quinta-feira, fevereiro 23, 2023

Conversas e desconversas

 


Vou descobrindo todo um mundo do qual sempre passei ao lado.

Contudo sei bem que as descobertas a que me refiro não são apenas insignificantes, são também modestas. Parece que o mundo agora existe é no instagram ou no facebook e eu continuo a querer manter-me à margem. Portanto, a realidade de que vou tomando conhecimento é uma ínfima pontinha de um imenso iceberg que se desloca em volta dos seres vivos, mostrando-se apenas aos aderentes.

Também não frequento o TikTok ou o Twitter. Por muito aliciante que seja saber tudo a toda a hora, ver vídeos divertidos, coreografias hilariantes, tutoriais altamente instrutivos, fotografias e stories sobre toda a gente, prefiro estar fora. O tempo já não me chega para o que quero, faria se estivesse sempre a ver o que os algoritmos me quisessem dar a comer. Não, dessa papa não manjo eu.

Continuo a manter o hábito de apenas à noite me permitir o deslize de espreitar algumas das novidades do dia. 

[Sobre o bandido do Putin continuo a desejar que os próprios russos resolvam o problema. Terem um assassino, um psicopata, um mentiroso cruel à frente de um país é pesadelo e sofrimento que não se deseja a ninguém.

Louvo, mil, mil, mil vezes louvo, a bravura dos ucranianos que, com a vida, defendem a liberdade e o direito a serem um país independente. Com o seu sacrifício defendem toda a Europa e nunca lhes agradeceremos o suficiente. Lamento que não façam parte da Nato pois, se fizessem, o patife não teria ousado invadi-los.

E acho vergonhoso e miserável (e meço as palavras que uso) a reacção do PCP sobre a vontade de Marcelo agraciar Zelensky com a Ordem da Liberdade. 

Por muito que o PCP faça ou venha a fazer a bem dos portugueses (e cada vez os vejo a fazer menos, já não passam de uma franja muito marginal da sociedade), nada apagará a sua torpe posição sobre a invasão e sobre a guerra desencadeada por Putin. 

Não é razoável que continuem a desculpabilizar a Rússia nem é aceitável que, fingindo-se de pacifistas, defendam a rendição da Ucrânia. 

Sinto-me agoniada de cada vez que ouço o que o PCP diz sobre esta hedionda guerra e não consigo compreender a hipocrisia, a cegueira, a estupidez que revelam. Embora finjam criticar a Rússia, a verdade é que colam a sua posição e os seus argumentos aos do Putin, esse assassino para o qual não pode haver perdão.

Mas custa-me tanto o que está a acontecer e tudo o que o rodeia que não quero conversar sobre isso. Prefiro sugerir-vos que leiam, por exemplo, "a paZ! a paZ! a paZ!" segundo Der Terrorist]

Por isso, depois de tentar informar-me, desvio-me, vou distrair-me, vou ver coisas leves, levezinhas. Perdoem-me, pois, a desconversa que se segue]

Uma das coisas que gosto de ver é como algumas mulheres do mundo do cinema ou da moda cuidam da sua pele. E fico sempre espantada. Por exemplo, pensava eu que a Julianne Moore seria uma 'cara lavada'. 

Até há pouco tempo eu julgava que tinha cuidado com a minha pele. De manhã, lavo a cara e ponho um creme adequado à minha condição: agora aplico um creme que supostamente é para peles maduras. Não ponho esse à volta dos olhos. Nessa zona ponho um creme específico para a pele em volta dos olhos. Faço-o pois não me faz arder os olhos. E mais nada. Julgava eu que isso era cuidar da pele. Mais: se vou passear para a praia nestes dias de frio ou se vou caminhar à noite e está vento, ponho creme nívea (daquele creme branco que está na caixa azul). Sinto-me bem, sinto a pele fresca e hidratada.

Depois, ponho uma sombra suave nas pálpebras superiores e, agora que já não tenho que me disfarçar de executiva, apenas de vez em quando um tonzinho nos lábios. E, se achar que estou descolorida demais, passo o baton ao de leve nas maçãs do rosto e esbato com os dedos. E está a festa feita.

Mas, quando vejo o que a Julianne Moore põe, fico de boca aberta. E fico sem perceber como é que a pele absorve aquilo tudo. E como é que aquilo não reage tudo entre si, deixando-lhe a cara a arder. E como é que ela tem paciência para ali estar a pôr camada sobre camada sobre camada sobre camada. 

E fico a pensar: será que isso é o correcto? Deveria eu começar a ter mais cuidado com a minha pele? 

Li também que cada vez mais pessoas fazem tratamentos de rádio-frequência, que têm um fantástico efeito no combate às rugas. E fico a sentir-me uma estético-excluída. Não sei o que é, não sei se é coisa que se faça em casa ou se tem que se ir a uma clínica ou coisa do género. 

É todo um mundo que desconheço. E essa é que é essa.

Julianne Moore | Beauty Secrets | Vogue


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Desejo-vos um dia bom
Saúde. Bem estar. Paz.

2 comentários:

ccastanho disse...

Cara UJM

Quem, na puberdade, não teve desencontros destes?! E não idolatrou professoras como musas do reino...

https://www.youtube.com/watch?v=W-YD2Y8ojYE

Um Jeito Manso disse...

Olá Ccastanho,

A música é linda (creio que todas as músicas de Ennio Morricone o são) e esse filme é uma ternura.

Gostei. Sabe-me bem ver e ouvir. Muito obrigada.

Uma boa sexta-feira!