sábado, dezembro 09, 2017

Um Rondino de Alma a acompanhar as levezas de Miyoko Shida com imagens feitas in heaven e devidamente lunapicadas





Só para dizer que hoje em casa estava mais frio do que lá fora. Agora, aqui nesta sala, já não. A madeira já crepita na salamandra. Podíamos acender a lareira na outra sala, na sala grande que fica a meio da casa, mas não vale a pena, só cá estamos os dois e, se não estamos na rua, estamos maioritariamente nesta saleta que dá para o sol e onde o calor da salamandra basta. Se cá estivesse mais gente e se tomássemos as refeições na sala de jantar, então, acender-se-ia também a lareira.

Lá fora, ao sol, está morno e húmido mas o céu está a toldar-se. Neste momento, está cá um senhor que veio pôr uma porta nova numa casinha. Pedimos-lhe sempre que faça os arranjos quando cá não estamos mas ele prefere vir quando tem companhia. Quero pedir-lhe que, proximamente, arranje uns canteiros que estão a rebentar tal o corpo que deitaram os cedros, mas o meu marido não está nada a favor, diz que isso 'é a maneira do gajo nunca mais de cá sair'. Mas têm que se arranjar.

Esta noite, dormi que foi um regalo. Acordei às dez e tal, à larga na cama, e ouvi logo o barulho da roçadora lá em baixo. Diz que se levantou às sete para dar cabo do mato. Até tremo. Com os óculos protectores postos ainda menos distingue o tojo do alecrim e ainda menos detecta pés de pinheiro que deveriam ser preservados. Paciência, não posso andar sempre atrás dele (nem ele quer). 


Quando fui ver, já ele tinha dado um desbaste considerável. Comprou um disco que esfarela o que corta e que, portanto, dispensa que se recolha o mato cortado pois fica tudo relativamente desfeito.

Cortou tanto que agora, apesar de ter umas luvas protectoras, tem uma bolha nas mãos.

Para o almoço fiz bacalhau com todos. Soube bem.

A minha mãe alertou para a tempestade Ana, diz que deveríamos sair hoje de cá para amanhã não a apanharmos pelo caminho. Não sei. Talvez. Está-se aqui tão bem que é pena não ficarmos para domingo.


O meu marido diz: 'Um dia que um gajo se reforme, aqui tem sempre que fazer'. Concordo: entre desbastar, cortar, limpar, serrar, varrer, arranjar, pintar, caminhar, fotografar, dormir uma sestinha, preparar as refeições, ler, escrever no blog, fazer tapetes de arraiolos, ir às compras, dar uma voltinha, etc, etc -- pouco tempo deve sobrar para usufruir de algum tédio que aflore. Ele diz: 'A deitares-te às horas a que te deitas, claro que tens que dormir a sesta'. O remoque do costume. Paciência: é o que é.  Nem toda a gente consegue ter o ritmo dele que é adormecer por volta das onze e tal e acordar antes das sete. Mas acrescento: 'E podemos ter uma hortazinha'. Ele responde: 'Não inventes'. Acrescento: 'E galinhas'. Mas depois lembro-me: 'Tinhas era que te instruir para conseguires matá-las quando fosse o caso'. Responde: Sim, sim. Vai esperando'. Ainda faltam uns quantos anos mas começa a bater esta vontadezinha de nos libertarmos das gaitas maçadoras de uma vida de trabalho de sol a sol -- a aturar toda a espécie de crises e a arcar com responsabilidades para as quais, muitas vezes, nem temos todos os meios para as resolvermos  -- para nos podermos entregar à simplicidade de uma vida saudável no campo.

Mas, enfim, vamos andando. É tudo uma questão de irmos conseguindo equilibrar as coisas.


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Já agora, a propósito na necessidade de mantermos o equilíbrio, permitam que partilhe convosco:

Miyoko Shida Rigolo e o seu notável exercício de equilíbrio



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As fotografias foram feitas hoje in heaven e foram alteradas no LunaPic, por influência da sempre inspirada Gina.

Como puderam ver e ouvir lá em cima, continuo com a extraordinária menina que compõe, toca violino e piano e canta como se fosse  gente grande e como se não houvesse amanhã: Rondino in Eb maj. composto por Alma Deutscher.

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