quinta-feira, novembro 02, 2017

Receita de Bola de Carnes em ambiente pré-natalício num dia feriado com gaivotas na praia a fazerem a reza da chuva, tementes que são à vontade do Bispo Clemente


Pode ser que ainda me dê para mostrar a praia nesta manhã que prometia chuva mas em vão o prometeu.




Mas, se mostrar, será daqui a nada. Um mar de gaivotas, um mar de surfistas, uma temperatura boa. Mas talvez mais logo. Agora estou aqui noutra, numa de culinária.

Tive outra vez cá em casa o pessoalzinho todo. Lanche reforçado. Na prática, vão daqui já ajantarados pois o lanche é já perto das seis e a comprida mesa está bem fornecida. 

Conto a ementa desta tarde:
Bola de carnes, salada, ovos mexidos, pão normal, pão de sementes, bolachas marinheiras, queijo fresco, requeijão e marmelada (feita pela minha mãe a partir de marmelos made in heaven). Morangos com fio de mel e gelatina.
Mas antes tenho que contar ainda uma coisa. No outro dia, fomos ao Leroy para comprar uma mangueira para a casa dos meus pais. E, lá chegados, surpresa, surpresa!, percebemos que já estamos quase no Natal. Começámos por nos rir. Isto do consumo é tramado, imagine-se se com um calorão destes a gente já tem vontade de enfeitar a casa com coisas de Natal... 

Mas pronto. Não somos diferentes do público alvo do Leroy e, passado um bocado, já andava eu a espreitar os corredores das árvores de Natal, a perceber o funcionamento das luzinhas, a avaliar os enfeites. E, acto contínuo, o meu marido, que começou por protestar por eu estar a amolecer, também já andava a ver aquilo que eu lhe mostrava. Resultado: trouxe algumas coisas, algumas até escolhidas por ele. 
Quem o viu e quem o vê. Hoje estava a fazer não sei o quê e eu a espreitar mas com o bebé ao colo por trás dele e, então, o bebé esticou-se para lhe fazer uma festa na cabeça. Pois todo ele se derreteu. Virou-se, admirado, e, acho que até emocionado, deu um beijo no bebé.
Bem. Voltando aos enfeites.

Assim sendo, tendo nós aceitado ser vítimas de consumismo,  para quê manter as coisas guardadas à espera do clima natalício? Nada disso, Natal é sempre que uma mulher quer -- especialmente uma mulher carangueja que gosta de ter a casa aprazível e receber a família num ambiente caloroso.

Contudo, moderei-me. Limitei-me a uns laços encarnados nos cortinados da sala e a umas bolas de luz no aparador da copa. Também liguei as luzinhas da pequena e abstracta árvore de Natal branca que tenho em cima da lareira e, para reforçar o clima, os candeeiros de pé. 

A casa ficou com um ambiente agradável, não propriamente de Natal mas de calor e afecto e é assim que eu gosto. 

Dois dos meninos vieram vestidos a la Halloween, uma menina drácula e um menino esqueleto. Os outros três não, um porque é bebé e os outros porque a mãe, notoriamente desfasada da realidade, pensou que era dia dos mortos (ou dos santos, ela não sabia e eu também não) e não de máscaras.  

E houve uma caça ao tesouro com rebuçados e futebolada e exercícios de matemática e gracinhas do bebé.

E eu gosto de os ver juntos, amigos e alegres e isso para mim é o mais importante. Uma felicidade.


Mas, então, gostava de partilhar a receita da minha bola de carnes que foi apreciada e que -- apesar de eu, ao longo dos tempos, lhe ir introduzindo alterações -- acaba sempre por ficar boa.

Bola de Carnes à Moda da Tá


Preparação da carne para o recheio

Num tacho, ponho azeite, duas cebolas generosas, salsa abundante e um frango do campo grandalhão, cortado aos bocados depois de limpo e tiradas as gorduras. Por cima, coloco 3 tomates bem maduros cortados aos bocados, meio chouriço de carne, sem pele e aos bocados, três folhas de louro, mais salsa e um pouco de sal. Rego com um pouco de vinho tinto (pouco), por acaso Reserva de Reguengos que era o que tinha aberto. Fica a estufar durante mais de uma hora na intensidade 4, depois de inicialmente ter fervido (a 9).

Depois de pronto, desosso o frangalhão, tiro as peles, corto a carne aos pedaços. 

A seguir ponho num copo misturador o fígado, a moela, os bocados de chouriço, os pedaços de cebola e tomate. Junto um pouco de caldo. Fica um creme espesso.

Preparação da massa

Devem seguir-se as proporções. Se se quiser uma bola mais pequena, a base pode ser uma chávena mais maneirinha. Como eu queria uma bola maior, usei uma caneca grande.
1 caneca bem cheia de leite
1 caneca mal cheia de azeite
1 caneca cheia de ovos (foram 6 ou 7 ovos grandes, agora nem me lembro)
3 canecas de farinha com fermento
Junto tudo numa tigela e misturo com a varinha até estar uma massa bem homogénea.

Colocação num tabuleiro

Podem usar-se formas de vários tipos mas eu prefiro um tabuleiro rectangular grande.

Entretanto, já tenho o forno a aquecer ao máximo (250º, com o calor a sair por baixo e por cima).

Forro o tabuleiro com papel vegetal. Besunto bem o papel (fundo e lados) com margarina vegetal que polvilho com farinha. 

Coloco, então, uma camada de massa. Depois as carnes. Por cima, o creme espesso (aquele feito com o fígado, chouriço, etc). Tapo com a metade remanescente da massa. Polvilho com orégãos. Corto aos pedacinhos miúdos a outra metade do chouriço (que era jeitoso de tamanho, não desfazendo) e com eles salpico uniformemente a cobertura.

Levo ao forno e, então, nessa altura, baixo-o para 160º. Fica durante cerca de uma hora, talvez mais. Não sei bem. Vou vendo. Quando está já com ar dourado e sequinho, espeto um garfo de dentes compridos para ver se a massa já está cozida. Por causa do creme que espalhei sobre as carnes, o interior não fica completamente seco mas percebe-se se, apesar disso, a massa já está cozida. Depois, deixo a repousar no forno. Depois, ainda no tabuleiro, corto; a seguir, disponho os cubos de bola em pratos. Come-se ainda morno. Mas frio fica igualmente bom.

Pode comer-se à mão ou no prato, acompanhado de salada. 

Uma vez mais, deveria ter fotografado para vos mostrar mas, quando estou numa de culinária, gosto de ter tudo pronto a tempo e horas, a cozinha limpa e arrumada, e, por isso, não perco tempo com nada pois o que quero é garantir que, quando as tropas chegam, está tudo pronto, a mesa posta, as cadeiras e bancos à conta, tudo a postos para poder dedicar-me a eles sem ter já nada que fazer.

Portanto, não tenho fotografias da bola, apenas da casa que acolheu a bola. Acolheu e desacolheu, digamos assim, pois da bola pouco restou. Ou melhor, sobrou um pouco que foi dividido entre as duas famílias, que eu gosto sempre de mandar uma pequena marmita.

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NB

Não usei flash ao fazer as fotografias. As luzes da casa, especialmente quando acendo os candeeiros de pé, têm um tom quente. Por isso, a casa ficou a parecer encarnada mas não é. As paredes são claras embora num tom warm. O cortinado também não é cor de laranja mas amarelo-quente-dourado. 

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Até já.

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