A indústria têxtil é daquelas indústrias globais em que qualquer hipotética regulação bateria de frente com os diferentes níveis económicos ou culturais ou as diferentes formas de interpretar conceitos como consciência ambiental ou protecção social.
Não há comparação possível nem qualquer hipótese de nivelamento.
Visitei há uns anos uma fábrica têxtil em Espanha, fábrica essa creio que entretanto fechada, O caldo que corria no chão da fábrica era horrível. A espuma que fazia era nojenta. Aquilo a que chamavam bacias de retenção eram uns tanques com ar tenebroso. Dá ideia de que se alguém lá caísse de lá não sairia com vida. E isto foi há talvez uns quinze anos, não há oitenta, e em Espanha, com trabalhadores reivindicativos, sindicalizados, numa altura em que o ambiente e a saúde no trabalho eram já dados adquiridos. Imagine-se o que será nos confins da Índia.
Os belos tecidos indianos que nos chegam a tão bons preços como serão eles produzidos?
É isso que Rahul Jain nos mostra num documentário de que apenas vi o trailer mas que deve ser um violento murro no estômago para todos quantos assistam ao que lá se passa.
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1 comentário:
Vou procurar ver. No entanto, acho que esta questão é um pouco complicada. Se partilho da preocupação com a forma como estas roupas são feitas para terem preços tão baixos (recusando-me a compra-las) sabemos, também, que estas pessoas, apesar de trabalharem em condições que consideramos deploráveis, terão um poder de compra superior às restantes nestes países. Qual é a escolha mais correcta?
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