Mas, se não faço balanços e se não me considero competente para fazer selecções do que de melhor e pior se passou no ano e, se não guardo apenas recordações boas deste ano que está a chegar ao fim, a verdade é que, apesar de tudo, tenho algumas coisas a dizer. Nada de extraordinário, claro. Insignificâncias.
Por exemplo, continuo a achar que viver é um privilégio e que não devemos fazer a desfeita de não desfrutar a vida o melhor possível. Também devo confessar que aprendi a aceitar um pouco melhor que a decadência pode ser uma parte natural da vida, a aceitar a naturalidade de, ao mesmo tempo que num quarto, o corpo de um homem, no seu leito, caminha inexoravelmente para a anulação da vida, na sala ao lado várias crianças riem e brincam rodeadas de adultos que as olham com alegria e agradecimento. Constatei -- e isso foi importante para mim -- a forma inteligente como as crianças brincam depois de terem aceitado com verdadeira sabedoria que alguém da família se foi.
Uns vão, outros chegam. Um permanente devir que tem qualquer coisa de mágico, de maravilhoso. Mesmo que, por vezes, triste, é quase sempre maravilhoso. De 2017 guardo todos os momentos em que a vida me marcou.
E, depois, há a beleza. Parte da minha vida dedico-a à procura da beleza. Diria que me alimento de beleza. Seja numa paisagem, no tronco de uma árvore, na erosão de uma pedra, no revolteio de uma onda, na quietude de um veleiro que cruza o rio, na delicadeza de uma flor, no sorriso de uma criança, numa pintura, nas cores imprevistas que afloram uma parede, numa música, numa sombra ou num golpe de luz, num voo de uma gaivota ou no de uma bailarina, num harmonioso e elegante cerzir de palavras, no canto de um pássaro ou de seres humanos, no suave curvar de uma montanha recortada no horizonte, num simples gesto. Para mim a beleza é fundamental e de 2017 guardo todos os momentos em que a beleza me tocou.
E depois há o humor. A irreverência, a insolência, a graça e a inteligência. A síntese perfeita de tudo isso consubstanciada no riso. Ou apenas no sorriso. O condimento da vida sem o qual não passo. A vida sem beleza e sem humor poderia ser muito maçadora. Procuro o humor. Sinto-me bem junto a quem me faz rir. Não tenho muita paciência para pessoas incapazes de me fazerem rir. 2017 trouxe-me bons momentos de risota. Festejo-os -- e desejo que nunca o sentido de humor me abandone.
E, depois, claro, o amor. A cola que me une àqueles que justificam a minha existência. Em 2017 como desde que me lembro de mim, o amor esteve presente na minha vida. Não há uma (uma única, quero eu dizer) forma de amor: há muitas. E tenho tido o privilégio de muito amar e de muito me sentir amada e de muitas maneiras. Não saberia viver sem isso. De 2017 guardo os gestos e as palavras de amor que para sempre ficarão guardadas no meu coração.
Por exemplo, continuo a achar que viver é um privilégio e que não devemos fazer a desfeita de não desfrutar a vida o melhor possível. Também devo confessar que aprendi a aceitar um pouco melhor que a decadência pode ser uma parte natural da vida, a aceitar a naturalidade de, ao mesmo tempo que num quarto, o corpo de um homem, no seu leito, caminha inexoravelmente para a anulação da vida, na sala ao lado várias crianças riem e brincam rodeadas de adultos que as olham com alegria e agradecimento. Constatei -- e isso foi importante para mim -- a forma inteligente como as crianças brincam depois de terem aceitado com verdadeira sabedoria que alguém da família se foi.
Uns vão, outros chegam. Um permanente devir que tem qualquer coisa de mágico, de maravilhoso. Mesmo que, por vezes, triste, é quase sempre maravilhoso. De 2017 guardo todos os momentos em que a vida me marcou.
E, depois, há a beleza. Parte da minha vida dedico-a à procura da beleza. Diria que me alimento de beleza. Seja numa paisagem, no tronco de uma árvore, na erosão de uma pedra, no revolteio de uma onda, na quietude de um veleiro que cruza o rio, na delicadeza de uma flor, no sorriso de uma criança, numa pintura, nas cores imprevistas que afloram uma parede, numa música, numa sombra ou num golpe de luz, num voo de uma gaivota ou no de uma bailarina, num harmonioso e elegante cerzir de palavras, no canto de um pássaro ou de seres humanos, no suave curvar de uma montanha recortada no horizonte, num simples gesto. Para mim a beleza é fundamental e de 2017 guardo todos os momentos em que a beleza me tocou.
E depois há o humor. A irreverência, a insolência, a graça e a inteligência. A síntese perfeita de tudo isso consubstanciada no riso. Ou apenas no sorriso. O condimento da vida sem o qual não passo. A vida sem beleza e sem humor poderia ser muito maçadora. Procuro o humor. Sinto-me bem junto a quem me faz rir. Não tenho muita paciência para pessoas incapazes de me fazerem rir. 2017 trouxe-me bons momentos de risota. Festejo-os -- e desejo que nunca o sentido de humor me abandone.
E, depois, claro, o amor. A cola que me une àqueles que justificam a minha existência. Em 2017 como desde que me lembro de mim, o amor esteve presente na minha vida. Não há uma (uma única, quero eu dizer) forma de amor: há muitas. E tenho tido o privilégio de muito amar e de muito me sentir amada e de muitas maneiras. Não saberia viver sem isso. De 2017 guardo os gestos e as palavras de amor que para sempre ficarão guardadas no meu coração.
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Todas as histórias em que a generosidade de alguns e o trabalho pela inclusão de todos, em especial daqueles a quem a vida de alguma forma desfavoreceu, me merecem atenção e carinho e é com muito gosto que me despeço de 2017 com cinco dessas histórias.
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A primeira, a segunda, a quinta e a última imagens são obras de Sofia Bonati
A criança é uma refugiada rohingya fotografada por Marko Djurica
O homem que contempla a natureza no Japão foi fotografado por Eugene Hoshiko
O homem-regador em função junto da mulher-flor representa o amor, o deixar o outro florescer, a necessidade de cuidados numa relação de amor e é da autoria de Wang Xingwe
Lá em cima Sabine Devieilhe e Marianne Crebassa interpretam Delibes no Duo des fleurs da ópera Lakmé
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E 2017 foi um ano bom para mim também por uma outra razão: o número de visitas a Um Jeito Manso continuou a aumentar e isso é, para mim, muito recompensador. Estar aqui a escrever e sentir que, do outro lado, está alguém que gosta de ler as minhas palavras deixa-me confortada, agradada. A todos quantos aqui me acompanham deixo o meu sentido agradecimento.
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Penso que ainda aqui voltarei antes que 2017 acabe mas, pelo sim, pelo não, vou já adiantando que a todos desejo que 2018 venha com saúde, sorte e alegria.
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