Pois muito bem, sim senhores. Agora que já partilhei convosco a forma correcta de uma mulher se perfumar, a qual inclui a ultilização de um esbelto aplicador humano, posso passar para assuntos mais sérios.
Por exemplo.
Hoje fui confirmar se já tinha jogado o euromilhões e tão desejando que ando que voltei a jogar no totoloto. Imagine-se. O ponto a que desço quando quero deveras uma coisa. Só falta mesmo humilhar-me numa estação de serviço, pedindo, entredentes, uma raspadinha.
Mas é por nobres motivos. Juro. Se soubessem a ideia que anda aqui a roer-me a consciência. Uma loucura. Só que eu até tremo quando tenho vontade de loucuras.
Mas de coisas secretas eu não falo aqui.
Mas é por nobres motivos. Juro. Se soubessem a ideia que anda aqui a roer-me a consciência. Uma loucura. Só que eu até tremo quando tenho vontade de loucuras.
Mas de coisas secretas eu não falo aqui.
Na volta, quem aqui me lê acha que me conhece muito bem. Conhece, conhece... Não quero desiludir ninguém mas a verdade é que nem pouco mais ou menos O que eu faço durante a maior parte do meu tempo útil nunca falo aqui. Isto só para dar um exemplo. E, no entanto, aquela lá de que nunca aqui viram um lampejo que fosse sou também eu.
E as coisas sigilosíssimas que me ocorrem? Zero. Nunca falo delas. São coisas cá muito minhas. Muitas nunca vêem a luz do dia. Outras vêem mas são inconfessáveis.
E há aquelas ideias peregrinas, sonhos aventureiros, loucos. Se algum dia os concretizar pode ser que conte. Mas, ainda assim, duvido. Aqui é apenas uma camada da minha realidade e nem sei definir qual. A mais profunda? A mais superficial? Não faço ideia.
E a minha vocação secreta à qual talvez um dia me dedique? Ui. Nunca aqui falei dela. Falei, sim, que a tenho. A seguir a ter escrito os meus filhos fizeram-me um interrogatório cerrado. E eu moita. Outra eu que, a existir, terá outra identidade.
Coisas assim.
As senhoras que, nos outros dias, me vasculharam a alma perguntaram-me: 'Outras identidades? Duplicidade?'. Expliquei: 'Não. Multiplicidades. Inteira enquanto estou. No trabalho estou toda. Saio do trabalho, dispo a pele, deixo de ser. Estou com os meus, outra, inteira, não existe mais nada.' Não lhes falei mas digo agora aqui: 'No blog, inteira, aqui, sem mais nada. Mesmo que fale de outras coisas, é apenas escrita, nada mais que palavras'
Mas, portanto, dizia eu. Euromilhões. Euromilhões ou totomilhões, não faço questão da origem. Tantas coisas boas que eu poderia fazer com eles. Distribuir. Garantir um futuro bom aos meus.
Mas mais. Coisas mesmo boas. Um exemplo para os meus para que nunca esquecessem que há os outros. Deixar-lhes responsabilidades sobre os outros.
Nada somos sem os outros. E disto a gente nunca se pode esquecer.
Mas mais. Coisas mesmo boas. Um exemplo para os meus para que nunca esquecessem que há os outros. Deixar-lhes responsabilidades sobre os outros.
Nada somos sem os outros. E disto a gente nunca se pode esquecer.
Mas, depois, o lado caseiro dos caranguejos. Sempre a ideia de casa. Sonho muitas vezes com casas. Gosto muito de sonhar com casas. Casas com compartimentos que nascem uns dos outros, casas amplas com esconderijos, casas com espaços inesperados lá dentro. Sonho com casas que vou descobrindo enquanto o sonho dura.
E, mesmo quando acordada, gosto de ver casas.
E, mesmo quando acordada, gosto de ver casas.
Por exemplo.
Agora que estou aqui a preguiçar, ouvindo música boa, sentindo a aragem fresca da ventoinha, fui dar a uma casa muito linda. Tão linda. Gostava de poder ter uma casa assim. Tem espaço, tem livros, tem arte, tem cor, tem luz.
No outro dia disse ao meu marido: se me saísse o euromilhões comprava um terreno grande e fazíamos uma casa grande para podermos morar juntos. O meu marido deu um salto. Nem pensar, estás maluca, havia de ser bonito. Não sei se expliquei: talvez não uma casa única mas com três alas. Ou três casas ligadas por um pátio. Mas reconheço que talvez as coisas, para correrem sempre bem, precisem que cada um tenha o seu espaço de liberdade. Talvez melhor uma casa linda como esta e umas alas para quando lá quisessem ficar, onde pudessem estar no convívio uns com os outros. Eles gostam tanto de estar uns com os outros. E eu gosto tanto que eles gostem tanto uns dos outros.
Agora que estou aqui a preguiçar, ouvindo música boa, sentindo a aragem fresca da ventoinha, fui dar a uma casa muito linda. Tão linda. Gostava de poder ter uma casa assim. Tem espaço, tem livros, tem arte, tem cor, tem luz.
No outro dia disse ao meu marido: se me saísse o euromilhões comprava um terreno grande e fazíamos uma casa grande para podermos morar juntos. O meu marido deu um salto. Nem pensar, estás maluca, havia de ser bonito. Não sei se expliquei: talvez não uma casa única mas com três alas. Ou três casas ligadas por um pátio. Mas reconheço que talvez as coisas, para correrem sempre bem, precisem que cada um tenha o seu espaço de liberdade. Talvez melhor uma casa linda como esta e umas alas para quando lá quisessem ficar, onde pudessem estar no convívio uns com os outros. Eles gostam tanto de estar uns com os outros. E eu gosto tanto que eles gostem tanto uns dos outros.
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A casa cujas fotografias se podem aqui ver está à venda. É na Alemanha e pertence a Karl Lagerfeld. Vejo na Harper's Bazaar: You Can Now Buy Karl Lagerfeld's Stunning German Villa for $11.65 Million e só tenho pena que não me fique em caminho. Claro que tem muita relva para aparar, muito pó para limpar, muito chão para varrer -- mas isso até me parecem qualidades. O pior mesmo é não ser para o meu bico porque os ditos euro ou toto ou raspadinho-milhões ainda cá não cantam. Isso é que é uma pena. E, sim, é verdade, para não fazer o papelão dos novos-ricos que enfeitam a sala com um piano que ninguém lá em casa sabe para que serve, eu até ia aprender a tocar. Cada sonata...
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