Já tenho visto, nas empresas, cometerem-se erros incríveis. A gente tenta perceber como foi possível ter acontecido uma decisão tão absurda e, mesmo depois de se ter percebido o erro que se cometeu, continuar a persistir-se nele, e não percebe.
Imagine-se isto a uma escala muitas mil vezes superior.
Que não haja uma figura acima disto a pôr fora de jogo quem já mostrou não saber jogar e a escolher melhor alternativa é coisa que ainda assusta mais. A rainha? Onde pára a rainha?
A vulnerabilidade dos povos é grande. Deixam-se empurrar, avançam determinadamente em direcção ao abismo e, mesmo que toda a gente veja o triste destino que se avizinha, permanecem incapazes de mudar de rumo. Muito preocupante isto a que o mundo está a assistir.
A vulnerabilidade dos povos é grande. Deixam-se empurrar, avançam determinadamente em direcção ao abismo e, mesmo que toda a gente veja o triste destino que se avizinha, permanecem incapazes de mudar de rumo. Muito preocupante isto a que o mundo está a assistir.
Mas já estamos no fim de semana e eu, depois de de um dia em parte preenchido por avaliações, eu como avaliada e eu como avaliadora, tudo coisas às quais não acho especial graça e tendo ainda em cima de mim o peso de saber que a parte pior é ainda a que me espera, nomeadamente o ter reuniões destas com algumas figurinhas complicadas, chego aqui, a esta hora, e falta-me vontade para dissertar sobre o tema.
Hoje, ao fim da tarde, alguém espreitou à minha porta e, do nada, perguntou-me: então agora o que é que vai acontecer depois do que sucedeu hoje? Embrenhada que estava nas minhas coisas, levantei a cabeça, admirada: o quê? Ele disse: isto do brexit. E eu, apesar de admirada, disse: alguma coisa vai acontecer pois não creio que caiam mesmo no caos. Ele seguiu e eu fiquei a pensar que, se calhar, daqui por algum tempo, vou lembrar-me do meu optimismo inocente.
Não será a primeira vez.
Há uns anos, estávamos numa reunião e um disse que estava preocupado pelo rumo que as coisas estavam a tomar a nível do BES, com o Banco de Portugal a agudizar a crise. Desvalorizei. Ainda vivia naquela tonta ilusão do 'too big to fail'. Lembro-me de ter dito que se o Banco de Portugal continuasse entregue às indefinições daquele que viria a revelar-se o Emplastro-Mor -- o tal que está em todo o lado mas está só por estar, para aparecer, para ser visto, para fazer número -- o Governo haveria de intervir. Não se deixa cair um banco daquele tamanho, sabendo que a sua queda arrastaria a queda de várias empresas, de ânimo leve. E, no entanto, aconteceu. O impensável aconteceu. E, no entanto, apesar da leviandade e incongruência da decisão, tanta gente apoiou, tanta gente ainda acha que foi dado o passo certo. E, no entanto, apesar dos custos brutais que a decisão acarretou e ainda acarreta, ainda há muita gente que não percebeu a dimensão do erro cometido.São muito manipuláveis, as pessoas. Portanto, vulneráveis.
Mas isto não é tema para fim de semana, bolas. Se é para falarmos de desgraças que são tão estúpidas que até dão vontade de rir, então que entre quem sabe do assunto. E que entre também a Rainha, caraças, que se esta situação não está a pedir um gesto real então não sei qual é que pedirá.
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