Não dou novidade a ninguém: choveu que deus a deu. Junto à hora de almoço, pus o pobre coitado do ouso peludo na rua e pirei-me. Não dá para deixá-lo fechado e sozinho em casa. Com o vento a dar na chuva, até debaixo do terraço e do toldo da cozinha a bandida caía.
No domingo tinha trazido do viveiro quatro plantas para pôr junto a uma pequena vedação e afinal percebi que deveria ter trazido cinco. E tinha trazido também um jasmim que tinha pensado pôr num vaso e afinal o vaso que era para ser não dava. Por isso, porque quando é para fazer uma coisa, só quero é tê-la feita, meti-me no carro e fui até ao viveiro.
Quando regressei, a fera, coitadinha, pingava. Deu-me uma pena...
Limpei-o e ele, coitado, deixou-se limpar. Curiosamente dá ideia que, junto à pele, na maior parte do corpo, não estava molhado. Sobretudo parecia molhado na barriga, onde tem menos pelo. Mas, nitidamente não estava enregelado nem especialmente incomodado. A mãe natureza sabe o que faz.
O meu marido chegou a casa a seguir e, como havia uma aberta, fomos fazer uma caminhada.
Resultado, roupa de cama toda para lavar.
Estávamos a jantar, apareceu uma cabeça felpuda à altura da mesa. Espreitou e por pouco não saltou para a cadeira para se pôr à mesa. E eu só me lembrei do meu estimadíssimo Alf. Peludo, mal comportado, irreverente, levado da breca.
[Desde que não morda, claro. E, bem entendido, desde que não me roube as meias. E, claro está, desde que não me salte para a cama sem ser convidado.]
Qualquer dia começo a fazer listas para quando me fazem perguntas eu ter algum material de apoio. Por exemplo, aquilo de perguntarem qual o personagem preferido. Na volta ainda me daria para me tentar lembrar de personagens literários de livros ou de grandes filmes e esquecia-me dos que, na realidade, mais me entusiasmam. O Alf, por exemplo, é um deles.
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Um cheirinho dele
[Não encontrei com legendas de Portugal]
1 comentário:
Já tentei falar-lhe do que penso acerca da sua opção de resguardar o cão na habitação, quando chega a noite. Mas, como não me distingo na fluidez da escrita, acabo por demorar tanto que o sistema encrava e perco a prosa. Se bem ajuizo o seu animal é um cão da serra de Aires, cão de gado, portanto. Não se admite, pois, que o mesmo tenha gostado de ficar á chuva; estranho seria que preferisse o conforto " "pró humano" da casa. Olhe, eu, homem dos "Castro laboreiro" e de "gado transmontano", senti-me defraudado quando tentei convencê-los a dormir em casota confortável; sempre ignoraram o que quis para eles, dormindo onde lhes dava na real gana, dentro da propriedade. E se invadem a habitação e saltam para a mama, suspeito que será mais
pela brincadeia e pela "provocação" - luta pela liderança do grupo - do que por qualquer outra razão.
E, sobre as mordiscadelas do bicho, direi o mesmo: brincadeira e liderança é o que está em causa, de bem leio a minha experiência. A brincadeira e alguns arranhões dão enorme prazer as partes envolvidas na contenda, contanto que o poder esteja sempre no controlo do humano e o cão perceba bem isso: a luta começa e acaba conforme o desejo do dono. Se o que acabo de exprimir fizer algum sentido no seu caso, fico satisfeito.
Desejo-lhes festas felizes, que o mundo é bem melhor se andarmos alegres.
PS. E, que viva a chuva, que bem falta faz!
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