quarta-feira, abril 17, 2024

Homens que escrevem são perigosos...?

 

Tenho ideia que se costuma dizer que as mulheres que escrevem são perigosas. Mas, se calhar, é mais abrangente. 

Na verdade, muita gente tem achado Salman Rushdie perigoso e ele já tem pago, de todas as formas possíveis, as consequências dos riscos que corre ao escrever. 

Se antes, as ameaças, o viver sob protecção e tudo aquilo por que passou, certamente lhe deixou algumas marcas, a última situação, o atentado à facada, deixou-lhe marcas físicas muito evidentes. E traumas que parecem também evidentes.

Tudo o que envolve o crime perpetrado contra ele é terrível, a começar pelo sonho premonitório. Nem imagino o que é ter um pesadelo, ficar assustado, ficar sem vontade de ir, e, depois, viver essa situação, sentir-se apunhalado, catorze vezes a faca a entrar-lhe no corpo, não conseguir defender-se, cair a sentir que estava a esvair-se, o chão a encher-se de sangue... Estar às portas da morte depois do terror pelo qual passou deve ser terrível, não saber a extensão e as implicações das lesões... tudo terrível.

Mas ele tem conseguido vencer as ameaças, as más lembranças, os fantasmas, transformando-os em palavras. 

Knife

Um livro com uma capa belíssima.

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Salman Rushdie: The 2024 60 Minutes Interview

Andersen Cooper, como sempre, mostra que é um dos grandes entrevistadores do nosso tempo

Salman Rushdie has come to terms with the attempt on his life the only way he knows: by writing about it in his new book. He details the experience in his first television interview since the attack.


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