sexta-feira, janeiro 25, 2013

Manuel Luís Goucha e Rui Oliveira, o fiel namorado; Luciana Abreu e a cólica renal e o Djaló que a deixa de cabeça perdida, o Sr. Fernando, pai da Fanny, e uma das gémeas - isto na primeira parte. Depois o que fazer para 'o' reconquistar ou no mundo das barrigas de aluguer. E, porque já sei quase tudo sobre essas intrincadas matérias, hoje comecei com a literatura, Divas Rebeldes



Na fisioterapia, enquanto faço alguns tratamentos, as fisioterapeutas arranjam-me revistas. Aceito todas as que me dão não apenas porque me despertam curiosidade como tento, desta forma, não adormecer. 




Fico a saber que afinal o Manuel Luís Goucha não se zangou com o companheiro como se chegou a noticiar, que os seus natais sempre foram, desde sempre, quatro gatos pingados, que a Rita Pereira ainda sente saudades do Angélico e está todas as semanas com a mãe dele a quem presta o apoio possível, que uma porção de artistas de novelas perderam a exclusividade com as estações, que na RTP várias estrelas tiveram que baixar o ordenado, que as que tiveram bebés estão radiantes e dizem que é melhor do que pensavam, que a Alexandra Lencastre tem gravado umas cenas escaldantes com o ex-marido Virgílio Castelo e que toda a gente acha que há química entre eles mas que eles dizem que é uma química profissional, que Luciana Abreu teve uma crise de rins antes de estrear um musical no gelo, que a namorada do príncipe Andrea de Mónaco está completamente grávida, que o Senhor Fernando, pai da Fanny, se tem metido em trabalhos com umas raparigas esculturais que não sei se são da Casa dos Segredos ou de outros carnavais, que meio mundo discute se o Cláudio, salvo erro, um rapaz da última Casa dos Segredos, era gigolo, prostituto, homossexual ou outra coisa qualquer…  e poderia continuar por aqui adiante pois vou tomando boa nota de todas estas interessantes notícias. 




Por vezes, quando dou por ela, a revista já tem mais que um ano mas isso não desmerece a relevância do relatado. Isto é na parte da electroterapia. 

Já na parte do ginásio a coisa fia mais fino. 




Aí as revistas abordam temas mais psicológicos, quando não mesmo filosóficos, De que gostam as mulheres nos homens? É normal uma mãe ter preferência por um dos filhos? O auto-prazer é benéfico na vida sexual do casal? Quando a melhor amiga é amante do marido. 

E tudo nesta base mas que não se pense que a coisa se fica pela teoria. Não senhor. Tal como a AESE (a escola de direcção e negócios, por acaso ligada à Opus Dei) tem como método de estudo o chamado ‘método do caso’, também aqui se segue esse método. Há sempre umas quantas pessoas, mulheres na maior parte dos casos, que relatam os seus casos pessoais. A Ana, 34 anos, confessa que antes não pensava assim mas que, há dois anos, por acaso, etc, ete, etc. – ou seja, muitos testemunhos, muita autenticidade. Além disso, essas revistas têm páginas e páginas com guias de compras e tenho descoberto muitas lojas e muitos produtos com que nem sonhava. Tudo coisas muito úteis.

Saio de lá a andar com uma leveza fantástica, muito zen, e com uma outra forma de ver as coisas.

(Vocês não conseguem ver a minha cara enquanto escrevo pelo que terão que tentar adivinhar qual a minha expressão quando digo coisas deste calibre.)

No entanto, ao fim deste tempo todo, o stock esgotou. Nas últimas sessões já andei a ler em repetido, tentando mentalmente estabelecer uma timeline (ou, se quiserem que me exprima de forma mais corrente, uma ordem cronológica) de forma a perceber se afinal quem casou foi a Pimpinha ou a Isaurinha, se a mulher do Nicolau Breyener tem ciúmes da Fernanda Serrano ou se se aquilo foi apenas uma 'boca' isolada e já está tudo bem.




Mas isso já é a areia a mais para a minha camioneta. E então, no último dia, enquanto estava na marquesa, pus uma revista de lado e declarei que a partir de agora tinha que ter um livro, que já não dava para continuar a ler aquelas revistas porque já sabia de cor o nome dos namorados de todas as vedetas que por ali desfilavam.

Quase preocupada, a fisioterapeuta disse, voz prestável, solicitamente querendo atender à reivindicação ‘Ah... está bem. De que é que gosta?’. Tão inesperado isso foi a pergunta que, durante uns segundos, tive que processar. Depois percebi que se estava a oferecer para trazer de casa um livro para eu ler. Agradeci a gentileza mas disse-lhe que não se preocupasse, que eu mesma traria. Muito simpática perguntou o que tenho eu andado a ler. Tive que processar de novo. É que nem sei e por isso tive que dar uma resposta vaga, ah, vários. É que abro e leio e vou abrindo e lendo vários, sem ordem nem disciplina. Já não tenho a preocupação de chegar ao fim de todos os livros que começo ou de ler todas as linhas de uma página. Agora leio enquanto gosto (e por vezes gosto de tudo, da primeira à última linha – mas nem sempre), leio anarquicamente, misturo géneros, autores, leio do princípio para o fim, do meio para o fim, como me apetece, conforme posso face à minha escassa disponibilidade. 

Claro que não disse isto à jovem pois não quero que fique mal impressionada comigo, não vá ela, pensando que sou maluca, tratar-me com menos cuidado.

Hoje de manhã, antes de sair de casa, estive aqui a hesitar, o que hei-de levar? Não convém que seja coisa que requeira concentração ou raciocínio apurado pois há interrupções, ouvem-se conversas dos vizinhos do lado, temos que interagir de vez em quanto com as raparigas, etc. Hesitei entre Os logocratas de George Steiner, livro que estou com curiosidade de ler, constituído por ensaios, entrevistas e uma novela; e o que acabei por levar. 




É que este não seria uma transição muito brusca face às revistas com que tenho ocupado a minha mente enquanto lá estou, nem eu nem a fisioterapeuta estranharemos muito.  Divas rebeldes de Cristina Morato, relatando a vida de sete mulheres,  Maria Callas, Coco Chanel, Wallis Simpson, Eva Perón, Barbara Hutton, Audrey Hepburn e Jackie Kennedy. 

Vou ainda na primeira, na Callas. Lê-se muito bem.

Ao ver o livro, a fisioterapeuta ficou interessada e falou-me também na Ines de Fressange que agora faz roupa para a La Redoute, se bem percebi. Gostei da forma entusiasmada como ela falou e acho graça à curiosidade e atenção com que me ouve.

Um dia destes a ver se vos transmito alguns aspectos relevantes da matéria lá contida. Para já posso desvendar que a Callas começou por ser muito gorda, pesando entre 90 e 100kg e que, quando fez uma dieta valente, perdendo trinta e tal quilos em dois anos (o que a deixava com um humor insuportável), quis seguir como modelo de elegância, a Audrey Hepburn. Os vestidos, a maquilhagem, o penteado eram inspirados naquela que ela considerava o seu modelo de beleza e perfeição. Também poderia falar-vos do que se passou a bordo do iate Christina quando foi fazer um cruzeiro com o marido, Meneghini, no barco do Onassis que também ia com a mulher e amigos, mas isso é conversa que merece mais que duas linhas.

Agora vou-me deitar que estou perdidinha de sono. Jantei já passava das 10 da noite, estou com sono. Por isso, desculpem esta minha saída à francesa mas já mal consigo abrir os olhos.

*

Antes de me ir embora, ainda vos maço mais um pouquinho. Se quiserem ir até ao meu Ginjal (que ainda está em votação aqui *) hoje escrevi sobre um homem solitário que ainda não ganhou coragem para deixar de o ser. Quem me inspirou foi António Ramos Rosa. A música é um novo momento feliz: Katia Guerreiro e Martinho da Vila. Uma festa.

(*) De notar que agora, ao votar, aparece uma mensagem em inglês dizendo que é necessária uma validação ou coisa que o valha e aparecem aqueles irritantes caracteres ou letras inclinadas. O que há que fazer é reproduzir o que lá estiver e votar. Isso deve-se, certamente, a que desconfiaram que havia programas informáticos que faziam votações por forma a gerar muitos votos em alguns blogues. Por isso, agora para terem a certeza que são votos a sério, exigem isso. Nada de mais, apenas mais chato.

Para o caso de não terem dado por ela, este é o segundo post que escrevo hoje - já a seguir, se descerem um pouquinho mais, temos os 56 anos da futura avózinha Carolina de Mónaco. Candidatos a lobo mau é o que não deve faltar...


PS: Se neste texto descobrirem vírgulas à solta, letras trocadas ou acentos que deviam respeitar a gravidade da situação mas, em vez disso, se lhes deu uma crise aguda, não levem a mal mas é que estou mesmo perdida de sono.
*

E, com isto, me vou. Desejo-vos um dia muito feliz.

6 comentários:

Anónimo disse...

Ainda estou para perceber porque diabo, quando se vai ao dentista, ou a um outro consultório médico, o que por ali abunda para se ler, enquanto se espera, é disto, que aqui divertidamente nos mostra.
É certo que se fica a “saber coisas interessantes”. Por exemplo, não sabia que o Cristiano Ronaldo mudava de penteado nos intervalos dos jogos, que a Abreu tinha gamado o Porsche ao Djaló, que actriz tal tinha esgatanhado uma colega por ciúmes, que uma concorrente, segundo o namorado de ocasião, “era como gata com cio”, que fulano era bicha, quando todos o julgavam um macho fero, etc.
Enfim, como o saber não ocupa espaço, lá vou processando tais informações, que, quem sabe, um dia serão de alguma utilidade. Por exemplo, ao ver um jogo de futebol na TV, com uns amigos (coisa muito rara!), e sair-me com esta: “olhem, o Cristiano já mudou de penteado!” E a malta toda fica ali a olhar para mim, embasbacada, não tinham reparado, e dizem-me: “poças! Que o marau tem cá um poder de observação!” Em boa verdade, estando eles ali a ver jogadas e golos e eu a sair-me com esta, ainda julgam que sou como o Goucha. O melhor, se calhar é manter descrição.
Já a do Porsche fanado ao Djaló pode dar origem a uma discussão jurídica, para saber a quem pertence de facto a viatura.
A Cinha, ao que daqui se pode ver, está com os braços como a Moura Guedes, já pendurados. Uma casaqueta disfarçava as pelencras, possivelmente. Já vai em quantos namorados? 107?
Numa próxima visita a um médico, deve lá estar, numa Caras qualquer, a casinha de Pedro e Laura e eles sentados a ler. Ela com a Margarida Rebelo Pinto no regaço e ele a tocar piano e a cantarolar umas operetas de ocasião, com a quele voz de barítono de Cais do Sodré.
E também virá o tal casamento do século, entre Marta e Miguel, o casal do momento! Consta que ela irá de vestido de noiva mini-saia e ele de fraque com calça curta, para serem diferentes. Vai ser giro!
P.Rufino
PS: o tal memorável encontro com o Jorge Amado e a sua simpatiquíssima Zélia Gattai foi, recordo-me, em Praga.


Tété disse...

Pois é, digam que não gostam de saber, mas depois sabem que a Cinha já teve 107 namorados. Assim se confirma como ela é pluralista e independente; agora que tenha trocado um milionário americano por um fadista marialva, é de "grande fêmea latina". Só que com a troca vai ser difícil ir às compras de marca. Também, com as roupinhas usadas que usa e depois devolve, não será difícil frequentar as festanças.
Ena pá, quantas fofoquices...
Vou-me embora se não ainda me chamam a Tété das bocas foleiras.
Abraços

Um Jeito Manso disse...

Olá P. Rufino,

Especialmente para si, já que falou no penteado do CR7 e para que fique bem claro que pertence a um sindicato diferente do do Goucha, escolhi hoje um filmezinho com a futura cunhada da Catinha e da Elminha Aveiro.

Como sempre o que escreve é uma deliciosa crónica, humorística e muito bem escrita.

Agora o que vejo é que ou frequentamos a mesma clínica de fisioterapia ou quem escolhe as revistas da clínica médica onde vai alinha pela mesma bitola...

Mas o que eu concluo ao ler aquelas revistas é que: todas aquelas mulheres parece que colocam implantes; há imensa gente que faz 'presenças' e ganha a vida com isso; que há para ali um montão de gente com aspecto duvidoso e que vai mudando de namorados entre elas. Nem sei bem de onde aparecem, se são artistas de telenovelas, se são das casas dos segredos, se são modelos, dj's, ou um pouco de tudo isto. Enfim.

A Cinha, então, e as filhas e devem ser também as irmãs (pois vejo outras parecidas, muito tisnadas, cabelos parecidos) aparecem permanentemente, acho que vivem disso, de 'aparecer'.

O casal Relvas ainda vai aparecer aqui, vai, vai. O casamento deve aparecer também. Vamos ver a piroseira em todo o seu esplendor. Essa toilette que lhes arranjou também deve ficar-lhes a matar.

Um bom fim de semana, P. Rufino!

Um Jeito Manso disse...

Olá Teresa-Teté,

Pois é, há um nome para a actividade delas ao fazerem publicidade às lojas, só me lembro de 'hospedeiras' mas acho que não é assim que se chama. Recebem um tanto para andarem com a roupa, os sapatos, as jóias, etc. Por isso andam sempre bem vestidas. Depois têm que devolver a roupa ou, então, é essa a forma de pagamento.

Mas é a Cinha e dá-me ideia que as filhas já vão pelo mesmo caminho pois aparecem constantemente nos lançamentos, nas festas, em todo o lado.

De quem nunca mais ouvi falar foi da Elsa Raposo? Será que já assentou e ganhou juízo? Nas revistas todas que vi nunca me apareceu. É estranho porque andava sempre metida em confusões.

E também me calo já, senão quem passa por fofoqueira sou eu...

Um beijinho, Teresa-Teté...

Maria Eduardo disse...

Olá UJM,
Achei muita graça às notícias e fofoquices que leu nas revistas enquanto fazia os seus exercícios e o que eu me ri também com o comentário do Leitor Rufino e Tété.
Acrescento aqui uma "boquinha foleira", que li também numa dessa revistas e num consultório, dizia que a E.Raposo está muito bem na África do Sul, bem casada e feliz!? Será feliz com o novo marido ou com a mudança de câmbio?...
Obrigada por me ter divertido tanto.
Um beijinho

Um Jeito Manso disse...

Olá Maria Eduardo,

Na fisioterapia consigo ler... mas não enquanto faço exercícios... Só consigo ler enquanto estou a receber radiações ou lá o que é aquilo na electroterapia. Estou deitada ou sentada durante cerca de 40 minutos. Depois, no ginásio a mesma coisa. Só quando estou a levar massagem ou estou com umas coisas eléctricas aplicadas. Quando estou na piscina ou a fazer exercícios tenho que pôr de lado as fofocas e 'puxar' pelo físico...

Quanto à Elsa Raposo... foi desencantar um marido longe...! A esta hora já deve ter tido mais uns quantos filhos e já se deve ter metido em trabalhos com algum outro que ela, se ainda for como era quando estava por cá, tem muito amor para dar.

:)

Um beijinho, Maria Eduardo.