Pode ser que ainda me dê para mostrar a praia nesta manhã que prometia chuva mas em vão o prometeu.
Mas, se mostrar, será daqui a nada. Um mar de gaivotas, um mar de surfistas, uma temperatura boa. Mas talvez mais logo. Agora estou aqui noutra, numa de culinária.
Tive outra vez cá em casa o pessoalzinho todo. Lanche reforçado. Na prática, vão daqui já ajantarados pois o lanche é já perto das seis e a comprida mesa está bem fornecida.
Bola de carnes, salada, ovos mexidos, pão normal, pão de sementes, bolachas marinheiras, queijo fresco, requeijão e marmelada (feita pela minha mãe a partir de marmelos made in heaven). Morangos com fio de mel e gelatina.
Mas antes tenho que contar ainda uma coisa. No outro dia, fomos ao Leroy para comprar uma mangueira para a casa dos meus pais. E, lá chegados, surpresa, surpresa!, percebemos que já estamos quase no Natal. Começámos por nos rir. Isto do consumo é tramado, imagine-se se com um calorão destes a gente já tem vontade de enfeitar a casa com coisas de Natal...
Mas pronto. Não somos diferentes do público alvo do Leroy e, passado um bocado, já andava eu a espreitar os corredores das árvores de Natal, a perceber o funcionamento das luzinhas, a avaliar os enfeites. E, acto contínuo, o meu marido, que começou por protestar por eu estar a amolecer, também já andava a ver aquilo que eu lhe mostrava. Resultado: trouxe algumas coisas, algumas até escolhidas por ele.
Quem o viu e quem o vê. Hoje estava a fazer não sei o quê e eu a espreitar mas com o bebé ao colo por trás dele e, então, o bebé esticou-se para lhe fazer uma festa na cabeça. Pois todo ele se derreteu. Virou-se, admirado, e, acho que até emocionado, deu um beijo no bebé.
Bem. Voltando aos enfeites.
Assim sendo, tendo nós aceitado ser vítimas de consumismo, para quê manter as coisas guardadas à espera do clima natalício? Nada disso, Natal é sempre que uma mulher quer -- especialmente uma mulher carangueja que gosta de ter a casa aprazível e receber a família num ambiente caloroso.
Assim sendo, tendo nós aceitado ser vítimas de consumismo, para quê manter as coisas guardadas à espera do clima natalício? Nada disso, Natal é sempre que uma mulher quer -- especialmente uma mulher carangueja que gosta de ter a casa aprazível e receber a família num ambiente caloroso.
Contudo, moderei-me. Limitei-me a uns laços encarnados nos cortinados da sala e a umas bolas de luz no aparador da copa. Também liguei as luzinhas da pequena e abstracta árvore de Natal branca que tenho em cima da lareira e, para reforçar o clima, os candeeiros de pé.
A casa ficou com um ambiente agradável, não propriamente de Natal mas de calor e afecto e é assim que eu gosto.
Dois dos meninos vieram vestidos a la Halloween, uma menina drácula e um menino esqueleto. Os outros três não, um porque é bebé e os outros porque a mãe, notoriamente desfasada da realidade, pensou que era dia dos mortos (ou dos santos, ela não sabia e eu também não) e não de máscaras.
E houve uma caça ao tesouro com rebuçados e futebolada e exercícios de matemática e gracinhas do bebé.
E eu gosto de os ver juntos, amigos e alegres e isso para mim é o mais importante. Uma felicidade.
E eu gosto de os ver juntos, amigos e alegres e isso para mim é o mais importante. Uma felicidade.
Mas, então, gostava de partilhar a receita da minha bola de carnes que foi apreciada e que -- apesar de eu, ao longo dos tempos, lhe ir introduzindo alterações -- acaba sempre por ficar boa.
Bola de Carnes à Moda da Tá
Preparação da carne para o recheio
Num tacho, ponho azeite, duas cebolas generosas, salsa abundante e um frango do campo grandalhão, cortado aos bocados depois de limpo e tiradas as gorduras. Por cima, coloco 3 tomates bem maduros cortados aos bocados, meio chouriço de carne, sem pele e aos bocados, três folhas de louro, mais salsa e um pouco de sal. Rego com um pouco de vinho tinto (pouco), por acaso Reserva de Reguengos que era o que tinha aberto. Fica a estufar durante mais de uma hora na intensidade 4, depois de inicialmente ter fervido (a 9).
Depois de pronto, desosso o frangalhão, tiro as peles, corto a carne aos pedaços.
A seguir ponho num copo misturador o fígado, a moela, os bocados de chouriço, os pedaços de cebola e tomate. Junto um pouco de caldo. Fica um creme espesso.
Preparação da massa
Devem seguir-se as proporções. Se se quiser uma bola mais pequena, a base pode ser uma chávena mais maneirinha. Como eu queria uma bola maior, usei uma caneca grande.
1 caneca bem cheia de leite
1 caneca mal cheia de azeite
1 caneca cheia de ovos (foram 6 ou 7 ovos grandes, agora nem me lembro)
3 canecas de farinha com fermento
Junto tudo numa tigela e misturo com a varinha até estar uma massa bem homogénea.
Colocação num tabuleiro
Podem usar-se formas de vários tipos mas eu prefiro um tabuleiro rectangular grande.
Entretanto, já tenho o forno a aquecer ao máximo (250º, com o calor a sair por baixo e por cima).
Forro o tabuleiro com papel vegetal. Besunto bem o papel (fundo e lados) com margarina vegetal que polvilho com farinha.
Coloco, então, uma camada de massa. Depois as carnes. Por cima, o creme espesso (aquele feito com o fígado, chouriço, etc). Tapo com a metade remanescente da massa. Polvilho com orégãos. Corto aos pedacinhos miúdos a outra metade do chouriço (que era jeitoso de tamanho, não desfazendo) e com eles salpico uniformemente a cobertura.
Levo ao forno e, então, nessa altura, baixo-o para 160º. Fica durante cerca de uma hora, talvez mais. Não sei bem. Vou vendo. Quando está já com ar dourado e sequinho, espeto um garfo de dentes compridos para ver se a massa já está cozida. Por causa do creme que espalhei sobre as carnes, o interior não fica completamente seco mas percebe-se se, apesar disso, a massa já está cozida. Depois, deixo a repousar no forno. Depois, ainda no tabuleiro, corto; a seguir, disponho os cubos de bola em pratos. Come-se ainda morno. Mas frio fica igualmente bom.
Pode comer-se à mão ou no prato, acompanhado de salada.
Uma vez mais, deveria ter fotografado para vos mostrar mas, quando estou numa de culinária, gosto de ter tudo pronto a tempo e horas, a cozinha limpa e arrumada, e, por isso, não perco tempo com nada pois o que quero é garantir que, quando as tropas chegam, está tudo pronto, a mesa posta, as cadeiras e bancos à conta, tudo a postos para poder dedicar-me a eles sem ter já nada que fazer.
Portanto, não tenho fotografias da bola, apenas da casa que acolheu a bola. Acolheu e desacolheu, digamos assim, pois da bola pouco restou. Ou melhor, sobrou um pouco que foi dividido entre as duas famílias, que eu gosto sempre de mandar uma pequena marmita.
Portanto, não tenho fotografias da bola, apenas da casa que acolheu a bola. Acolheu e desacolheu, digamos assim, pois da bola pouco restou. Ou melhor, sobrou um pouco que foi dividido entre as duas famílias, que eu gosto sempre de mandar uma pequena marmita.
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NB
Não usei flash ao fazer as fotografias. As luzes da casa, especialmente quando acendo os candeeiros de pé, têm um tom quente. Por isso, a casa ficou a parecer encarnada mas não é. As paredes são claras embora num tom warm. O cortinado também não é cor de laranja mas amarelo-quente-dourado.
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Até já.
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