Em tempos que já lá vão, por alturas dos Gato Fedorento, eu achava piada ao Ricardo Araújo Pereira.
Depois perdi-o de vista e apanhava-o, de vez em quando, na rádio, tenho ideia que era às sextas-feiras na TSF por volta das sete, quando regressava a casa, ele no Governo Sombra. Até que vi que aquilo era sempre mais do mesmo, parvoíce em cima de parvoíce. Salvava-se o Mexia mas, ainda assim, era muito relativo pois no meio de muita parvoíce até o mais atilado se afoga.
Quando passou a dar na televisão a horas razoáveis ainda tentei ver. Impossível. O João Miguel Tavares atentava contra a minha sensibilidade: sempre no registo do popularucho bacoco, tentando graçolas e trocadilhos mas sempre básicos e parvos demais e, pior, obsessivamente agarrado ao Sócrates. Uma fixação doentia que, digo eu, mereceria uma ida ao psiquiatra. Pelo contrário Marcelo aprecia o estilo e guindou-o a comissário do Dia de Portugal, arruinando a reputação do Dia de Portugal. Mas, enfim, adiante que esse não é o tema de hoje. Voltando ao Governo Sombra: outro que também me causava brotoeja era o Ricardo Araújo Pereira numa acelerada deriva no sentido da alarvidade primária, do disparate, do populismo mais rasteiro. Portanto, também não consegui acompanhar.
Agora está creio que na TVI e, sem querer, apanhei-o de raspão um domingo destes. Uma vergonha. Não apenas o achei cobarde, coisa que se vem acentuando, gostando de achincalhar pessoas detidas e fragilizadas, como não consegui suportar a falta do mais elementar bom gosto. A boçalidade dos que gostam de saltar a pés juntos sobre os que estão caídos por terra sempre me incomodou muito.
Naquela contabilidade que há dias por aí vi e que confirmava o óbvio, que a gente de direita avençada pelas televisões supera a de esquerda, não sei onde encaixaram o RAP. Mas se não o puseram na direita espero que o tenham posto na secção dos tóxicos, dos que fazem mal à higiene mental, dos que não sabem o que é a elegância. Ou seja, dos que não sabem estar.
Em contrapartida, acho um piadão à Beatriz Gosta. A moça tem pinta. Tem graça. É espontânea. É irreverente. É truculenta. É divertida. É inteligente. É do povo, do povão. Desbocada.
Dir-me-ão: o registo é outro. Claro que é outro -- e ainda bem.
E, do que até hoje lhe vi, não ofende, nem as suas 'vítimas' nem a inteligência de quem assiste. Por acaso, do que tenho visto, aqueles contra quem ela investe até são os primeiros a desatar a rir.
Alguns exemplos das suas gostosas intervenções no 5 para a Meia-Noite.
Dir-me-ão: o registo é outro. Claro que é outro -- e ainda bem.
E, do que até hoje lhe vi, não ofende, nem as suas 'vítimas' nem a inteligência de quem assiste. Por acaso, do que tenho visto, aqueles contra quem ela investe até são os primeiros a desatar a rir.
Alguns exemplos das suas gostosas intervenções no 5 para a Meia-Noite.
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E já cá volto que, já que o JMT me fez pensar no Sócrates, tenho uma coisinha a dizer.
Até já.
6 comentários:
Boa tarde UJM
É exactamente o que penso do RAP. Fui espectador desde o inicio e ainda durante algum tempo do programa "Governo Sombra". Inicialmente via-se "bem", entretinha e tinha "desgarrada", depois a coisa tornou-se cada vez mais uma mistura viscosa e desconfortável de assistir....
Abç
Sempre tive a convicção que rap era uma fraude. Alimentava a ilusão de que era de esquerda servindo-se do PCP para ganhar audiências, mas corroborava com todas as manhas dos seus amigos fedurentos direitolas Agora com estes programas na TVI onde a perseguição a Sócrates e ao PS se tornou doentia para não dizer javarda caiu-lhe a face.
Olá Smiley,
É, não é? Um saco, um humor forçado, com piadas rasteiras, a gozar com quem está na mõ de baixo. Uma coisa feia, deselegante.
Abraço, Leão Risonho :)
Olá Anónimo/a
Totalmente de acordo. Parece que Sócrates desperta paixões e que deixa algumas pessoas 'agarradas'. RAP é outro dos que se viciou em Sócrates. Só que, tentando disfarçar o vício, camufla-o em piadolas de mau gosto, em desrespeitos. Uma coisa feia de ver.
Obriagada pelo seu comentário.
Um dia feliz para si.
Completamente de acordo.
Nunca pensei que o Ricardo esquecesse os valores que parecia ter.
Quanto à Beatriz, é uma mulher inteligente e uma grande atriz que consegue fazer piada com assuntos delicados, sem melindrar.
Um Jeito Manso, obrigada pela sua perseverança, inteligência e gosto pela escrita.
Até amanhã.
Olá Lucília,
Pois é, mudou. Supostamente era pessoa de esquerda, era pessoa de cultura. Virou um burgesso, malcriado, desagradável.
A Beatriz é brejeira, é exagerada. Mas é genuína, espontânea, divertida, aquele género de mulher do povo que as diz todas de uma forma que nos põe a rir.
E ora essa, que é isso a agradecer...? Eu é que lhe agradeço a si a sua simpatia!
Abraço, Lucília.
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