domingo, maio 26, 2019

Foi um bom fds cá por casa: Sporting no sábado, PS no domingo
[E avanço já com um ou outro comentário às projecções conhecidas]


Podendo parecer que não, sou muito prudente nos meus festejos: no que se refere às eleições, ainda quero ver os resultados eles-mesmos. 

Para já só quero dizer que:

1 - Quanto à Final da Taça:

a) Como só entrei na sala para dar sorte para o último penalti (estive a ler o jornal noutro lado), só posso comentar a emoção do Varandas e a tristeza do Sérgio Conceição que só foi maculada pela sua falta de educação ao não cumprimentar o vencedor. 

b) Também pude testemunhar a alegria do meu marido a gritar ao telefone 'Viv'ó Sporting!' e o menino mais crescido, do outro lado, a cantar, todo contente. E senti-me contagiada.

2 - Quanto às projecções dos resultados das eleições em Portugal, só posso dizer que:

a) Lamento a abstenção e lamento a nula intervenção da Comissão das Eleições que deveria ter exigido aos partidos que, em vez de fazerem figuras tristes, fossem elucidativos e convincentes junto dos eleitores. Há instituições que são tão inertes que, se é para serem assim, mais valia não existirem que outros fariam melhor o seu papel (o Banco de Portugal é outro caso mas isso agora não interessa para nada)

b) Acho um piadão aos resultados esperados para o PSD e para o CDS que andaram armados em vizinhas intriguistas, inventando que as coisas estavam a correr mal ao PS. Um piadão. Não me admiro nem um bocado mas terei pena se as percentagens reais não forem ainda inferiores aos das projecções. O PSD e o CDS, antiga PàF, já provaram que não sabem estar no poder nem na oposição. Estão desadaptados a estes tempos. Tudo o que fazem, fazem mal. Na verdade, temos que reconhecer que já não contribuem com nada de relevante para a sociedade. No entanto, ressalvo que isto que digo, digo-o em geral, em relação à orientação e à praxis dos dois partidos. Contudo, tenho ouvido dizer que há um deputado europeu do PSD que é muito bom. Chama-se José Manuel Fernandes e, a ser verdade o que conhecidos meus afiançam, espero que seja eleito.

c) Curioso, muito curioso, é o que se espera para o PAN. Não se lhes ouve nunca nada e afinal agora isto. De resto, quando preenchi aquele questionário, percebi que, sem o saber, na volta, estou perto deles. Ignorância minha que desconheço ao que vêm e se são gente estruturada e competente. Mas acharei também um piadão se, qualquer dia, o PAN valer mais que o CDS. A Cristas, toda cheia de cagança, armada em rã que se imagina um boi (sendo mulher, deveria dizer 'vaca' mas, enfim, não quero ser deselegante), a serem verdade as projecções, leva um balde água fria pela cabeça abaixo que só pode fazer-lhe bem. Ao Nuno Melo isso é capaz de lhe estragar o penteado mas azarinho, falta-me a capacidade de sentir solidariedade quanto ao penteado do agricultor Melo.

d) Será bom o resultado do BE se a projecção bater certo. Até pode ser que ela seja uma boa deputada europeia, não digo que não, não sei. Mas uma coisa sei: Marisa é a versão feminina do Marcelo. Muito afecto. Muito abraço. Muito beijinho. Presumo que, mais do que a intervenção política real do BE, seja o efeito 'afecto' de Marisa que tenha alavancado esta votação nela. Além disso, a Catarina Martins pode ter forte e preocupante pendor populista mas sabe exprimir-se bem, camuflando o populismo com uma conversa que aparenta moderação. 

e) Se for verdade o resultado do PCP, tenho pena. Não me identifico com o conservadorismo e com uma linguagem e uma visão antiquada do mundo mas reconheço a honestidade dos comunistas e a honradez com que respeitam compromissos. Mas pecam por muitas coisas (por exemplo, o que tenho sabido do mau perder do PCP na Câmara de Almada que perdeu para o PS incomoda-me pois temo que não tenha só a ver com o mau feitio do ex-presidente mas com uma postura ressabiada do partido). Independentemente disso, tenho pena que o PCP venha perdendo relevância de uma forma tão continuada. Não têm sabido adaptar-se aos novos tempos. Até a malta nova tem uma conversa muito agarrada ao passado. Ou percebem isso, ou não tarda estão com zero deputados no Parlamento Europeu.

f) Fico contente que o PS ganhe e gostava que a contagem de votos situasse o partido com um resultado na banda superior das expectativas. Seria justo. Significa que a maioria dos votantes reconhecem o valor do trabalho e da visão do PS. É bom que agora não se deslumbrem, que trabalhem muito, que trabalhem mais, que se limpem de amiguismos, que se limpem de ovelhas ranhosas que ainda existem aqui e ali. Um bom trabalho e uma visão aberta ao futuro não devem ser maculados por casos que sujam a barra dos socialistas.

g) Fico contente que em Portugal estejamos longe do pesadelo de outros países em que a extrema direita e os nacionalismos ameaçam perturbar o equilíbrio e o desenvolvimento europeus.

E só espero que, de facto, Costa consiga mobilizar uma geringonça europeia, unindo-se com quem puder unir-se, por forma a erguer uma barreira ao avanço da extrema direita e dos nacionalismos que ganham força na Hungria, em França, em Itália, em Espanha e... e... e...

E fico também contente se se confirmar que os Verdes, os defensores do planeta, da ecologia, do respeito pela qualidade de vida saudável, inclusiva e sustentável ganhe expressão.

Quanto ao resto, vou esperar pelos resultados.

4 comentários:

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Também estou contente com os resultados e faço meus os seus votos quanto às movimentações europeias.

Adorei o resultado do partido da saloia que pensa que é tia e do sobrinho do sinistro Cónego.

O jogo da bola foi um bonito espetáculo, decidido da forma mais justa tendo em conta o desempenho das equipas. Os meus parabéns ao vosso Sporting.
Quanto ao meu Porto, espero que em breve se veja livre daquele figurino do Sérgio Conceição, que com birras destas estaria bem é no Benfica.

Uma rica semana.

Anónimo disse...

Gostei de ver uma vitória poucochinha do PS/Marques; Gostei de ver o cartão vermelho que o eleitorado deu aos Partidos em geral, com uma abstenção de mais de 69% (oxalá aprendam); Registei a uma certa raivazinha contida relativamente ao BE, nessa “nota” sobre o “populismo” (é bom saber que quem vota PS receia o BE); Gostei de ver a Direita em queda; e Gostei de ver o PAN a subir – curioso! Quanto a Outubro, os resultados desta noite prometem.
Aguardemos até 6 de Outubro.

Anónimo disse...

Olá Ujm, também estou contente com estes resultados. Votei PAN. Mais do que ter votado no Francisco Guerreiro votei nos Verdes europeus. Estou muito preocupada com o planeta, e embora outras forças políticas também tenham agenda climática nenhuma outra vai integrar uma força verde europeia (o Livre também iria mas não tem expressão). Acho que nunca na minha vida votei com mais consciência. Li estatutos do partido, li programas políticos, li e vi entrevistas do candidato. Acho muito curioso que alguns comentadores na televisão considerem o voto no PAN um voto de protesto mal informado. Protesto foi o número de votos brancos e nulos ter sido superior ao voto na CDU ou no CDS. Rita

arménio pereira disse...

Exma. Senhora

Obrigado pela paciência em partilhar a sua opinião.

Conceda-me - se assim o entender - a ousadia do contraditório (para quem tiver interesse em reflectir sobre a questão):

- O que é preferível: uma cidadania com dinâmica suficiente para gerar posições radicais ou um país onde mais de dois terços dos cidadãos na posse do privilégio eleitoral* desbarata conscientemente(?) esse direito.

@anónimo (2.º comentário)
Há várias décadas que o eleitorado português "tenta" dar lições de moral à classe política através da (crescente) abstenção, sem qualquer resultado prático. Uma definição possível para "idiotice" será a de esperar resultados diferentes repetindo sempre os mesmos processos. Não pensa que talvez já vá sendo tempo de sair da letargia, abandonar o infantilismo e tentar algo novo?

Com os melhores cumprimentos.


* A escolha do termo privilégio não é gratuita. A maior parte dos eleitores portugueses vivos nada tiveram que fazer para usufruir do direito a expressar de forma razoavelmente livre a sua capacidade (por muito limitada que seja) de influenciar as decisões políticas. Será esta uma das razões para o desprezo que nutrem por esse direito?