Tu, que legaste uma mitologia
De gelo e fogo à filial memória,
Tu, que fixaste a tão violenta glória
De tua estirpe pirática e bravia,
Sentiste, com assombro numa tarde
De espadas, tua humana carne a fremir
Triste. Naquela tarde sem porvir
Te foi dado saber que eras covarde.
Na noite da Islândia, a amarga e salobre
Borrasca move o mar. Está cercada
Tua casa. Até as fezes engolida
A inesquecível desonra. Por sobre
Tua pálida cabeça cai a espada,
Tantas vezes no livro teu caída.
[de Jorge Luis Borges dedicado a Snorri Sturluson
Fotografia de David Lachapelle]
Fotografia de David Lachapelle]
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