domingo, janeiro 14, 2018

Rui Rio, claro.
Os eleitores do PSD podem não ter uma visão extraordinária mas, vá lá, parvos de todo parece que, se calhar, também não serão.



Não me parece que Rui Rio seja alternativa válida face a António Costa. É menos arrojado e menos corajoso que Costa, é menos 'moderno' e aberto à mudança que o Costa, é menos cosmopolita e menos consensualizador do que Costa, é menos sensível a questões sociais e culturais do que Costa. Portanto, não vejo que os portugueses, entre Costa e Rui Rio, tenham dúvidas em optar por Costa.

Contudo, Rio é uma pessoa credível, não é estarola, não é populista, não é troca-tintas, não é ignorante para além da conta, não é gabarola, nem, em geral, incompetente. Portanto, poderá fazer uma oposição saudável à actual maioria e não envergonhará os eleitores laranjas. Penso, aliás, que poderá reorganizar o partido e dar-lhe alguma sustentabilidade, nomeadamente a nível ideológico, área em que aquele partido anda tão falho. Não será nunca brilhante pois não é um visonário e falta-lhe aquela bagagem ou apetência cultural que faz a diferença. Mas, diga-se em abono da verdade, que Rui Rio vira a página da mediocridade absoluta que se viveu durante a lamentável égide lapariana.

Quanto a Santana Lopes é o que se sabe. Gosta de andar nestes bailaricos armados, gosta de se fazer ora de menino-guerreiro ora de bebé-prematuro, ora de ensaiar a pose de senador. Em suma: não se enxerga. E lá irá continuar o seu percurso mudando de mulher, de ocupação profissional, de ideias, de ambições.

E se alguns acharão que isto foi uma derrota para Marcelo -- que apadrinhou a candidatura do que hoje saíu derrotado -- tenho para mim que talvez tenha sido, sim, uma derrota mas que foi, sobretudo, um alívio. Depois de ver o Flopes nos debates e de ter constatado que a idade apenas o tinha piorado, Marcelo devia estar a rogar a todos os santinhos para que os eleitores laranjas não cometessem o disparate de o pôr à frente do partido. Rui Rio é atilado e centrado demais para se derreter com os excessos de Marcelo e para ser a voz do dono mas, enfim, do mal o menos. Um maluco a dizer parvoíces ou a aventurar-se à maluca por terrenos que não domina, dizendo disparates a toda a hora, é tudo o que Marcelo dispensaria.

Portanto, chegou a hora de Rui Rio. E não duvido de que terá com ele o partido -- que depois de anos de desafecto, andará, certamente, carente de uma liderança racional -- e o discreto beneplácito de Marcelo.

Contudo, também para ser sincera, tenho que confessar: tenho uma certa pena pois Rui Rio não deve inspirar-me grandes galhofas enquanto que com o derrotado bebé-incubado o gozo estava garantido.

Assim, olha, vou esperar para ver.



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