quinta-feira, março 18, 2021

Falem-me de árvores, florestas e coisas assim

 


Entre o trabalho e os meninos e a mãe dos meninos e o que vai surgindo ao longo do dia, telefonemas e sobressaltos da minha mãe, outros telefonemas, uns pessoais e outros profissionais e cozinhar e etc. pouco sobra para saber de notícias do mundo.

Da leitura rápida e oblíqua que fiz a bem dizer nada me interessou: parece que há dias em que o mundo não avança. Guerras, dramas, novas variantes, recessão e dramas, corrupções. Ou insignificâncias, maledicências. Telejornais ou comentadores não vejo há que séculos. Já não atino com aquilo, falta-me a paciência.

Esta quinta-feira vem cá o senhor da mercearia trazer os frescos e, portanto, na quarta-feira fiz a encomenda. Os meus hábitos vão-se modificando. Dantes ia ao supermercado, via e avaliava o que havia, decidia na altura. E, ao decidir, fazia combinações, quase que os cozinhados começavam logo a nascer ali mesmo. Agora não: agora, em abstracto, imagino o que posso querer ou confiro bem as quantidades que tenho para calcular o que preciso. Não aprecio muito este método pois, no que não é relevante, sou mais dada ao improviso do que ao planeamento.

Era para ter feito a encomenda de roupa para um dos meninos que está quase a fazer anos mas falta-me ali um passo que tenho que esclarecer durante o dia. Também me aborrece um bocado isto pois gostava de ver, de apreciar a qualidade do tecido, avaliar se seria fácil de lavar. Assim, o mais que posso fazer é ampliar a imagem a ver se dá para perceber. 

Mas, enfim, tem o seu lado prático: não é preciso sair de casa. Talvez o futuro do comércio passe muito por aqui: esmorecerem as grandes superfícies com as suas lojas, lojinhas e vendedores para haver grandes redes logísticas a dar suporte às plataformas online. Vamo-nos desmaterializando. Desmaterializando-nos e deixando que toda a espécie de bicheza, também invisível, nos domine. Vírus, variantes, variantes das variantes. E nós, pobres totós, à mercê. Mas sempre armados em bons. Tem até graça. 

(Uma evolução um bocado estúpida, convenhamos).

Adiante.

A minha filha viu que o ICNF tem 50.000 árvores autóctones para oferecer a cidadãos e proprietários rurais. Já nos inscreveu para ver se podemos ir levantar umas quantas. A ver se chegam para nós. O meu marido ouviu a conversa e não achou muita graça pois não sabe onde tenciono eu plantar aquelas árvores. À partida não sei responder mas hei-de arranjar onde. Plantar árvores é do melhor que podemos fazer pelo mundo. Só quem plantou e cuidou de árvores bebés e as viu crescer até poder estar à sua sombra sabe do prazer maior que é isto de sentirmos que estamos a fazer qualquer coisa de bem pela Terra que nos acolhe. Se formos bem sucedidos, talvez os meninos possam ajudar a plantar uma meia dúzia. As outras quero levá-las para o campo para as plantar in heaven. O meu marido diz que não sabe onde. 

Mas, enfim, falava eu de notícias relhas e velhas. E falava para dizer que, de entre tanto déjà vu, de tanta infelicidade e pouca sorte, apenas uma notícia chamou a minha atenção: a que está na moda plantar cogumelos em casa. Achei o máximo. Cogumelos daqueles vulgares ou daqueles lindos. Acho que vou ter que ler a notícia com atenção para ver como é. Aliás, ando a pensar em ter uma estufa. Aliás, aliás, pensar eu penso em muita coisa. O pior é a disponibilidade para passar à prática tudo aquilo em que penso. O que vale é que não me dá para me sentir frustrada.


E é isto. Ou melhor: lamento mas hoje não passa disto. Para além de ter sono, tenho também falta de assunto. A ver se amanhã faço um update do que tenho cozinhado. Os meninos gostam da minha mão para o tempero e eu sinto-me feliz por ver como comem de gosto. Noutra encarnação devo ter sido estalajadeira, daquelas que iam de mesa em mesa com lautas travessas, terrinas ou tachadas servindo os fregueses.

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Usei imagens totalmente desfasadas da lógica do texto. Mas como também não se pode dizer que o texto tenha grande lógica, acho que talvez passe. O autor, CRUDEOIL 2.0 de seu nome, faz a proeza de introduzir personagens de antanho às modas sociais dos tempos que correm. O resultado é o que se vê. Diz eleMy imagery was born as a critique of society, saturated with social, aesthetic canons, and appearances. This concept is reflected in my works that deal with social media as a new religion and a new creed. To express my intent, I take artworks from the past and re-contextualize them to the present day. Acho que tem graça.

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Acompanha-nos Fields of Gold - Sting (cover por Arpi Alto) e espero que gostem.

E, para acabar, um vídeo daqueles que me inspiram. Espero que inspirem mais pessoas. 

The man who grew his own Amazon rainforest

A corner of the Amazon that had been cleared and used as farmland has been restored to rainforest.

The man who owns it, Omar Tello, gave up his job as an accountant and spent 40 years recreating a patch of pristine forest in Ecuador, stretching just a few hundred metres in each direction.

He’s trying to encourage other landowners to do the same, so they can turn the tide of deforestation.  


Desejo-vos um dia feliz

3 comentários:

Estevão disse...

Acerca de “ … o ICNF tem 50.000 árvores autóctones para oferecer …”, há iniciativas locais também muito interessantes:
https://crpvaledoleca.com/

Maria Dolores Garrido disse...

Bom dia!
Também me vou informar, embora também diga que não sei onde plantar as árvores, mas vou arranjar com certeza.
Continuação da sua (boa) lógica dos dias.

Anónimo disse...

99‰ dessas árvores irão morrer. Plantar árvores é em Outubro/Novembro com os rebentos protegidos nem a'que seja por garrafas pet. O sol que aí vem irá esturrucar tudo.
F0D/\SS€ para tanta incompetência.