Como abaixo contei, este sábado foi dia de alta brincadeira e grande animação cá por casa. Como estava um calorão na rua, parte do dia foi passado dentro de casa.
Há um móvel grande na despensa, que nesta casa é um compartimento com uma dimensão incomum, que está cheio de brinquedos que eram dos meus filhos. Penso que até tem brinquedos que eram do meu marido (os meus devem estar no sótão da casa dos meus pais). Aquele meu móvel ali é uma autêntica arca do tesouro de onde saem brinquedos e jogos de toda a espécie e feitio que fazem as delícias dos pimentinhas. Quando comprámos esta casa, o anterior proprietário deixou cá alguns móveis. Na sala havia um enorme móvel escuro, daqueles que têm vários compartimentos, portas em baixo, estantes e bar e portas de vidro e sei lá que mais na parte de cima. De parede a parede. O meu marido, que detesta móveis escuros daquele género, era de opinião que se desse ou deitasse fora. Eu que sou aproveitadeira achei que ia mas era para a despensa que dava jeito para arrumações. E se deu...
Às tantas, o mais crescido lembrou-se e foi à estante dos livros infantis que está ao fundo do corredor e escolheu dois livros, um da Aventura e outro das Viagens no Tempo. Depois fomos pô-los a arejar, ao sol. Eram da mãe. Há anos que estão guardados. Descobriu o prazer da leitura e eu fico mesmo feliz.
Há um móvel grande na despensa, que nesta casa é um compartimento com uma dimensão incomum, que está cheio de brinquedos que eram dos meus filhos. Penso que até tem brinquedos que eram do meu marido (os meus devem estar no sótão da casa dos meus pais). Aquele meu móvel ali é uma autêntica arca do tesouro de onde saem brinquedos e jogos de toda a espécie e feitio que fazem as delícias dos pimentinhas. Quando comprámos esta casa, o anterior proprietário deixou cá alguns móveis. Na sala havia um enorme móvel escuro, daqueles que têm vários compartimentos, portas em baixo, estantes e bar e portas de vidro e sei lá que mais na parte de cima. De parede a parede. O meu marido, que detesta móveis escuros daquele género, era de opinião que se desse ou deitasse fora. Eu que sou aproveitadeira achei que ia mas era para a despensa que dava jeito para arrumações. E se deu...
Às tantas, o mais crescido lembrou-se e foi à estante dos livros infantis que está ao fundo do corredor e escolheu dois livros, um da Aventura e outro das Viagens no Tempo. Depois fomos pô-los a arejar, ao sol. Eram da mãe. Há anos que estão guardados. Descobriu o prazer da leitura e eu fico mesmo feliz.
A prima contou que, no caminho para cá, também leu um livro inteiro, um livro que a bisa lhe ofereceu quando esta semana lá foram visitá-los. Para a viagem de ida, tinha um outro. Também gosta muito de ler.
A mãe dele e o pai dela também começaram a ler livros quando eram pequenos e hoje, felizmente, têm uma biblioteca razoável e um gosto pela literatura que só pode ser boa influência para os filhos.
Os pimentinhas mais pequenos ainda não sabem ler mas espero que, logo que saibam, vão pelo mesmo caminho. Não há maior fonte de enriquecimento do que a leitura. São novos mundos que se abrem, é um prazer inesgotável.
E todos eles gostam de fotografar. O mais velho também gosta de realizar filmes. E o que era o mais novo antes do irmão nascer canta que é uma coisa extraordinária. Canta e interpreta. Canta ópera com uma atitude corporal que impressiona. E canta noutras línguas, especialmente em grego. Digo que é grego porque é o que me parece porque, para dizer a verdade, não conheço as línguas em que ele canta, quando está mais inspirado. E gosta de ter público e pede para o público interagir com ele. Nisto não sai nada ao pai que o pai nunca foi nada destas performances. Mas há uma coisa em que é igual ao paizinho. Quando o pai era pequeno, era maluco por seios femininos. Andava sempre a espreitar e a ver se mexia. Uma taradice. Uma vez na Gulbenkian, vi-o com ar malicioso a ir à socapa apalpar as mamas de uma estátua, um torso que estava à altura dele. Outra vez, ao passar numa montra de lingerie, a alegria dele a ver os soutiens nos manequins, o ar de raposia... Pois o filho é igual. Não há explicação. Vem dar-nos beijinhos, todo folgazão, e, mal uma pessoa se distrai, lá vem a mãozinha malandra pôr a mão onde não deve. A genética tem muita força. O outro primo, o que tem uma destreza física fantástica, gosta de efabular, uma imaginação e um facilidade em dar-nos a volta que só visto. Deste, já uma vez contei a mais emblemática mas, se me permitem, recordo-a de novo. Uma vez, quando ainda falava à bebé, disse-nos: 'Eu góto muto de patinos'. Ficámos espantados. Gostas? Mas gostas como? 'Góto de comê'. Ainda mais espantados. Mas já comeste? 'Já. Uma vez. E gotei muto'. E volta e meia aquilo: 'Eu goto muto de patinos' Eu dizia: Mas dito assim até parece que estás a falar dos patinhos do lago. E ele dizia: 'Ma não, goto é de patinos de comê'. Até que um dia resolvemos fazer-lhe uma surpresa. Fomos a um restaurante chinês e pedimos que nos colocassem uma dose de pato à Pequim numa embalagem. E lá fomos a casa. Temos uma surpresa para ti! E ele muito admirado. 'O que é?'. Ele e o irmão, 'O que é?'. Abrimos a embalagem: Patinho!. E então, para nossa surpresa, ele, ínfimo, dois ou três anos, nem sei, recuou quase enojado, 'Éia a bincá...'. Nós dois com cara de tacho. O quê!? Não gostas? E ele, ar infeliz, incomodado com a perspectiva, um esgar quase de náusea 'Não... éia a bincá...'. E logo o mano-velho, até envergonhado com a blague do irmão 'Ficas mal... vieram os avós trazer-te pato, de propósito... e agora não queres...?' E ele, recuado, aflito, não fossem obrigá-lo a comer: 'Nãããoooo... Não quéio comê patino...'. O meu marido: Sacana do puto que nos enganou bem enganados.
Embora ainda pouco saiba escrever, gosta de se sentar a escrever, letrinhas, páginas cheias de letrinhas. A minha mãe diz que, com o que ele gosta de criar histórias e o que gosta de escrever, ainda vai ser escritor. Quem sabe. Sairá à mãe que gosta tanto de escrever. É a tal genética.
O meu filho hoje disse que a filha tem um outro tique em que é igual a mim -- que ela, quando vai fazer um carinho a um dos irmãos, faz uma expressão igual à que eu faço, como que põe o queixo um bocado para fora, como se fosse atacar. Achei graça porque já reparei muitas vezes nisso, nela. Não sabia é que eu também fazia o mesmo. Agora o que sei é que não é para atacar. Ou melhor: é. Uma onda de ternura subleva-nos e temos que exteriorizar com beijos e abraços e tem que ser na hora porque é um instinto que não vai lá com sublimações metafísicas, tem que ser mesmo na base da exteriorização, muitas vezes até uma manifestação excessiva aos olhos dos mais moderados.
Ela hoje esteve a pintar. Enquanto o pai fazia o retrato da mulher estendida no sofá (a irmã disse que a figura tinha um ar um bocado amacacado e a modelo não se reviu, disse que mais parecia um rapaz -- não sabem que o que se faz não tem que ser uma réplica do que se vê e que o prazer está no fazer, não na obra feita), a little princesinha fazia o que disse ser o retrato da Madalena, uma amiga da escola. Tal como eu, também ela parece ser incapaz de usar cores suaves. A Madalena tinha a cara encarnada e toda ela era cores fortes sobre um fundo vibrante. Acho uma piada.
Gosto que gostem de pintar. De fotografar. De filmar. De cantar. De ler. De brincar. De rir.
A educação para a arte nasce com a ousadia de ver as coisas de uma outra forma, nasce com o contacto com a expressão livre do uso de diversos materiais e com a habituação às diferentes leituras do mundo, nasce com a alegria de viver e de ver a vida em todas as suas formas.
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E hoje está a dar-me para isto. Provavelmente é agradável para mim escrever sobre eles, amores da minha alma, mas não tem interesse nenhum para quem me lê. Por isso, na senda do post de baixo, volto a tentar compensar com um vídeo que acho bastante interessante. As obras são muito belas, o lugar onde Ali pinta é uma maravilha e a contenção com que se exprime parece revelar um grande domínio sobre o que se adivinha intenso.
Ali Banisadr's Impassioned Landscapes
Born in 1976 in Tehran, Ali Banisadr moved to America when he was a child. His works are influenced by his experiences as a refugee from the Iran-Iraq war and his approach to abstraction mixes memory, nostalgia and violence. He is best known for his large, lush, highly intricate paintings featuring fantastical landscapes reminiscent of stained glass. Ali experiences synaesthesia, a condition which shapes his perception of the world, and a dimension of his work.
His work can be seen in the Metropolitan Museum of Art in New York, the Museum der Moderna in Salzburg, the Museum of Contemporary Art in Los Angeles and the British Museum.
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E queiram continuar a descer, especialmente se precisarem de inspiração para o que fazer para o almoço.
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