Hoje não estou inspirada. De tarde, quando estava num outro comprimento de onda, por sinal até animada e já com ideias para uma outra coisa, recebi um telefonema: 'Não tenho boas notícias...'. E, pronto, uma bomba. Uma inesperada bomba. E aquilo que eu achava que estava encarrilado e a caminhar para uma boa solução voltou à estava zero.
Fiquei ali um bocado a digerir. Uma desilusão que não vem nada a calhar.
Mas depois respirei fundo. Nestas situações, respiro fundo. Penso no que se segue. É coisa minha: para estes contratempos, tenho um mantra: há mais marés que marinheiros. E tenho outros, todos igualmente banais. Mas é nas grandes banalidades que se escondem as grandes verdades.
Portanto, bola para a frente.
Claro que tinha pensado regar a parte da frente da casa, e, com isto, passou-me a vontade. Não me apeteceu, fiquei com pouca energia.
Gostava que caísse uma pinga de água. Mas nem uma. Detesto quando vejo a terra seca, só me apetece que caia não uma pinga mas uma chuvada das valentes. Mas nada, nem sinal de água. Amanhã talvez regue.
Depois fui para a cozinha e fiz uma bela bacalhauzada. Bacalhau com todos é sempre uma coisa boa, aquece a alma.
O passeio que fizemos à noite foi diferente: foi feito já bem de noite e debaixo de frio. Os dias encurtam a um ritmo desconcertante. E arrefeceu bastante. Levava calções relativamente curtos mas, por cima da tshirt, levava um casaco já um pouco quente. Soube-me bem. De início senti frio nas pernas mas, com o andamento, ficou até agradável. Cheguei a casa arrebitada, a pensar que amanhã é um novo dia. Todos os dias são um novo dia.
E todos os dias vão chegando notícias: alguém que faz anos, um menino que foi convocado e a quem o jogo correu bem, um menino que compõe um rap a gozar com os primos, uma menina que monta e edita um vídeo para o mano, outro menino que vai passar uns dias com a namorada, outro que começa um novo desporto, e depois chega uma notícia triste, alguém que morreu, alguém que nos faz pensar aquilo que tantas vezes piedosamente pensamos, que mais vale que morra do que sofra, e até nos esquecemos que ninguém devia sofrer assim nem assistir à vinda da morte de dentro do próprio corpo, e depois já é uma amiga que vai viajar e todos lhe desejamos uma boa viagem... e a vida vai andando, um dia depois do outro, e depois outro, e depois outro, todos os dias muitas coisas, coisas díspares, umas que nos fazem felizes, outras que nos entristecem, mas não param, a seguir a uma vem outra e outra e outra e outra.
E ainda bem que é assim. Só assim, porque temos termo de comparação, sabemos dar valor às coisas boas, só assim nos obrigamos a viver com vagar e apreço os momentos bons.
E pronto, vou-me, não posso ficar por aqui senão não paro de dizer lugares comuns.
Tenham um belo dia, ok?
Sem comentários:
Enviar um comentário