quarta-feira, março 27, 2019

Ângelo in the sky with canábis




Já fui informar-me e já sei onde posso ir deixar os safados dos computadores para saber quanto custa o arranjo. O pior é que, se for muito caro e o arranjo não compensar, tenho que pagar o orçamento na mesma, trinta euros cada. Mas compreende-se, é justo (para quem recebe). Entretanto, estou com computador de empréstimo (se é que assim me posso expressar) e isso, parecendo que não, traz-me de volta a rotina: posso escrever se me apetecer. E apetece-me, claro.

Mas como, depois de ter falado com os meus filhos, me pus na palheta mensagística com a minha filha, a produtividade foi-se-me. É tarde. E dói-me um pouco a dobradiça do braço direito, certamente efeito de ter andado armada em lenhadora no fim de semana.

Enfim.

Como tenho andado um pouco arredada das actualidades, fui agora espreitar o DN. E fui dar de caras com uma notícia que, pela minha reacção instintiva, me fez perceber que há uma zinha preconceituosa encolhida dentro de mim à espera de se poder manifestar. O que vale é que estava sozinha e a minha reacção foi de mim para mim e dela nunca ninguém vai saber.


Como disclaimer, devo dizer que nunca me drunfei, nem por boas nem por más razões. Nem drunfei nem inalei. Sem erva nem sem ser erva. Mas foi por opção racional e não por ideologia, fundamentologia ou parvolhogia. Não senti necessidade, não tive vontade de experimentar e, pelo sim, pelo não, achei que não valia a pena arriscar.


Ou seja, por muito que possa parecer que sou uma santinha do pau oco, a verdade é que pouco tenho a dizer sobre a matéria.

E, se a substância tem propriedades terapêuticas e é bonne pour la santé, pois que desçam todos os santinhos e venham abençoar a mezinha. E amén. E tudo bem.

Mas... se me dá vontade de rir que hei-de eu fazer?

Começo a pensar nesse antigo ministro das inventonas, esse grande aconselhadeiro da nação, todo ele tresandando multi cultura e enxundiosa sabedoria, em tempos cavaquistas um dos mais fecundos ideólogos do regime, mestre na nobre arte de projectar a dentadura em pleno acto de comentar,


a mostrar a sua vasta experiência empresarial por tudo o que é canto e esquina, ex-ilustre padrinho do Láparo e agora entusiasta apoiante e ministro-assombrado de Rio, esse grande líder das mangas de alpaca, ... e, nos entretantos, no resguardo mediático, na moita, a farejar o negócio e a investir na... bela maria joana. 

Perdoem-me a extroversão mas tenho que soltar um ruidoso ahahahaha. Acho o máximo. Mil lois. (lois = plural de LOL)

O fundador do PSD, ex ministro da Administração Interna, em tempos considerado mentor de Passos Coelho e agora "ministro sombra" de Rio para a defesa confirmou ao DN ter adquirido 40% da Terra Verde, a primeira empresa a obter licença de produção de canábis em Portugal. O empresário reconhece que até há pouco tempo "canábis para mim era dos tipos que fumavam droga."
A canábis para mim era dos tipos que fumavam droga. Isto é um novo mundo que nós desconhecíamos. Esta planta tem um sem-número de aplicações e em termos de saúde e esta indústria é das mais promissoras em termos mundiais." [...]
E é assim que o ex-Cabo Angel, o célebre autor da primeira inventona dos tempos pós 25 abrilistas, esse valentão que imaginou perigosos atentados a partir de uma mão cheia de pregos espalhados no chão, esse tal que, qual barriga de aluguer, anos mais tarde haveria de parir o láparo de má memória, vai agora dedicar-se ao negócio da erva. 

Com notícias destas ainda tenho esperança de que não tenhaEmos batido no fundo. nquanto tivermos empreendedores destes ainda há esperança. Só falta mesmo a gente saber que o Relvas é sócio dele. A Terra Verde como testa de ferro do verdadeiro dono, a Relvas Angelicais, sociedade anónima e ilimitada.

Muito bom. It made my day.


E, a sério, façam de conta que não topam a milhas que rebento de preconceitos pelas costuras. E perguntem-me bem alto: que mal tem o Cabo Angel ter olho para o negócio?

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Sergei e a fama vem já a seguir para espairecermos a nossa pobre soul.

(nisto da soul ser pobre falo por mim, claro)

12 comentários:

Anónimo disse...

No que respeita a esses negócios da canábis, por uma vez, o Ângelo Correia está a braços com gente honesta, competente, profissional. Fossem todos os investimentos em Portugal assim.

Anónimo disse...

Ainda não tinha acabado o comentário anterior e submeti-o sem querer.
Não tinha acabado apenas para lhe perguntar, UJM, de que teve receio que a levou a não querer experimentar fumar nada, nunca? Mais arriscado é o primeiro copo de vinho. Erva é inofensiva.
Abraço
JV

Anónimo disse...

Já fumei erva e nunca tive qualquer problema de consciência, UJM (embora prefira um bom Vinho).
Cordialidade,
P.Rufino

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Faz a UJM muito bem!

A tal coisinha inofensiva quando fumada tem um potencial cancerígeno relativamente elevado, 3 a 4 x o do tabaco - pois o seu volume de traga é maior e absorção de substâncias líquidas também.
Psicologicamente, o consumo continuado pode desembocar em problemas motivacionais e a possibilidade de potenciar episódios psicóticos também não é de descartar.

Depois, com o "legalize" estou mesmo a ver o pessoal a fumá-las com 5 ou 10% de THC, quando na candonga sempre tiveram com 30-40% ou mais.

E não se preocupe com um ou dois copinhos de vinho, que não são inofensivos, mas são menos tóxicos que duas "brocas".

Uma rica 4.a-feira.

Isabel disse...

Também não me estou a armar em santinha do pau oco se disser que nunca experimentei nem drogas, nem tabaco. Nunca fumei um cigarro. As drogas nunca estiveram perto de mim e o tabaco, apesar do meu pai ter sido um fumador inveterado (foi em parte o que o matou) nunca me despertou o mínimo interesse. Tal como a UJM, eu costumo dizer que não foi esforço nenhum,simplesmente porque nunca me interessou. Somos 5 irmãos e só um é que fuma.

Onde há dinheiro...há políticos.
Há anos que não voto e creio que não torno a votar. Não acredito nas boas intenções dos políticos.

Beijinhos:))

Anónimo disse...

O Francisco, a quem nunca me dirigi embora seja alguém cujos comentários aprecie há já algum tempo e por isso deixe um grande olá, estará talvez a pensar na mais recentes "mesclas" com que somos presenteados no que toca a haxixe (que é o que há mais em Portugal, e não propriamente erva pura, dada a proximidade a Marrocos). De facto, hoje em dia o haxe tem frequentemente percentagens de substâncias duvidosas (um pouco à semelhança do que acontecia com as substâncias vendidas nas smartshops há uns anos). A erva pura ou o haxixe fidedigno, sem misturas duvidosas, não fazem mal a uma mosca. É claro que, no mercado negro, quem não saiba distinguir poderá meter-se em problemas, mas por isso mesmo a legalização, entre outras razões, será útil (mais transparência no que toca a "ingredientes").
Abraço
JV

Anónimo disse...

E, continuando no que antes disse, a tal erva, se pura e sem misturas (como diz a sua Leitora JV) faz menos mal do que o tabaco. E não tem quais quer consequências maldosas no que ao câbcro respeita, de acordo com familiares eus médicos. Mas, como digo, prefiro um bom tinto, ou branco. Embora nada me pese na consciência o tê-la fumado, aliás com grande prazer.
Boa noite!
P.Rufino

Um Jeito Manso disse...

Olá a Todos,

Só para dizer que não critico quem fuma erva, quem bebe até ver a dobrar, quem pratica swing ou brinca ao quarto escuro, quem faz striptease em público, quem se tatua de alto a baixo, quem rapa o cabelo deixando apenas uma trancinha atrás, quem usa piercing nos mamilos ou uma argola no nariz, quem usa calças descaídas com o sítio do rabo pelos joelhos ou quem vai de madrugada para os concertos do Toni Carreira. Nada. Cada um sabe de si.

Nem acho que quem o faz ou alguma vez o fez deve ficar com problemas de consciência. Nada.

Só digo que não faz o meu género. Não sinto falta, não me parece que me faça feliz.

Mas lá está: se calhar estou enganada. Mas vivo bem com isso.

Peace and love é o que eu quero para o meu lado e para todos.

E vai daqui um big smile para todos.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

JV, Olá!
A grande questão é que o que há mais por aí são essas miscelâneas que andam pelos 30% de THC e por isso é que quem trabalha com o assunto chama à atenção para os mitos em torno da inofensividade das substâncias e os perigos do consumo continuado.

Um abraço!

Unknown disse...

Eu sempre desconfiei que esta gente queimava umas brocas

Um Jeito Manso disse...

Caro Abel Pacheco, ai ai, ai ai

Nada de dizer mal aqui dos fregueses desta tasca, ouviu...? Aqui é tudo gente devota, beata e bem comportada, ouviu...?

:)

Unknown disse...

Desculpa, eu referia me ao tio Ângelo, se fui mal interpretado peço desculpa