terça-feira, março 26, 2019

Uma explicação


Bem, isto hoje é mesmo para esquecer. Já aqui o tinha referido. O meu marido um dia deixou cair o meu portátil. Quando me zanguei com ele, zangou-se ele comigo, que a culpada tinha sido eu por deixar o computador ali. Ali e em todo o lado. Mas ele já não estava bom. Ele, o computador. Já, antes, o tinha deixado cair, repescando-o pelo monitor que se ia desconjuntando. Portanto, por um cúmulo de situações, a tomada ficou bamba, deixou de carregar, a imagem deixou de ser vista. Acabei por aceitar. Finou-se. Deitei mão a um pesadão, pré-histórico, que não era usado há anos. Refiro-me a um computador, claro. Outro. Velho, velho. A pedal, a pedal, a pedal. Mas pronto, esperar o quê de um velho? Mas hoje a mesma cena. Quando o liguei, a mesma coisa: o écrã às escuras. Nada de nada de coisa nenhuma. Tentei, retentei. Nada. Pensei, desolada: mais um que se finou. Há que aceitar, é a lei da vida.

Até que, aqui a carpir em silêncio, me lembrei de um pequenino, mignon, coisinha fofa. Há mil anos recebi de presente um bombom em forma de computadorzinho. Uma coisa que não era lá muito compatível com a velocidade das minhas mãos. A ideia era usá-lo ao fim de semana. Mas poupadinha como sou, ultrapassei as secas que apanhava com ele (ele, o computador) respirando fundo e a coisa foi sendo tolerada. Até que lhe deu a travadinha. A tomada só fazia efeito numa certa posição e, pior, não carregava a bateria. Por isso, ao mínimo toque a coisa descontinuava-se e tinha que recomeçar. Mas, paciente e eco-resiliente que sou, guardei para um just in case.

Foi hoje. À míngua de alternativas, fui buscar o bichinho. O meu marido olhou e não reconheceu. De facto, até pela cor, nem parece um computador mesmo que zinhoO que é isso?!  Relembrei-o.

Está aqui, coxinho, aos tropeços -- e continuo a falar de um computador --, todo desactualizado, a procurar actualizações de tudo e mais alguma coisa, sem instalar nada, todo ensarilhado. Nem tuge nem muge. Bichinho pequenino, velhinho, ceguinho, atarantadinho. E, como é bom de ver, continuo a falar do computador.

Mas já desisti. Enquanto o pobrezinho patina, tentando pôr a cabeça fora de água, aqui imobilizado na marquesa, indo-se abaixo a cada insignificante toque, resolvi desistir. Contra factos não há argumentos. O mundo está a conspirar contra mim. Não quer que eu blogue. Mas eu sou dura na queda. Não caço com cão, caço com gato. Não caço com gato, caço com rato. Não caço com rato, caço com formiga velha e pastelona.

Devia falar do último episódio do brexit mas um romance daqueles, com tão grande cordel, merece dedos soltos sobre teclado a sério, não isto de dedo a picar letrinha-inha virtual zinha no telemóvel. Portanto, sem responder a comentários, sem juntar figurinha ou musiquinha, isto hoje é mesmo só na base desta indigência, apenas a explicação para o facto de não ser. Conto, claro, com a vossa caridade.

(E se isto vos soa a modéstia zinha demais para o que é costume, pois saibam que a razão está convosco. Inhas e zinhas não fazem bem o meu género mas sinto-me tão limitada que me dá para me sentir piquinininha e impotentezinha.)

E acho que nada mais tenho a dizer. Só que vou ter que encarar de frente este sério assunto. Ou isso, ou volto a aprender a escrever à mão e passo a escrever palermices só para mim. Ou vou dedicar-me a sério aos tapetes de arraiolos. Ou vou aprender grego. Do bom, do clássico. Ou isso ou aprendo a ir dormir a horas decentes.

4 comentários:

Lucy disse...

Olá UJM,isso nos Pcs não será a junta da colaça?
Uma vez dei cabo de um carro, diagnóstico-junta da colaça queimada.Desmazelo completo meu.A partir daí sempre que desabafava que algo tinha avariado em casa ou que me doía as cruzes os "amigos"com boa memória diziam:não será a junta da colaça?

Isabel disse...

Ah!Ah!Ah! Isso por aí está mau! O computador, claro!
Ainda bem que tinha outro. Lá diz o ditado: "Quem guarda, acha!"

Espero que se recomponha depressa - o computador - que isto sem fotos e sem videos não é a mesma coisa!

Beijinhos e continuação de boa semana:))

Um Jeito Manso disse...

Olá Lucy,

Se calhar é. Falta de cuidado, talvez. Também alguns anitos a mais. E, uma vez, água para dentro dele (nessa vez, coisa dos miúdos). Ou febre dos fenos nas dobradiças do ecrã. Sei é que se foram os dois. Mas vou ainda ver se os recupero.

E as melhoras da junta da colaça. E sabe que mais? Tive que ir ver o que era, nunca em tal tinha ouvido falar...

Beijinhos e tudo de bom para si e para a família.

Um Jeito Manso disse...

Olá Isabel,

Ontem estive quase para desistir dele. Do computador. Tentei trocá-lo por um mais jeitosinho. Computador. Mas nao teve pedalada para mim.

Portanto.

À hora de almoço fui informar-me e já sei onde interná-los a ver se os recupero.

Entretanto, hoje estou com um que, em boa verdade, não é meu. Mas uma puladinha de cerca nestas circunstàncias tem desculpa, certo? E ainda estou a falar de um computador...

:)

Sorrisos e beijinhos, Isabel