quarta-feira, julho 15, 2020

Que idade tem a UJM?
Ui....
Descubra... (e, de caminho, descubra também a sua).
E, já agora, descubra também algumas coisas muito úteis e que nem lhe passam pela cabeça...





Dias de calor, de tranquilidade. Ontem lavei cortinados, lavei vidros, lavei um tapetão de arraiolos. Hoje não, hoje foram reuniões de seguida, não houve intervalos para limpezas. Talvez esta quarta-feira consiga. Mas tenho várias outras coisas para fazer, para além de trabalhar: tenho telefonemas, agendamentos. Contudo, por onde passo vou diagnosticando: devia varrer ali ao fundo, devia lavar o outro tapete, devia pôr reparador de móveis ali, devia fazer uma boneca e limpar teias de aranha na clarabóia. Só que, entre isto e aquilo, o tempo acaba por não chegar. Amanhã, para além do resto, quero escrever um mail. Mas tem que ser coisa bem feita, devidamente objectiva e sintética. Não pode ser feita no meio de uma ofensiva com a esfregona ou enquanto o caldo não levanta fervura.


Com isto, por incrível que possa parecer, ainda não peguei no livro novo. Não sei que mistério é este: dantes parece que tinha tempo para tudo. Agora não tenho tempo para nada. O meu marido, que agora partilha o mesmo espaço de trabalho que eu, diz: tempo demais ao telefone. Talvez. Mas se me ligam e falam, falam, falam, ia eu ser deselegante e inventar desculpa esfarrapada para atalhar a conversa? Não, não sou capaz. Não sou de inventar desculpa, dizer que me estão a chamar. Nunca fui disso. Aguento firme só porque não sou capaz de forjar argumento para interromper. Problema meu, estou certa. Problema meu não ser capaz de omitir opinião, de usar disfarce. Não consigo dizer outra coisa que não a verdade, ou, pelo menos, aquilo que o meu entendimento considera verdade. Se acho que é preto e que está frio não consigo fazer de conta que é cinzento e que até está morninho. Colega que me conhece muito bem tenta aconselhar-me, dizendo-me frequentemente: não precisa de dizer tudo o que pensa, deixe estar. Outras vezes, lembra-me: ter razão antes de tempo é, geralmente, igual a não ter razão. E eu pergunto-lhe: 'Mas, acompanhando as minhas opiniões, os meus 'desalinhamentos', as incompreensões de que, volta e meia, sou vítima, a posteriori o que tem a dizer das minhas razões?' E ele diz: 'Então, já sabe, reconheço que tem geralmente razão. Mas como a tem antes dos outros lá chegarem, passa por não ter'. Acresce um outro defeito muito meu: como quero evitar que os outros se estampem, insisto nos alertas, esfarrapo-me para que se previnam contra males que antecipo. E, afinal, as pessoas não querem ser alertadas, querem é bater com a cabeça na parede. Ele diz, para me consolar: 'Mas já sabe que é assim, já devia estar habituada'. Pois. Não estou. Ainda não aprendi a ficar calada, ainda não aprendi a desinteressar-me dos problemas que sei que vão acontecer. E, quando acontecem, fico doente, furiosa comigo mesmo por não ter sido capaz de evitá-los, por não ter sabido ser persuasiva, por ter sido tão directa que fiz com que as pessoas me julgassem alienada.


Já vi empresas irem pelo cano, prejuízos de milhões, quando anos antes previ que ia acontecer e arduamente batalhei para que se evitasse o avolumar do prejuízo, alertando, isolada, para que era um fiasco quando todos falavam em sucesso -- e, por isso, fui muitas vezes chamada a atenção por ser desalinhada. Tal como já vi gente cair em desgraça e ser apontada e corrida como um flop quando desde há anos vinha alertando para que aquilo ali era era um bluff. Mas o meu amigo tem razão: serve para quê a gente ver antes dos outros ou vermos o que os outros não querem ver... se a verdade é mesmo esta: se os outros não querem ver antes de ser impossível não ver, para quê insistir? O ensaio sobre a cegueira tem muitos casos de estudo.

Ocorre-me, então, que, se calhar, ainda não conquistei aquele calo que endurece a alma, que a envolve, a adormece, a impede de se manifestar. Aquela indiferença.  Aquele deixar andar. Ver e ficar calada, na minha. Pensar: se querem estrepar-se pois que se estrepem. Fingir. Fazer de conta que não vejo. Alinhar-me. Ser figurante num filme que sei que não vai acabar bem mas, até que acabe, fazer de conta que acredito que vai ter final feliz.


Falta-me, na volta, atingir aquele grau de maturidade que impede a malta de fazer ondas, que faz com que se fique de bico caladinho haja o que houver.

E, para me ajudar a perceber em que etapa de maturidade me encontro, eis que o meu amigo algoritmo, sem que qualquer indício da minha curiosidade eu lhe tivesse dado, me aparece a sugerir um teste para descobrir a minha idade mental. Nem mais. Acreditem ou não, liguei o computador, abri o Youtube e cá estava este vídeo. Não resisti. Pensei: tenho ideia que já uma vez me tinha dado que sou pouco mais que uma teenager. Mas hoje pensei que, se calhar, já estou é para lá do prazo de validade, demente, cheché, já vejo mas é as coisas deturpadas. Talvez vista cansada, espírito derreado, cabeça esvaída. Sei lá.


Mas não: idade mental entre 21 e 35 anos. 
Segundo ali se diz: estou a caminho de consolidar a minha personalidade adulta, estou a descobrir o que é bom para mim, sou séria e responsável quando devo sê-lo; mas também sei divertir-me!
E toda esta conversa apesar de ter sérias dúvidas a propósito do rigor de tudo isto... Mas sei lá. Os mais 'sérios', 'conceituados' e caros assessments não são baseados em perguntas por vezes também tão insólitas...?

Por isso, aqui está o teste. Façam-no, avaliem o que dá para o vosso caso, ajuízem. e, se for caso disso, esqueçam.


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Mas também pode dar-se o caso de que esta conversa mais psi não seja bem a vossa praia e que prefiram coisa mais concreta e útil. E, assim sendo, aqui vai a segunda sugestão do camarada algoritmo, um vídeo daqueles que vejo com atenção do princípio ao fim pois descubro coisas em que nunca tinha reparado e que me parecem de inegável utilidade.


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Não vou dizer que as fotografias de © Emmie America são a cara do texto mas também garanto que não estão aqui para amofinar os mais apertadinhos. Estão aqui apenas porque gosto delas. E o mesmo digo de Listen to the Grass Grow na maravilhosa interpretação de Catrin Finch e Seckou Keita: gosto, sem mais explicações.

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E desejo-vos, a todos, um dia sereno, bom. 

1 comentário:

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Minha riqueza, a psicometria é coisa cheia de ciência por detrás, no 3º ano foram dois cadeirões com a teoria toda.

A UJM tem a jovialidade e maturidade do seu coração enorme.

Apesar do "carcará sanguinolento" , do "gavião" , do "dito-cujo" , têm estado uns dias maravilhosos.

Um belo dia para a minha riqueza.