Recapitulando: levámos as vacinas na 3ª feira. Na 4ª comecei a ficar constipada, na 5ª estava perdida, desidratada e exausta, só espirros e pingo. Tomei um anti-histamínico. Na 6ª feira nem pingo nem espirros mas completamente KO. De sexta para sábado praticamente não dormi, tosse, tosse e mais tosse. E ainda não estou completamente recuperada. Entretanto, na 6ª e no sábado ficou o meu marido na mesma. Ou seja, provavelmente não é reação às vacinas, mas alguma bicheza da época. Não é gripe (das que constam do teste) nem covid pois testei negativo a tudo. Mas, seja o que for, deixou-nos afanados.
Ora acontece que, por vezes, quando tenho destes estados inflamatórios, a coisa descamba e parece que vai alojar-se, exacerbadamente, numa articulação. Ainda nenhum médico me deu uma explicação cabal para este fenómeno.
Desta vez, um pulso. Começou ontem. Doía-me, senti que estava a começar a inchar. Apliquei pomada, pus gelo. A noite passada quase não dormi, cheia de dores no estupor do pulso. Percebi logo que já só lá ia com a porcaria do anti-inflamatório que os médicos me dizem que tenho que evitar e que este ano está a ser um bocado recorrente.
Lembro-me do meu pai, já acamado e com um pulso e a mão super inchados, encarnados, e ele aflito de dores, ninguém podia lá tocar, nem o lençol ele suportava. Como o percebo... Não é ácido úrico. É só isto: do nada, uma articulação inflama. Só que são dores incapacitantes, o inchaço a progredir.
Portanto, gelo e anti-inflamatório, mão ao peito, dores terríveis, quase sem conseguir fazer nada sozinha.
Uma vez falei nisto ao médico de família e ele disse: para a próxima, quando acontecer, venha logo cá. Respondi-lhe que não se conseguem marcar consultas com essa facilidade e aconselhou a ligar para a Saúde 24.
Portanto, contrariada (e contrariada pois estava a sentir-me suficientemente incomodada e receava que dali não viesse boa coisa), lá liguei. Fiz a chamada com a mão direita pois a mão esquerda está incapacitada. Mas tive que marcar números para responder às opções que a gravação ia pedindo. Estava mesmo à nora. Quando pediram que digitasse o nº de utente, o meu marido entrou e ajudou-me. Começou, então, a música. Não cronometrei mas foi seguramente mais de meia hora a ouvir música. Quando estava a desesperar e a pensar que se fosse alguma situação urgente, estava bem tramada, apareceu-me uma voz masculina.
Começou por dizer que ia fazer-me perguntas para ver se era uma situação de emergência. Disse-lhe que não mas ele insistiu em perguntar-me se tinha caído, se estava com uma hemorragia, se tinha um membro dormente, a boca ao lado, etc. Disse que não, só querendo passar ao que me levava a ligar. Uma pessoa quando está aflita com dores, limitada nos seus movimentos, fica impaciente. Além disso, com as dores muito fortes, baixa-me a pressão arterial. Tive que me deitar para não desmaiar. Imagine-se. A voz masculina começou, então, a perguntar o que eu tinha. E escrevia, escrevia, escrevia. Uma pergunta, eu tentava atalhar mas ele queria detalhes, e escrevia, escrevia. Finalmente, eu à beira da exaustão, diz-me: 'Não desligue, vou passar a uma pessoa sénior'. Mais música.
Passado um bocado, alguém que se apresentou como enfermeira qualquer coisa. Novo interrogatório, novas respostas. Depois lá veio a conclusão: 'É um caso agudo. Vamos marcar uma consulta no centro de saúde. Não desligue'.
Mais música. Um jovem apareceu a marcar a consulta. Antes de desligar pediu-me para me fazer mais uma pergunta: 'Se na Saúde 24 não tivéssemos atendido, o que faria?'. Respondi: 'Talvez fosse a um hospital privado'. O jovem tomou nota da resposta.
47 minutos ao telefone. Quase uma hora. Uma pessoa a sentir-se cheia de dores e com a tensão nos mínimos, e isto. Exausta. Se estivesse mesmo aflita, não aguentaria.
Ao comentar com a minha filha, ela disse: 'Num caso de emergência, é de ligar logo para o 112'. Espero que sim, que não obriguem a passar antes pela Saúde 24.
À tarde fui então à dita consulta. Não era o meu médico, era uma médica que me pareceu jovem e inexperiente (estava de máscara, não consegui ver bem). Estava um bocado agarrada a uma particularidade, não conseguiu perceber o que se passava, pareceu-me que estava literalmente a apanhar bonés. Não prescreveu análises para despistar os motivos do estado inflamatório que eu pensava que era o objectivo. Pelo contrário, mandou fazer RX ao punho, com urgência. Não creio que um RX apanhe a inflamação na articulação e despiste a origem da inflamação que, cá para mim, não está ali. Disse-me ainda que depois, com o resultado, marque uma consulta com o médico de família pois ele é que dará seguimento ao que houver a fazer.
Saí da consulta a pensar que mais vali que tivesse ficado em casa, com gelo e de braço no ar. Mas, pronto, tentei marcar a dita consulta. Só há vagas para o fim de Janeiro.
Depois, pus-me ao telefone para tentar marcar o RX através do SNS. Só encontrei duas clínicas que tinham acordo com o SNS para RX mas só teriam vaga para muito depois, ou seja, quando esta inflamação tiver passado (pelo menos assim o espero).
Marquei para uma clínica privada, claro.
Depois, se vou estar 4 meses para ir mostrar o rx ao médico de família ou se antes me viro para o lado privado, logo vejo.
Com isto tudo, ainda estou na mesma, a escrever só com a direita, a esquerda inchada, dolorosa, ao alto.
Conclusão: isto que tenho, apesar de me estragar o bem-estar, não é nada de vida ou de morte. Mas, bolas, e se fosse? É assim que estas coisas estão a funcionar no SNS? Se é, só posso recomendar que ninguém se acidente ou adoeça. Caraças.
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