segunda-feira, julho 01, 2019

Pode um amor...?



A história de amor entre Leonard e Marianne é bem conhecida. Durou uma vida. Viveram juntos, em tempos de sol e mar, e ela foi a sua musa até que a necessidade de ganharem a vida falou mais alto e se separaram, cada um à sua vida, para se organizarem. Mas o amor prevaleceu. 


Melhor: foi prevalecendo porque amores nascidos na luz dificilmente se mantêm luminosos em ambientes confinados.


Até que outros amores entraram em cena. Entraram e saíram e foram entrando e saindo. Leonard sabia falar de amor e sabia amar as mulheres e elas retribuiram.

A distância e o tempo foram depositando no coração de Leonard e Marianne aquela poeira feita de saudade que faz dourar as memórias e a nostalgia daquele amor solar sempre se manteve. 


A carta de despedida e amor que Leonard enviou à sua musa doente, pouco tempo antes de partir, correu mundo e mostrou que há amores que são eternos. Tinham ambos outras companhias mas isso não impedia que o afecto entre ambos estivesse ainda vivo. 
Dearest Marianne,
I’m just a little behind you, close enough to take your hand. This old body has given up, just as yours has too, and the eviction notice is on its way any day now.
“I’ve never forgotten your love and your beauty. But you know that. I don’t have to say any more. Safe travels old friend. See you down the road. Love and gratitude. 
Leonard
Pouco tempo depois de Marianne, foi a vez dele também se ir. 

Pode o mundo agigantar-se de permeio deixando os amantes apaixonados tão pequenos e impotentes, pode o tempo cavar um fosso que parece devorar a memória, pode a vida de todos os dias traçar outras linhas e outros destinos. Pode. Mas, apesar de tudo, a raiz do amor que se espalhou sob a pele, que se insinuou no coração, na mente, no corpo inteiro, um amor nascido das palavras, selado pelo olhar e unido pela cumplicidade, manter-se-á viva até ao fim. Alimentar-se-á de tudo, de cada pequena coisa, de um sorriso que se intui, de um golpe de inteligência que se apercebe mesmo que ao longe, de um poema que se ama em conjunto, de doces recordações, de um raio de luz que um dia pousou ao de leve no outro, de umas flores que para sempre emoldurarão a visão do amado naqueles inocentes e distantes dias em que eram felizes. Cada pequena coisa será sustento para a raiz de um grande amor, de um amor nascido para ser eterno.

Marianne & Leonard: Words of Love




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Escrito depois de ler: Leonard Cohen and Marianne Ihlen: the love affair of a lifetime de Andrew Anthony no The Guardian

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Canções inspiradas em Marianne





Always

10 comentários:

Mamã iogurte disse...

Adoro Leonard Cohen e certamente não perderei este filme/documentário sobre a sua vida!
Grande abraço!

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Leonard Cohen, que maravilha!
Eu não tenho dúvida que o verdadeiro amor tem algo de transcendente e, sem dúvida, eterno.

Uma rica semana!!

disse...

Olá Um Jeito Manso :)

"Pode um amor...?" (...) "Durou uma vida." ...creio que a UJM sabe muito bem a resposta à questão que deixou ficar no ar :) - vive, também, a UJM, uma relação de amor há décadas! Existem muitas relações de amor assim; duradouras!...nem todas públicas, nem todas de pessoas "famosas" [como a sua, a de Gina Geia (falo da Gina porque lembro-me perfeitamente de dar-lhe os parabéns pelo 26º aniversário de casamento, no ano passado), a minha! - e não somos "aves raras", penso eu! :)]
Um beijinho
Boa noite

Um Jeito Manso disse...

Olá Mamã Iogurte,

Também eu. Love, love, love. Lá para o fim do mês.

Abraço e dias felizes!

Um Jeito Manso disse...

Olá Francisco,

É isso. Pode interromper-se, pode hibernar, pode quase não se dar por ele. Mas mantém-se vivo, mesmo que apenas nas memórias. Como o de Leonard e Marianne. Eterno. Neste caso mesmo, por estar vivo nas canções.

Abraço, Francisco, e dias felizes!

Um Jeito Manso disse...

Olá Teté!

Tudo bom consigo? Fico contente por revê-la.

Estou casada há mil anos e foi amor à primeira vista, a ponto de, apesar de estar prestes a casar com outro, ao ver aquele cristo barbudo, cabeludo, com ar de desportista e completamente desconhecido ter sentido que era uma questão de tempo até que viesse parar à minha mão. Aquela coisa de 'guardado está o bocado para quem o há-de comer'.

Foi uma paixão muito intensa, muito cinéfila, com muita infidelidade e descaramento pelo meio (coisa talvez imprópria para se confessar). Penso que se tivesse sido um amor muito certinho talvez não durasse muito. Mas nestas coisas não pode haver regras. O que resulta de uma maneira com umas pessoas, dá para o torto com outras.

E viva o amor e vivamos nós que estamos vivos para o poder viver (ou procurar por ele)

Beijinhos, Teté!

disse...

Pois...cada pessoa terá a sua história...a nossa nada teve de cinéfila/infidelidades/descaramentos...dois jovens apaixonaram-se, tão simples e natural quanto isso!

UJM, é a primeira que comento no seu blogue. Não sei se conhece alguém com o nickname "Teté". Se sim, não sou eu. O meu nome é Teresa, e o meu nickname Té.
Boa noite, novamente.
Boa semana.

Um Jeito Manso disse...

Olá Té,

Pois, veja lá a minha desatenção. Li Té e pareceu-me Teté e, ainda assim, deveria ter confirmado e não, tomei-a logo por uma certa Teté que, em tempos, aqui comentava.

Mas olhe, Té, pois fico contente que também seja marinheira de longo curso e que ainda guarde com carinho a memória dos tempos em que dois jovens se apaixonaram.

E obrigada por aqui ter vindo deixar as suas palavras.

Dias felizes para si, Té.

disse...

Não tem mal, UJM!...mas de facto só podia estar a fazer confusão entre mim e outra pessoa. Nada como esclarecer.

Tudo de bom, felicidades, também para si.

Um beijinho, UJM.

Gina disse...

Apraz-me ver que sou lembrada, eu e o meu duradouro amor, num blogue que não é meu. Muito bom. Obrigada Té. Obrigada UJM.