deixam sem saber o que fazer: ou adopto a linha dura e que se lixe ou me encho de paciência e vou ver se há uma soluçãozeca de compromisso. De tarde uma daquelas longas conversas: complicações umas atrás de outras. Às tantas eu disse: resolver isto não é de um dia para o outro, é trabalho de anos. E tive vontade de acrescentar que não sei se vão poder contar comigo durante todos os anos que seriam necessários. Depois a conversa já tinha a ver com problemas em empresas noutros países e que o melhor seria lá irmos. Ouço isto com uma apreensão que se move em segundo plano. Se isto fosse há dez anos, talvez eu encarasse todos estes problemas como estimulantes desafios. Agora vejo-os quase como se se tratasse de uma realidade que vai para além da minha linha do tempo.
Há dias recebi uma mensagem de uma amiga que, na sequência de uma queda na praia, à beira-mar, imagine-se, arranjou um sério problema numa perna. Tanto tempo teve que estar em casa, mal andando e em fisioterapia, que, às tantas, pensou que o melhor que fazia seria reformar-se antecipadamente. Não quis saber de penalizações. E perguntava-me ela se eu também não tinha vontade de mandar bugiar 'esses gajos'. Não sei responder. Gostava que fosse menos intenso, que não tivesse que estar a toda a hora a saber de chatices sendo que sei que não apenas toda a gente acha que estou lá para os resolver como, também eu, acho que o dever e o sentido de responsabilidade me impelem a isso.
E isso cansa-me. Ou melhor: desgasta-me.
Entretanto, a minha mãe vai recomeçar as suas aulas. E, com isso, recomeçam os seus dramas. Há um programa que, se não me engano, se chama 'Depois vai-se a ver e nada', Assim os dramas da minha mãe. Grandes dramas e, afinal, não há qualquer crise. Contudo, a ela são cenas que lhe tiram o sono, que a enervam e a fazem ter vontade de desistir -- e que, por incrível que possa parecer, quase a põem a chorar. Para a ajudar, abro a caixa de correio dela para perceber o que é que desapareceu ou o que é que tem um rectângulo branco à frente que não a deixa ver e... está tudo normal, tudo à vista.
Uma coisa, tudo isto....
Às seis e tal parecia que a jornada tinha terminado. Peguei no computador e fui lá para fora. Tinha um vestido de alças e estava descalça. Abri uma cadeira ao sol, preparei-me para ver uma série. Pus o pc ao colo. Entretanto, ao olhar para um dos pés, o que estava no alinhamento do computador, pareceu-me a atirar para o verde. Olhei melhor. Parecia o pé de uma morta. Fiquei um bocado espantada. Pensei que era do sol. Pus-me à sombra. Olhei para os pés. Não havia dúvidas: um dos pés parecia descorado, para além de doente, aliás num tom mais para lá do que para cá, esverdeado mesmo.
E, às tantas, tive uma epifania. No domingo, tinha pegado na lata de spray verde claro e tinha voltado a pulverizar os més da mesa de apoio. Como ando sempre descalça, devo ter apanhado com o spray no pé. E, como não dei por nada, não o esfreguei convenientemente. Provavelmente já esteve mais verde e foi saindo com os banhos dos dias in between.
Agora, para descansar a cabeça, voltei à Netflix. Depois da extraordinária Mare of Easttown, segui para uma recomendação do meu filho. Homeland. Segurança Nacional. E, uma vez mais, estou agarrada. Que série extraordinária. Quantos layers, quanta densidade, que textura. O argumento, as representações, tudo.
Ao ir ao Youtube ver se havia um trailer para aqui o colocar, percebi que esta é uma série que tem anos, super premiada, que já passou na Fox. Provavelmente é uma das que o meu amigo viciado em séries já estava farto de me recomendar. Mas, uma vez mais, chego atrasada. Estou a ver isto como se fosse absolutamente actual, absolutamente novidade, absolutamente imperdível. E, para meu espanto, tem já carradas de temporadas. Portanto, não vou fazer o papelinho de absolutamente totó partilhando aqui o trailer de uma coisa podre de conhecida.
Mas partilho estas fotografias, incríveis Obtive-as via Guardian e a identidade do fotógrafo encontra-se na legenda das fotografias que lá estão. Poderão também saber como contribuir para tão nobre causa.
Photographic print sale to raise funds for Afghan’s female journalists
The Taliban takeover of Afghanistan has severely affected women’s rights, and especially the lives of female journalists. The NWMI (Network of Women in Media, India) has launched a print sale, with all images donated by the Associated Press, to raise funds to help those journalists with evacuations and resettlement, to rebuild their lives, and to tell their stories
______________________________________
Desejo-vos uma bela quinta-feira
Sem comentários:
Enviar um comentário