Desespero aqui com a falta de rede. Verdadeiramente a pedal. Quero ver os blogs que acompanho e primeiro que abram é um desespero. Quero espreitar as notícias e vejo o computador a puxar pelos neurónios, os miolos à voltinha e nada, o mundo toldado de branco, sem nada a acontecer. Habituada que estou a fazer tudo à pressão, só me apetece fechar a tampa do computador e pôr-me a ver televisão. Depois controlo as pressas. É como quando venho ao supermercado na vila aqui mais perto ou na cidade a seguir. Os empregados na maior vagareza e eu numa impaciência. Conversam com os clientes, olham para quem passa ou está noutras caixas, e eu incapaz de perceber como é que toda a gente acha aquilo normal. Só me apatece refilar: 'Desculpe lá, importa-se de prestar atenção ao que está a fazer e despachar-se?'. Mas contro-me. Penso, então, que, se calhar isto é que é normal e não a velocidade a que tudo se processa nos supermercados de Lisboa. Aqui, agora, também. Fraca cobertura de rede. Mas não é fácil ter paciência. Quero espreitar os vídeos que o Youtube tem para me fazer agradinhos e sofro para conseguir que as imagens apareçam, as imagens mexam, que o enredo desenrole, que a malta mexa os pés.
Enfim. A verdade é que abri este vídeo e, depois de longa espera, já me deliciei. E, pasme-se, a coisa passa-se há 85 anos! Quando penso em como tanta gente, nos tempos que correm, é tão cinzentinha, tão arrumadinha da cabeça, quadradinhos da ponta dos cabelos à ponta dos pés, incapazes de uma gargalhada ou de um acho descomportamentado, penso que os tempos parece que não correm no sentido da alegria e da irreverência mas no sentido padralhoco, beatífero e bafiento.
Eu, pela parte que me toca, vou ver se convenço o meu parceiro aqui do lado a ensaiar esta coreografia comigo para, na próxima festarola familiar, surpreendermos toda a gente com um número que certamente não vai deixar ninguém indiferente.
Wilson and Keppel, Sand Dance. 1933