terça-feira, maio 26, 2020

Plantananã -- ainda sobre a tal reunião ministerial, tudo o que há a dizer


Nestes dias bons, quentes e alegres, não tenho conseguido ver noticiários. Às oito é hora de banhos, de pôr a mesa, de janta. A minha filha diz que os meninos são o meu consolo. Comem de dar gosto e eu gosto de mesa farta e de quem saiba apreciar o meu tempero e coma com vontade, sem ser de biquinho. Gostam da comida, têm um apetite de lobos, gostam de estar à mesa a descobrir sabores. O ar do campo dá-lhes boas cores, dá-lhes robustez, energia para dar e vender. Dá gosto. Faço tachadas de comida, uso os maiores tachos, penso que estou a fazer a dobrar. No fim, sobra coisa de nada. 

Depois da cozinha arrumada, assentamos arraiais na sala da televisão, os meninos têm uma bocado licenciado para jogarem aquele jogo de que agora não me lembro o nome ou verem o Friends, série que descobriram e adoram, e nós papamos a nossa dose de Grace and Frankie. Quanto levantam a tenda para debandarem para o estúdio -- os meninos sempre pedindo para ficarem mais um bocadinho, que não têm sono, e a gente a ver-lhes o olho gordo, pálpebra já com vontade de cama, o sono já instalado, rostinhos rosados e fofos como bebés bem nutridos -- eu pego no computador e o meu marido começa a fazer zapping. Um pouco depois estamos os dois perdidos de sono. Por vezes tentamos a RTP 3 mas aparecem umas múmias comentadeiras e debandamos como se víssemos assombração. No nosso mundo actual já não entra gente que vende comentário a metro e diz treta reprocessada. No nosso mundo há é céu limpo e muito estrelado, bicho andando em liberdade, canto de pássaro a toda a hora, pé descalço sobre a caruma, sombra de figueira, orégãos ficando floridos. 

Portanto, se eu quiser falar de notícia eu não sei. Apanho, atrasadas, algumas que já deram muitas voltas ao mundo.

Uma é aquela de um grupo de bandoleiros, chifrudos, macacos irracionais, trapaceiros, iletrados, gente sem eira nem beira sentados a fingirem que são ministros.

Ao meio do bando desclassificado, o pior de todos, um burro cagão, papalvo de meter nojo, sabujo e ordinário, bronco, palerma de dar dó.

Vi e ouvi e fiquei na mesma, sentada em cima da minha indiferença. Gente burra elegeu o mais burro de todos. Tenho pena é dos outros, dos que até devem ter vergonha de pôr o pé fora de porta e haver quem veja que são brasileiros, povo que tem dentro de si um little povãozinho que elegeu um lorpa sem explicação.

Resolvi, portanto, que não era tema com que interrompesse o meu sono. Mas hoje, os brothers da Porta dos Fundos, essa turminha maneira, convenceram-me. 

Aqui vai. Com vossa licencinha, o Plantananã. Bom demais.



As imagens animadas, ali em cima, são de outras ocasiões em que o Jair também mostrou que é bom a valer. 

Chiça.

2 comentários:

Tiago Gonçalves disse...

É um belo filme de horrores e terrores, dentro da tragédia maior do número de vítimas em crescendo devido à pandemia.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Eu agora também só consigo contemplar o belo por do Sol e a brisa do anoitecer. Vade retro telejornal.

Um abraço radioso.