A múmia ressabiada de vez em quando sai do cacifo onde a Maria o deve ter amordaçado para vir dizer coisas que mais parecem taralhoquices. Razão tem Jerónimo, o moicano, ao dizer que a múmia está velha.
Pleonasmo: todas as múmias são velhas -- embora, reconheço, haja múmias mais velhas que outras.
Fugiu ao protocolo, não esteve para fazer de conta que desejava felicidades ao outro, disse que tinha tido que ir para casa. Nem mais. Nem se deu ao trabalho de inventar desculpa. Na volta, deu-lhe um ataque de caganeira aguda. Acontece. Com os nervos que estas coisas lhe devem dar deve ter ficado com soltura. Portanto, antes que desse barraquinha ou que um fanico o deitasse outra vez ao chão, raspou-se.
Fez bem.
Ou isso, ou a Dona Maria mandou-o ir fazer algum mandado e estar de volta a horas decentes e que caguasse para o catavento. E reparem como a Dona Maria é fina: deve dizer caguar para não ferir susceptibilidades; e isto do catavento não é de sua lavra, note-se, é coisa do pupilo do esposo. Reparem: esposo; esposo e não marido. Dona Maria, para além de poetisa, é também mulher de finezas.
Portanto, deixemo-lo regressar ao cacifo onde soa que a Dona Maria o tem guardado no canto da marquise, deixemo-lo. E ele deve ir de bom gosto, deixa que ela o entaipe e encaixe: assim não tem que andar a fazer mandados ou ficar a ouvir os sonetos que a grande poetisa compõe.
Estão bem um para o outro, sempre toda a gente o disse. Deixemo-los: que acabem os seus dias com a dignidade possível.
Quanto ao Marcelo, correligionário mas, honra lhe seja feita, nada a ver com a múmia, é outra loiça. Laranjas de outra cepa. Marcelo é educado, culto, tem boas maneiras.
Mas, verdade seja dita, a que propósito foi aquele desconfinamento que ontem andou a promover pelas ruas de Lisboa e do Porto? É certo que estavam de máscara (embora alguns com o sacrossanto nariz de fora) mas era preciso ir para o meio do povão, essa mole humana que se pela por selfies presidenciais e, sobretudo, por aparecer na televisão? É certo que tomou posse (e falou bem, sim senhor, tiro-lhe o chapéu, bom discurso, o discurso de um democrata), é certo que não é todos os dias que se toma posse pela segunda vez, é tudo certo. Mas não podia ter-se aguentado a bom recato para não dar maus exemplos?
Aquela sua veia carente é um problema: tem que se sentir amado e isso leva-o a cometer excessos. E eu, que até gosto de excessos, tenho para mim que um senhor presidente, se não consegue controlar as suas carências, deve procurar ajuda. Só aconselho é a não procurar a comentadora residente do Correio da Manha, Joana Amaral Dias de sua graça, que aquilo ali parece mais maluca que do que muitos malucos que tenho conhecido. Também não recomendo a glamorosa e fofinha psicóloga Passadeira Torrinha que, notoriamente, aquilo ali não me parece que tenha pedalada intelectual para acompanhar pacientes mais exigentes. Podia aconselhar-se com o
Chicão (em bom) que deveria ficar bem servido mas isso já sou eu a dizer.
Tirando isso, mais nada, obrigada, está tudo numa nice.
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A primeira imagem provém do blog Raiva Escondida e as outras do saudosíssimo We have kaos in te Garden
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E um dia feliz
2 comentários:
Em décadas de cavaquismo, ontem foi a primeira vez que concordei com ele.
O homem esta atacado do vírus do rancor... sabe Deus o frete que os outros fizeram em lhe apertar a mão! O Prof. Marcelo não e das minhas simpatias, mas ao pé desse Cavaco mentiroso que pôs tantos na miséria com a história do Banco falido, falando aldrabice, encobrindo os amigalhaços, o Prof.Marcelo é um Senhor.
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