domingo, janeiro 23, 2011

O (des)equilíbrio, a longa entrevista de Pedro Mexia à Alice, a casa de David Mourão-Ferreira, "toda a glória do mundo não vale uma noite de amor" (Eugénio de Andrade) e um vídeo de 3 jovens que vale a pena ver - e daqui a nada, apesar de não nos revermos em nenhum, talvez devamos ir votar

Nós temos cinco sentidos:

são dois pares e meio de asas.

- Como quereis o equilíbrio?


A poucas horas de se iniciar o período de votação e não querendo pensar na triste campanha para as presidenciais, lembrei-me deste pequeno poema de David Mourão-Ferreira.

Hoje estive a ver um livro que tenho cá em casa há bastante tempo, Casas d'Escritas (Paula de Oliveira Ribeiro com fotografia de João Francisco Vilhena). Nisto sou como o "pessimista romântico" Pedro Mexia (tal como ele refere na loooooonga e interessante entrevista à Alice): tenho o gostinho voyeur de querer saber como é a casa dos escritores ou pintores (e também de lhes conhecer os hábitos, os gostos, os pensamentos).

A casa de David Mourão-Ferreira era requintada, condizia muito bem com ele, com a sua voz quente e sedutora, com a riqueza da sua escrita. Um homem de família e, simultaneamente, um conquistador. A sua vivência multifacetada espelha-se na sua prosa e na sua poesia.

Havia um programa de televisão em que declamava poesia (ou ele ou outras pessoas) e em que convidava escritores. (Havia também um outro programa com o Fernando Assis Pacheco). Não sei qual deles fez um programa com Eugénio de Andrade. Lembro-me que lhe perguntavam como se sentia por ter a sua poesia traduzida em tantas línguas, por ser tão conhecido. Eugénio respondeu parafraseando um outro escritor: "Toda a glória do mundo não vale uma noite de amor". Nunca mais me esqueci.

Casa de David Mourão-Ferreira

Lembrei-me de procurar no YouTube o que há de David Mourão-Ferreira e dei com este vídeo que me tocou. É um trabalho escolar da disciplina de Português, não sei de que ano, da Escola Secundária D. Filipa de Lencastre. Os alunos autores são a Beatriz Chaveiro, a Joana Vaz e o Tomás Silva.

O texto que o acompanha reza assim:

"Trabalho proposto pela nossa professora de Português, Isabel Pinheiro. A ideia era analisar um poema e interpretá-lo com a ajuda de um vídeo, teatro, música, etc.

A nossa idea para este projecto era mostrar um lado bom da sociedade, como aquele que todos desejamos. E depois mostrar o lado mau da humanidade, derivado do nosso desiquilibrio.

Pensámos nisto e associámos a vária disciplinas. Pensamos na maneira de ver a vida através do 5 sentidos apenas (Empirismo) como insuficiente para a Vida. vendo apenas os factos estamos em desiquilibrio.

Tal como os iões, temos de pegar em mais um sentido para nos tornarmos equilibrados. Precisamos de mais um sentido. O 6º sentido é tão simples quanto o sorriso de uma rapariga. Para muitos é Deus, para outros é o Amor, para outros é a Natureza. Para mim, são as pessoas."

Vejam o filme. É o trabalho de três jovens sobre o pequeno poema de David Mourão-Ferreira. Gostei muito. Talvez haja esperança para este País.


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