segunda-feira, abril 30, 2012

Ginjal com chocos e gaivotas, Chiado, Livraria Bertrand, Santa Catarina, o Elevador da Bica e Adamastor no miradouro, Belém com veleiros e gaivotas, Skapinakis no CCB em dia de música - ao som de Marta Dias e António Chainho; e ainda um poema dito de António Ramos Rosa


Música, por favor

Marta Dias com António Chainho interpreta Fadinho Simples


Quando eu era pequena gostava muito de andar no campo, de correr. Havia entre a casa da avó - onde ficava quando saía da escola e até chegar a hora de ir para casa dos meus pais - e a escola uma ladeira muito íngreme. O que eu gostava de vir desde lá de cima a correr...! Ganhava balanço, a velocidade ia aumentando e eu sentia que, se quisesse parar, não o conseguiria. Sentia que quase voava.

Ainda hoje tenho nos joelhos marcas das quedas que ali dei. 

Na parte de cima da casa dessa minha avó, havia campo, muitas árvores, montes, pedras. Era também para aí que eu gostava de ir brincar. Via os pássaros, adorava andar à procura de ninhos, para espreitar os ovos. Pouco parava dentro de casa. 

Também, por essa altura, perto da casa dos meus pais havia campo. Agora já pouco há, quase só casas. Mas na altura havia largueza, um ar muito puro, e era também à solta que eu mais gostava de andar.

Quando comecei a namorar, novinha, dava grandes passeios com o meu namorado. Jardins, beira mar e, também, livrarias. Mais tarde, por alturas da faculdade, assim me mantive, jardins, parques, praia, beira-rio  e, por essa altura, para além de livrarias, também museus.

Ainda hoje sou assim. Por força das circunstâncias obrigada a trabalhar, fechada, em ambiente de escritório, logo que posso é a andar ao ar livre, a passear, a calcorrear livrarias e museus que eu me sinto melhor.

Temo maçar-vos com a descrição recorrente destes meus passeios mas, gostando tanto de os fazer, gosto também de partilhar convosco este gosto.

Por isso, com as minhas antecipadas desculpas pelo déjà vu, aqui vos dou conta do dia de hoje, um dia que, para mim, foi uma maravilha.

Eu, caminhante, qual ave em terra, lá fui. E, claro, vocês já me conhecem, lá fui fotografando tudo.




Comecei, claro, pela beira do rio.



Hoje as gaivotas voavam alto, muito alto, voos largos, uma fantástica dança aérea.

Gosto de fotografar os pescadores. São pessoas que se encontram envoltas em azul, no meio de vastos horizontes, no meio da beleza, numa tranquilidade expectante. Quando são em sucedidos nas suas pescarias, sinto que gostam que eu registe o fruto do seu sucesso.

Hoje um apanhou um belo choco.



Colocou-o no chão, creio que de propósito para eu o fotografar. Reluzente, o choco agitava-se na calçada. Vejo agora na fotografia que até ficou com uma pena de gaivota presa na viscosidade da sua pele. E um belo cheiro a maresia sempre presente.

De tarde, depois de almoço na zona do Chiado, novo passeio.



Início no Largo do S. Carlos, junto à estátua de Fernando Pessoa, não a da Brasileira mas esta, de um Pessoa com um livro no lugar da cabeça.

A seguir, visita a um local de recordações, a Bertrand do Chiado, uma livraria linda, em que se vai de sala em sala e dentro da qual tanto tempo passei, tantos livros comprei.



Quando eu andava na faculdade e havia os saldos da Bertrand eu gastava todo o dinheiro que tinha e não tinha, era uma perdição.

Junto ao Teatro São Luíz, carrinhas das estações de televisão e muitas pessoas, algumas conhecidas, que iam recordar a pessoa feliz e boa que era Miguel Portas. Vi agora na televisão que foi um ambiente de ternura que, de forma muito digna e tocante, envolveu a sua memória. Os seus pais sentiram, certamente, muito orgulho no filho que ficará para sempre no coração de toda a gente; e os filhos, tão bonitos, meiguinhos, sentiram também, com certeza, que o seu pai foi um homem muito especial.

A seguir o passeio dirigiu-se a um dos vários miradouros da cidade, desta vez a Sta. Catarina.



Um local belíssimo, cheio de tradição, mas no qual encontrei uma frequência algo duvidosa. Não é que eu as receie mas uma excessiva profusão de rastas, cerveja a litro, cigarros e cheiros algo suspeitos tornam o local muito pouco ecológico.



Mas, enfim, bonito na mesma, o Adamastor imponente a desafiar todas as rastas deste mundo.

A seguir, de novo em direcção ao rio. Àquela hora da tarde, o rio estava platinado, brilhante, de uma beleza quase insuperável.


Naquelas gradações de prata brilhante do Tejo, os veleiros ficavam quase abstractos contra a luz. E as gaivotas sempre presentes, sempre belíssimas.

A nossa ideia era ir ver a World Press Photo no Museu da Electricidade mas a grande fila cá fora dissuadiu-nos, pelo que nos pusemos a caminho do Centro Cultural de Belém. Em dia de festa da música, uma numerosa multidão animava o espaço. Aliás, desde o restaurante até ao Chiado, à beira do rio e ao CCB a presença de turistas era assinalável. 



Acabámos por ir ver a BES Photo 2012 e a retrospectiva 'Nikias Skapinakis, presente e passado, 2012-1950' ao Museu Berardo.

Na altura havia jazz no ar, vindo de um concerto que devia decorrer num pavilhão pois o som era bem audível, uma maravilha.

Muito mais gente do que é costume, na maior parte estrangeiros. Não interessa. O que interessa é que hoje encontrei um museu vivo, com gente a falar ou a ver em silêncio, a fotografar, a rir com algumas peças - ou seja, um museu como os museus devem ser, um local onde é bom estar.

Destaco em especial a exposição de Skapinakis. Muito completa, muito apelativa, um gosto.



Novos, velhos, crianças, toda a gente apreciava com alegria a imaginação fértil, o sentido de humor e o equilíbrio da obra de Skapinakis.




Termino porque vocês, meus queridos Leitores, já devem estar maçados com estes meus passeios na cidade. Mas eu gosto tanto de me deleitar com a beleza natural que nos rodeia e com as diversas manifestações da arte que fico a sentir-me quase na obrigação de vos dar testemunho da alegria e prazer que é percorrer estes caminhos.

Já agora: não custa dinheiro. A entrada no Museu Berardo é gratuita; a rua, os miradouros, o rio, as gaivotas, os veleiros, também o são... (e não me alongo não vá o Gaspar ter alguma ideia infeliz). 

*

Ouçam, agora, por favor, um poema de António Ramos Rosa


*

[Já agora, antes de me ir: não querem dar uma espreitadela lá ao meu Ginjal e Lisboa? Hoje temos palavras em volta de um belo poema de Maria do Rosário Pedreira. E esta semana continuamos com a grande música e as grandes vozes: Puccini. Serão muito bem vindos por aquelas minhas bandas.]

*

E tenham, meus Caros Leitores, uma bela semana a começar por esta segunda feira. 

E sejam muito felizes, está bem?

13 comentários:

Maria disse...

Amiga:
Ouvindo o Chainho, fui lendo e lembrando.
A rua que me levava de casa ao colégio, era uma rampa inclinada. No inverno, de manhã estava coberta de uma fina camada de gelo, que parecia vidro. Nesse tempo, eu usava botas de carneira, com solas grossas e protectores. O meu divertimento, era escorregar rampa abaixo. Ás vezes chegava ao colégio, outras ao chão. Cheguei a ter o rabo negro, dessa patinagem, pouco artística.
Quando tive o 1º namorado, o rio era outro. O Douro barrento, sulcado de rabelos, a foz do mesmo rio, onde o mar batia sem descanso.
Terminado o namoro, terminaram os passeios. Outros tempos, outras vidas. O meu namoro curtinho, com o meu marido, foi todo nas arribas do mar de Cascais, azul, lindo, com um delicioso cheiro a maresia e a pinhais.
Passeios por Lisboa, esses, eram com a minha prima, minha melhor amiga, já desaparecida. Saltos de agulha altíssimos, saia curta, cabelos ao vento, subíamos e descíamos o Chiado, passávamos horas na Bertrand, íamos ao chá da Bénard, fazíamos alguma coisa que a avó ou a tia, tinham pedido.
Aquecíamos as mãos com pacotes de castanhas, tapávamos o rosto, com um raminho de violetas.
Duas gaivotas, soltas em Lisboa, sonhando com Paris.
Nunca tive a mania da fotografia e tenho pena.
Gostava de fotografar os meus patinhos, os canitos da rua, figuras humanas que me impressionam, uma flor.
Não lhe pergunto porquê mais gaivotas. Porque por dentro, sente-se gaivota. Eu também.
Quanto à homenagem ao Miguel Portas, o bocado que vi, foi emocionante.
Nunca pensei, que o Paulo me fizesse chorar. Fez. Chorei com ele, chorei a dor dele. O filho do Miguel, emocionou-me. Tão terno, tão protector do irmão mais novo e frágil.
E vi a Helena, essa Mãe Coragem.
Deus queira que mantenha as forças.
E pronto, amiga.
Os meus passeios continuam, os problemas também.
Tudo se irá resolvendo aos poucos.
Não sou mulher de entregar as armas. Não posso ser.
Beijinhos
Mary

A Matéria dos Livros disse...

Hoje passeei por Lisboa com as suas palavras e as fotografias. Tem razão, que belos passeios se podem dar sem gastar um tostão (digo, cêntimo).
Ainda ontem uma amiga me dizia como visitou os vários museus da cidade ao domingo de manhã, gratuitamente e sem aborrecimentos ou gastos de estacionamento.

Óptimas sugestões.

Boa semana

Um Jeito Manso disse...

Grande Mary!

Gosto de a ver animada e forte. Ultrapassando as dificuldades com ânimo forte e com lembranças que dão gosto ouvir.

Gostava de a ver na altura do Chiado, de passeio, âs compras, toda gira com a sua prima. Tanto que eu andei na zona do Chiado, tanto. E, Mary, também comprava roupas nos Porfírios?

Comprei lá tanta coisa. Aquilo tinha umas escadas para baixo e uma música altíssima e eu achava aquilo o máximo.

Eu que gosto tanto de andar fartei-me de descer desde lã de cima até â Rua do Alecrim, gostava de ir ver as Louças de Sant'Ana.

Nessas alturas eu também não fotografava até porque era com rolo que era caro e tinha que se revelar e eu, nessas alturas, tinha os tostões contados e esticava o que podia para gastar em livros (e nos Porfírios...)

Quanto à Helena, só uma mulher de fibra tem a presença e a força para aguentar um embate destes e seguir em frente. Fiquei a admirá-la ainda mais. Penso que o carinho que a rodeou deve ter ajudado. Mas não sei. Nestas coisas não sei nada, vou-me muito abaixo. Mas com o tempo vou aprendendo a encarar as coisas com mais naturalidade, acho eu. Mas um filho... é que nem quero imaginar um desgosto assim, tão avassalador. Corajosa Helena, uma grande Mulher. Mas, sabe Mary, como mãe e avõ, ela deve sentir que tem que amparar os meninos que estão cá.

Um beijinho Mary e bons passeios junto aos seus patinhos,

Um Jeito Manso disse...

Olá Leitora de A Matéria dos Livros,

Lisboa é uma cidade linda, múltipla, com vários pólos de interesse. E eu que me encnto com tudo, ponho-me a passear de máquina ao peito, ténis, jeans, e já me sinto uma turista acidental, sempre a descobrir pormenores que nunca antes tinha visto.

Passa-se um dia ou um meio dia num abrir e fechar de olhos e, no fim, estamos (des)cansados, tranquilos, na boa.

E pode andar-se nisto sem gastar praticamente dinheiro.

Já vi que também foi à Gulbenkian ver o Fernando Pessoa. É uma exposição que dã gosto ver, bem concebida, apelativa.

Bom 1º de Maio, Leitora!

dbo disse...

Cara UJM, este seu adorno litero-musical, deixou-me embevecido e perdido, eu próprio, em lembranças da minha infância numa aldeia, não transmontana, como julgou, mas bem duriense, quase minhota. Muitos campos, muito gado, muitas bouças e pedregulhos, muita passarada ( e fisgas para lhes atirar pedras). A música dos riachos, os gritos da minha mãe que me chamava...enfim, um mundo rural, onírico, pleno de lirismo, sem mácula.
Ainda bem que me fez recordar uma infância alegre, mas dura, com trabalho que hoje seria exploração infantil, pois posso gabar-me que fui um verdadeiro pé-descalço-
Gostei do post, felicidades.

Anónimo disse...

Cara UJM:
Direi melhor cara: “espalha felicidade”, que nos surpreende e alegra com a luz do azul do céu, de uma primavera que se imagina esplendorosa, com o colorido da cidade e a fantasia divertida da livraria, seguida da visão do amarelo da carris e o assombrado adamastor a olhar o brilho prateado do Tejo com veleiro escoltado. E depois de tanta natureza, o museu!
Belos instantes, belo passeiam que tornam os dias mais felizes.

Tenha uma boa noite
abraço da
Leanor formosa e segura

Um Jeito Manso disse...

Caríssimo DBO,

Agora foi o meu Caro que me fez ir lá bem dentro da minha memória.

Quando estava em minha casa (com os meus pais) e andava pela rua até ser tarde (os dias eram grandes no verão) e andava com os meus amigos (um dos quais digníssimo ex-ministro, imagine-se), ouvia o meu pai a assobiar. Já sabia que a minha mãe me deveria ter chamado e eu não tinha ouvido. Então, pelo assobio, eu sabia que já não era a primeira chamada.

E quando contei aquilo dos passarinhos, não contei tudo... Um dos meus amigos e, mais tarde, um dos meus primos, andavam à fisga e eu achava tudo normal, ouvir os passarinhos, andar a ver onde tinham feito o ninho ou um deles apanhar um passarinho. E apanhava com eles formigas com asas e armava ratoeiras e escolhia sítios que achava que eram bons para as deixar e, mais tarde, fazíamos a ronda (quem me esteja a ler, sendo pessoa da cidade, deve achar isto uma coisa do além mas, na altura, tudo isto era encarado como normal - eu própria agora seria incapaz de tal; mas enfim, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades).

E gostava de andar a correr com eles. A minha avó chamava-te cabrita dos montes. Eu tinha o cabelo comprido, às vezes com tranças, e lembro-me de sentir o cabelo ou as tranças.

Uma parte fantástica da minha infância, pelo menos a que recordo com maior carinho, foi passada pelos campos. E abrigada da chuva, ou a beber água num regato que tinha água limpa de uma nascente.

Se calhar por isso é que gosto tanto da natureza.

Fiquei muito contente de saber que também andava pelos campos, rapaz do campo, a trabalhar (o que era naturalíssimo), a colaborar com os mais velhos. E que gostava de sentir o ar puro e de ouvir a água a saltar em cima das pedras.

Sabe que mais...? Essas coisas já ninguém nos tira...!

Obrigada por ter levado, também a mim, a andar pelos campos da minha infância.

Um Jeito Manso disse...

Olá Leanor, formosa e segura,

Gostei tanto de ler o que escreveu. Eu escrevo torrencialmente. Quando começo, tento não me alongar, penso sempre que vos maço. Mas agora vejo a sua síntese e penso com uma certa inveja (inveja no bom sentido): quem me dera ter esta capacidade de síntese...

Mas quando passeio e me delicio e tiro fotografias e, depois, chego a casa e as vejo, dá-me vontade de vos 'levar' comigo. É capaz de ser uma boa para quando, daqui por uns anos, eu me reformar... organizar passeios pedestres que sejam um misto de caminhada pela natureza, passeio pela cidade e, depois, visitas culturais. A seguir um belo almocinho ou jantarinho. Que tal...? Ideias não me faltam. Vamos lá a ver é se, quando chegar a vez de me reformar, não aumentaram já a idade para os 85 ou 85 anos...

Acho que para esta sociedade também a convidava, Leanor, que já deu umas belas ideias (que daqui por uns dias devem ir ser já postas em prática...).

Obrigada e um belo dia 1º de maio!

Anónimo disse...

Cara UJM:
Também eu fui menina criada no campo entre a dureza das fragas, a amplidão dos montes, a mansidão dos rios e ribeiros, numa largueza de horizontes que trago na lembrança. E sinto ainda, a voz do meu avô na soleira da porta, nas tardes calmas depois da sesta, a contar-me histórias de ninhos e cavalinhos. O cheiro a café que rescendia da lareira nas manhãs de sementeira. A serenidade doirada dos dias de ceifa. A violência do sol abrasador a queimar na eira. A alegria galhofeira vivida nas vindimas entre homens e mulheres ébrios de canseira.
E que o 1.º de Maio seja um verdadeiro hino de alegria ao trabalhador.
E tenha dias felizes
Leanor formosa e segura

Um Jeito Manso disse...

Leanor, formosa, segura e menina das fragas,

Não tem nenhum blogue, Leanor? Não escreve? Gosto tanto de ler o que escreve, usa as palavras de forma que nos transmite tão bem as sensações...!

Fiquei intrigada com o cheiro a café mas estava a referir-se a cevada, não é?

Uma vez, penso que em casa de uma tia que morava numa aldeia, lembro-me de as mulheres e os homens estarem numa divisão da casa, sentados no chão, na conversa e maior risota, a debulhar o milho para depois encherem um colchão. Lembro-me muito bem disso e de um pó fininho que estava no ar (mas ninguém devia sofrer de alergias...) e daquele ambiente tão campestre e tão puro.

E, ao ler o que escreveu, também me lembrei o meu avô. Um dia a ver se falo nele. Tinha andado por Espanha e por França quando era novo, tinha gostado muito de França e ensinava-me palavras em francês. Eu adorava ouvi-lo a contar a sua vida nessa altura.

Boas lembranças, não é?

Um abraço, Leanor e obrigada pelas suas palavras.

Isabel disse...

Que lindo post. Adorei as suas fotos. Apetece entrar na Bertrand. Também tenho esse vício dos livros.Gasto neles todo o dinheiro possível. Deixo de comprar outras coisas para comprar livros. Enfim...

No sábado também andei por Lisboa, mas infelizmente foi de carro. Mas tirei muitas fotos. Algumas sairam bem.
O que invejo de quem mora em Lisboa é a possibilidade desses passeios, onde há sempre muita oferta cultural.

Um abraço

Um Jeito Manso disse...

Olá Isabel,

Já lá estive no Palavras daqui e dali e gostei imenso de ver a sua reportagem. Que bom que conseguiu ir à exposição do Pessoa.

Tem razão. Quando se tem a possibilidade de usufruir de tanta oferta cultural, às vezes nem nos apercebemos de que há tantos lugares em que ela é escassa.

Mas, pelo menos, temos a net para podermos ir divulgando.

Quanto aos livros é, de facto, para mim uma paixão. Gosto de estar rodeada por eles.

Um beijinho, Isabel.

Anónimo disse...

Cara UJM:
Mentia se dissesse que não gostei de ser embalada pelas suas palavras de aprovação e estímulo, mas não me reconheço a capacidade que me diz ter. Tenho sim, muitas muitas dúvidas sobre o que escrevo, mas gosto de o fazer … não tenho nenhum blog, acho que não tenho temas, nem preseverança. Comecei a escrever motivada pelo seu blog, porque gostei e gosto do que escreve (já o afirmei), porque responde sempre aos comentários e para fugir às rotinas do trabalho que me obrigam a outras escritas. Tento ser sintética e breve, o que nem sempre acontece, como agora, por isso as minhas desculpas.
Primeira e única neta durante muitos anos, passei a minha primeira infância entre a casa dos pais e a dos avós maternos, onde também viviam tios e tias que tiveram a virtude de me doirar a meninice. E é da casa dos avós, agricultores, que tenho as boas e saborosas recordações. A vida, nessa altura, cumpria-se de acordo com os ciclos da natureza e a azáfama tranquila dos trabalhos de uma casa de lavrador. Hoje colho os frutos.
Uma das sensações que perduram é o cheiro a café(para mim seria café, mas claro que era cevada) que aminha avó, uma grande matriarca, fazia na enorme lareira da cozinha. Era pelas sementeiras, (outubro, novembro) que se acendiam as primeiras fogueiras, e, onde a partir daí se iria cozinhar até abril.
E, se a infância não se repete, adoça a vida reavivá-la na lembrança!
E tenha dias felizes
abraço da
Leanor formosa e segura