Os dois posts abaixo foram dedicados ao humor (e, desde já agradeço aos Leitores que tão amavelmente me fazem chegar piadas tão oportunas): um papagaio feliz da vida com o PSD e aqueles que, estando ainda em Belém, desmentem o Papa no que se refere às figurinhas do presépio.
A seguir, se não se importam.
Aqui, agora, a conversa é outra.
Na maior parte das vezes, os filmes que despertam a minha atenção não passam nos cinemas Lusomundo e, portanto, enquanto os vejo, não ouço sons mandibulares nem sinto o odor enjoativo das pipocas. E não é preconceito meu pois só o descubro depois de me ter interessado por eles.
Explico. O meu processo de selecção é o seguinte: começo por consultar o cinecartaz para ver os filmes que estão em exibição. Em relação a alguns sinto a curiosidade que me leva a abrir a informação, e, então, leio o resumo. Se acho que algum tem probabilidade de me levar lá, vejo o trailer e só então vou saber em que salas está.
Dantes, e reportando-me aos tempos mais recentes, o cinema onde mais ia era ao King, ali ao Maria Matos. Mas vai tudo fechando. Subsistem os Medeias. Não sei porquê nunca engracei muito com o Saldanha ou o Fonte Nova mas, paciência, é o que há.
O filme 3 Coeurs (que quase poderia ser 3 Soeurs, tal a proximidade entre as 3 mulheres do filme, a mãe e as duas filhas) despertou o meu interesse. Gosto de cinema francês, o triunvirato feminino (Charlotte Gainsbourg, Chiara Mastroianni e Catherine Deneuve, mãe de Chiara) pareceu-me promissor e a história pareceu-me interessante.
Felizmente o meu marido já ultrapassou aquela barreira psicológica que teve até há algum tempo atrás (achava os filmes franceses chatos todos os dias) e, por isso, aceitou a minha proposta.
Poderíamos ter ido ao Corte Inglês mas aquilo soa-nos sempre a barafunda e fugimos de barafundas como o diabo da cruz. Fomos, portanto, ao que funciona no ex-Monumental que, salvo erro, se designa por Medeia Saldanha. Não é fantástico: as cadeiras não são muito confortáveis, a inclinação da sala não é famosa (felizmente o senhor que estava à minha frente reclinou-se o suficiente para não me tapar a visão) e o espaço entre cadeiras é acanhado. Contudo, talvez porque o filme foi mesmo bastante interessante, acabei por nem dar pelas condições o que também deve significar que elas são piores na aparência do que na realidade.
O actor masculino é Benoît Poelvoorde, um comediante belga que me faz lembrar muito o nosso Eduardo Madeira (e que me deixou com vontade de ver como é que o Eduardo Madeira se sairia num desafio deste tipo). Apesar de comediante, Benoît tem aqui um desempenho surpreendente num papel dramático.
Quanto à dupla feminina: Chiara é parecidíssima com o pai Mastroianni embora com traços da mãe e a Charlotte mistura na perfeição os genes dos pais (Jane Birkin e Serge Gainsbourg).
Quanto ao filme em si, transcrevo a síntese do argumento tal como se lê no Cinecartaz do Público:
Marc (Benoît Poelvoorde) está na estação de uma aldeia de província. Perdeu o último comboio da noite, que o levaria de volta a Paris. Em compensação, é nesse momento que conhece Sylvie (Charlotte Gainsbourg), com quem sente uma empatia imediata. Acabam por ficar a conversar até à hora do primeiro comboio da manhã. Marc embarca, mas não sem antes combinar um reencontro, dias depois, no Jardim das Tulherias. Ela comparece. Ele, por causa de um enfarte, não. Sem nada que os ligue ou que lhes permita retomar o contacto, ambos regressam às suas vidas.
Ele há-de conhecer – e marcar casamento com – outra mulher, Sophie (Chiara Mastroianni), para descobrir depois que ela é, afinal, irmã da fascinante desconhecida que nunca esqueceu.
Apresentado na selecção oficial do Festival de Veneza e do Lisbon & Estoril Film Festival, um melodrama do realizador francês Benoît Jacquot ("Adeus, Minha Rainha"), sobre um triângulo revelador da complexidade das relações amorosas. No elenco, destaca-se ainda a presença de Catherine Deneuve, no papel de mãe das duas irmãs.
Pois devo dizer-vos que gostei bastante do filme. Tem aquele ambiente agradável que se encontra nos filmes europeus. Não há perseguições, crimes, não há pressas, não há barulho. O décor das casas dá gosto (a casa de família é linda), a história avança sem piruetas ou efeitos especiais, há uma representação cuidada, a caracterização das personagens é credível e sustentada, há uma tensão crescente que nos envolve e, portanto, nem damos pelo tempo. Quando o filme acaba não sentimos pressa nenhuma em levantar-nos e quase ficamos com mixed feelings em relação ao final (que, há que confessá-lo, era inevitável).
A única versão que encontrei do trailer já traduzido e disponível para incorporação no editor do blogger é este vídeo aqui abaixo que tem mais do que o simples trailer. Contudo, acho que não prejudica o objectivo de apresentar ao que o 3 Corações vem.
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Relembro: para humor é descer, por favor, até aos dois posts já a seguir.
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1 comentário:
Bom dia.
Gosto de cinema francês. Vi os "Três Corações" - gostei!!!
Ah e realmente ver cinema no Monumental é diferente....estamos em sintonia.
Beijinho.
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