Bom. Agora que já arrumei o Marcelo (que aqui me apareceu de braço dado com o pinókio) e mais os photoshopes criativos, já posso dedicar-me à minha saúde. Preparem-se que vem aí um post que faz juz à já minha provecta idade. Vou falar de mim, de uma minha maleita. Para o quadro ficar mais perfeito deveria estar com um abatanado pingado entre mãos e a devorar uma meia torrada mas se nunca o fiz até hoje, não é agora que vou estrear-me.
Já vos contei. No fim do verão começou a doer-me um ombro. Não tendo conseguido ter férias dignas desse nome, no pouco tempo livre que tinha podava árvores como se não houvesse amanhã (porque, com o calor bravo que estava e sem se poderem usar máquinas de corte, na necessidade de desbastar árvores e mato, o trabalho era feito à mão). Não liguei à dor. Nadei, varri, arrastei ramos de árvores até ao monte. Tudo. Isto para não falar em andar com o bebé ao colo que isso, santa paciência, ninguém me tira.
Disse-me a fisiatra quando eu, já o outono se estava a extinguir e a dor sem passar, fui consultá-la e lhe disse que achava que tinha alguma fraqueza de músculo ou mal de articulações: 'Acha?! Se eu fosse esquiar e esquiasse de manhã à noite sem antes me ter preparado para tal esforço físico, de certeza que arranjava, no mínimo, alguma rotura de tendão ou entorse. Qual mal, qual fraqueza...? Exagerou foi na dose.'
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Explicou-me ela ainda que, andando eu há meses com aquela rotura no tendão e com inflamação, a bursite se tinha formado e mais não sei o quê. E que a dor tem que ser respeitada e tal e coiso. E que, por andar em contenção, para não me doer tanto, já estava a ficar com a articulação congelada (ou os músculos?) e mais não sei o quê. Portanto, a ver se a coisa vai lá com fisioterapia. Senão, consulta do ombro e talvez artroscopia. É o vais. Portanto fisioterapia: calor húmido, laser, ondas curtas, ionizações, mobilizações.
Quem me vê, toda na dissimulação (que coitadinha é que não), não desconfia de nada pois só levantar o braço, rodá-lo para trás (apertar o soutien atrás é uma dor...), levantar o braço para tirar o ticket no parque público e coisas assim é que é mau. De resto, ando na maior, tudo na normalidade, é como se nada se passasse.
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E está a custar a curar. Sempre que ela me mobiliza demais, parece que venho de lá pior. Quer que eu faça movimentos pendulares durante o dia. Como? Levanto-me a meio das reuniões, dobro-me e ponho-me a balouçar o braço? Haveria de ser lindo.
Mas não me queixo. Quando lá chego, tarde, de noite, depois do stress do trânsito e da dificuldade em arranjar lugar para estacionar, deito-me no gabinete, põem-me uma toalha com almofada de calor húmido e é tiro e queda. A dormir, num instantinho.
Depois acordo com um 'Tá-se bem, hein...?' e, estremunhada, confesso que já estava até a sonhar.
Depois acordo com um 'Tá-se bem, hein...?' e, estremunhada, confesso que já estava até a sonhar.
O calor húmido não é só no ombro. A fisioterapeuta cismou que me achava com a ombradura tensa. Justificava-me: 'Como não? Dói-me... Na volta, mesmo sem querer, encolho-me'. Chamou a auxiliar e pediu calor também para as cervicais. Melhor ainda. Por mim, podia até cobrir-me de calor húmido da cabeça aos pés.
No outro dia, perguntei: 'Em casa como é que posso fazer isto?'. Diz-me ela: 'Na Natura vendem uns sacos curvos, mesmo para pôr à volta do pescoço, com caroços de cerejas. Humedece, põe no micro-ondas durante 1 a 2 minutos. Depois põe. Vai ver que gosta'. Gostei logo, só mesmo de ouvir.
E loguinho lá caída. 'Sacos de sementes, tem?', perguntei. Tinha. Mostrou-me um saquinho lindo, de veludo em lilás clarinho. Cheiroso, macio. Peguei, já rendida. Mas, ao pegar, senti a miudeza dos interiores. 'Isto são caroços de cereja...?', perguntei, desconfiada. 'Pediu-me de sementes', explicou ela. Rectifiquei o pedido. Tinha, claro.
Já cá o tenho. À volta do pescoço, uma quentura boa. O pior é o cheiro. Não gosto. Tomara que não se entranhe. Parece que cheira a colchão de palha. O das sementes de alfazema devia ser bem melhor. Assim sou bem capaz de ficar com o pescoço a cheirar a galinha. A galinha velha, querem lá ver.
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