Lá fomos comprar a motosserra. Quando a minha filha me ligou, já tarde, estávamos a jantar e contei-lhe o que tínhamos estado a fazer. Lembrou-se: 'Ah, sim, o presente de Natal do pai...'. Pois, mais ou menos.
Dois betinhos da cidade armados em camponeses mas sem terem sequer a sabedoria necessária para fazerem as perguntas certas. Explico. Não é fácil escolher: muita coisa específica a ter em consideração. O rapaz, super-eficiente, ia assinalando as diferenças entre os múltiplos modelos: tamanho da espada, larguras dos troncos, potência do motor, durabilidade, representação em Portugal, etc, etc. O meu marido, atento. Eu a ver, sobretudo, o preço. Quando pareceu ter aparecido o modelo onde convergiam várias vantagens, o meu marido resolveu tomar-lhe o peso. Como qualquer homem que se preze, manteve-a ao alto (refiro-me à motosserra) sem dar parte de fraco mas depois, como quem não quer a coisa, comentou: 'Eh pá, isto pesa...'. E aí, vai o rapaz e diz: 'Não é para pegar assim, ao alto, é para cortar no chão, apoiada'. Percebemos, então, que deveríamos ter começado por aí: a ideia é cortar troncos nas árvores, ramos. Eventualmente, depois parti-los às postas, já no chão. Mas primeiro há que separá-los das árvores. Então, o rapaz disse: 'Ah, então, não são dessas, são destas!'. E passou-lhe uma outra para as mãos. 'Ah, pois, esta sim', e manejou-a quase como se espadeirasse um inimigo voador. E pronto, escolhida. Claro que, depois, mil ensinamentos: a corrente, o botão para não sei o quê, o travão de segurança, as regras para o óleo, para o combustível, para sei lá o quê. Aí já eu tinha desligado. Tenho um lado muito délicatesse, muito demoiselle. Maquinarias destas não são comigo. Népias. Não fixo nada nem tenho um módico de intuição para perceber minimamente como funcionam as coisas.
Nessa altura, aproveitei para ir à procura de suplemento alimentar para as laranjeiras e acendalhas. Trouxémos depois outras coisas mas isso logo conto (e, se mostrável, mostro). E também um aquecedor pequenino para pormos na cozinha porque a casa é grande, aquece-se uma divisão e na outra ao lado já está um gelo, a cozinha tem chaminé, vem ar directamente de fora. Com o fresquinho que se avizinha, deve lá estar um ambiente siberiano. Temos um daqueles a gás mas para a cozinha, para estarmos lá só um bocado, será mais prático um daqueles rápidos, liga e desliga.
Depois de uma semana do catano com reuniões e maçadas, crises e agitações que pareciam imparáveis, chegar ao fim de semana com a perspectiva de o passarmos no campo, com trabalhos rurais pela frente, tempo de inverno, calorzinho junto à lareira ou à salamandra, é para mim como ver-me a caminho do nirvana.
Bem. E com isto, cheguei tarde a casa e na caixa de correio mails amigos para todos os gostos: piadas, coisas bonitas, o vídeo do clone do Marcelo que pode ser visto no post abaixo, um poema do Leitor LS que me fez lembrar de quando eu era miúda e... o Fire and Fury, de Michael Wolff. Já estive a folheá-lo, trezentas e tal páginas de Trump na White House, o livro de todas as polémicas, a loucura descrita com pormenor. Transcrevo um petit peu apenas para aguçar o apetite (e grazie mille ao E., pela inexcedível simpatia):
(...) Donald Trump’s marriage was perplexing to almost everybody around him—or it was, anyway, or those without private jets and many homes. He and Melania spent relatively little time together. They could go days at a time without contact, even when they were both in Trump Tower. Often she did not know where he was, or take much notice of that fact. Her husband moved between residences as he would move between rooms. Along with knowing little about his whereabouts, she knew little about his business, and took at best modest interest in it. An absentee father for his first four children, Trump was even more absent for his fifth, Barron, his son with Melania. Now on his third marriage, he told friends he thought he had finally perfected the art: live and let live—“Do your own thing.” He was a notorious womanizer, and during the campaign became possibly the world’s most famous masher.
While nobody would ever say Trump was sensitive when it came to women, he had many views about how to get along with them, including a theory he discussed with friends about how the more years between an older man and a younger woman, the less the younger woman took an older man’s cheating personally. Still, the notion that this was a marriage in name only was far from true. He spoke of Melania frequently when she wasn’t there. He admired her looks —often, awkwardly for her, in the presence of others. She was, he told people proudly and without irony, a “trophy wife.” And while he may not have quite shared his life with her, he gladly shared the spoils of it. “A happy wife is a happy life,” he said, echoing a popular rich-man truism. (...)
----------------------------------------------------------------
Para quem não esteja bem ao corrente:
Para quem não esteja bem ao corrente:
Na quinta-feira, Donald Trump tentou parar a publicação do livro através dos seus advogados. A editora, Henry Holt & Co., respondeu antecipando a publicação para esta sexta-feira, quatro dias antes do planeado.
O livro está neste momento em primeiro lugar na lista de livros mais vendidos na Amazon e esgotou em muitas da livrarias que o puseram à venda esta manhã. (...)
by Jeremy Nguyen
Michael Wolff teve acesso privilegiado aos bastidores do primeiro ano de Donald Trump como presidente dos EUA e faz uma série de revelações, incluindo que o republicano nunca acreditou que iria ganhar a corrida e que a sua equipa não acredita que ele seja capaz de desempenhar o cargo.
O livro também abriu um conflito entre Trump e o seu ex-conselheiro, Steven Bannon, devido a acusações que Bannon faz no livro. Entre outras criticas, Bannon descreve uma reunião entre o filho do presidente, Donald Trump Junior, responsáveis da campanha eleitoral do e "um grupo de advogados russos", realizado na Trump Tower em junho de 2016, como "um ato de traição" e "antipatriótica". (...)
......................................................
O curioso casal Melania e Donald Trump
Colbert fala do sumarento livro: POTUS cries (about) Wolff
____________________________
As fotografias dos cristais de gelo sobre paisagens enregeladas são da autoria de Cass Blair.
Lá em cima os 2cellos & Lang Lang interpretam Live And Let Die
...............................................................................
E agora, se ainda não viram, vão por mim: o gémeo separado à nascença do nosso Rei dos Afectos está já aqui abaixo.
....................................................................................................