Em minha defesa tenho a dizer que foi outro dia produtivo.
Tenho trabalhado no duro.
Tenho o meu espaço lá em cima, o espaço iluminado e tranquilo com que sonhei durante anos. A mesa ampla que imaginava é afinal a grande secretária que era da minha filha no seu quarto de adolescente. Enquadra-se lindamente e permite-me a largueza de que, sei lá porquê, preciso.
Interrompo para ir caminhar ou cozinhar ou, de vez em quando, se estiver calor e sol, para me sentar um pouco no terraço que agora está uma graça, com as buganvílias gloriosamente floridas.
Tirando isso, estou focada, entregue àquilo que agora me mobiliza.
Estou agora prestes a entrar na parte mais dura que é a de descobrir como entrar na selva editorial. Veremos.
Tento não ficar em carência pois sei que nos outros dias compensarei.
Há ainda a boa notícia de que as nêsperas estão a ficar doces.
E estou com imensa vontade de me pôr também a pintar e, quem sabe, de tentar também ver se o que pinto é vendável.
Como disse há algum tempo, tenho é que me organizar, gerir prioridades, ver se não fico como antes, sem tempo para nada...
É que, se bem começo a perceber, é uma maravilha não ter horários, não ter compromissos, não ter que prestar contas, não ter que resolver mil problemas por dia.
Revejo-me muito no estilo de vida de Haidee Becker (cujas pinturas ilustram este post), de gostar das coisas simples, de gostar de ter tempo para descansar, para ler, para brincar com o cão. E também gosta de coisas velhas, coisas já usadas por outras pessoas.
Mas não só as casas. Também os objectos.
Por exemplo, quando os anteriores proprietários estavam com dificuldade em arranjar quem lhes removesse os candeeiros e, não vendo como usá-los na casa nova, disse-lhes que, por mim, não tinha problema. Utilizei-os quase todos. Gosto tanto ou mais deles do que se tivessem sido comprados por mim.
Até parte dos cortinados aproveitei. Eu não teria escolhido melhor. Ou alguns vasos com plantas enormes e lindas. Pensar que têm dezenas de anos, que já conheceram outra família, uma família grande com muitos jovens, muitas crianças, vários cães, e que agora vivem connosco, enternece-me.
Artista Haidee Becker pinta uma imagem da boa vida no seu estúdio caseiro no norte de Londres
Embora a pintora possa ter deixado a Itália há cerca de 50 anos, o espírito de 'la dolce vita' continua a ser a luz que a guia. Nascida na Califórnia, Haidee mudou-se para Roma ainda criança, onde viveu até ao final da adolescência. Aqueles anos na Cidade Eterna teriam um efeito duradouro nas naturezas-mortas de Haidee que faz a partir de coisas quotidianas, observadas com um sentimento palpável de admiração. Quando visitámos a sua casa e estúdio, uma casa vitoriana em Newington Green que ela divide com o seu cachorro, Heidi também nos falou sobre como a comida – seja um delicioso chocolate ou saladas verdes frescas – é parte integrante da arte de viver bem.
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Desejo-vos um dia bom
Saúde. Motivação. Paz.
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