segunda-feira, agosto 25, 2025

Um dia em forma de assim

 

Hoje foi dia de rega manual. O sistema de rega não chega a todo o lado, nomeadamente a vasos ou a trepadeiras ou arbustos plantados no terraço. Já devo ter contado que é tarefa minha e que a faço de gosto, geralmente com pouca roupa vestida e descalça. A pouca roupa não se prende só com o facto de ser encalorada mas também porque ao puxar pela mangueira, volta e meia alguma coisa se solta e apanho um valente banho. Não me importo nada, sabe-me até bem, mas assim é mais fácil de secar do que se andasse vestida da cabeça aos pés. E isso foi uma das partes boas do dia.

Há alguma relva que parece não querer ficar saudável e verdinha e temos vindo a adiar a decisão de a substituir, nesses sítios, por outra coisa, supostamente por um tal trevo branco anão. Teremos que ir comprar as ditas sementes, ver qual a melhor altura para a semeadura, depois deitar mãos à obra e tapar. Sempre que tentámos semear qualquer coisa, nomeadamente relva, não tivemos esse cuidado e os pássaros chamaram um figo às sementinhas. 

Tirando isso, tivemos que ir à cidade pois temos andado com uns certos e determinados compromissos, coisa que tem dado algum trabalho e que a mim me tem trazido um bocado enervada pois sou muito germanófila no rigor do cumprimento do que se combina e tenho que tentar controlar-me para não mostrar excessiva irritação quando lido com pessoas que se estão a marimbar para o que está acordado, que acham que tanto pode ser assim como assado, tanto pode ser agora como quando calhar e que consideram que os compromissos estabelecidos foram um mero pro forma que não interessa nem ao menino jesus. O meu marido tenta pôr água na fervura e os meus filhos também aconselham alguma relativização. Mas, para mim, há uma ética, que é inegociável, no cumprimento dos compromissos. Não me desvio um milímetro do que se combinou e respeito escrupulosamente os outros. Por mais que me digam que ética é coisa que escasseia ou que gente imprestável é o que mais não falta, a mim custa-me fazer de conta que está tudo bem quando está tudo virado às avessas. Apetece-me espernear à força toda, confrontar ou penalizar quem se está nas tintas para o rigor, para a ética, para o respeito.

Mas, enfim, também compreendo que a vida é mais do que o somatório de todas as pequenas parcelas que a constituem, pelo que, por vezes, mais vale passar por cima das parcelas enviesadas, fazer de conta que nem as vemos, e tentarmos focar-nos nas parcelas escorreitas e na seiva que as irriga e nos bons sentimentos que alavancam o nosso bem estar. 

Portanto, siga o baile.

Estando na cidade, passámos por uma daquelas lojas de pão da moda, daquelas todas xpto, todas alto décor (e alto preço), todas biológicas e artesanais. Foi o meu marido que deu por ela e que sugeriu que entrássemos. O cheirinho daquilo é altamente convidativo. Esfomeada como sou e altamente amante de pão, fiquei logo cheia de vontade de experimentar aquelas variedades mais estranhas. Mas, depois, lembrei-me que, agora que os três leões da família também já fizeram a festa toda (depois de me terem feito comer bolo e mais bolo... isto a seguir aos três caranguejos), está mais que na altura de voltar a tentar fechar a boca. Portanto, foi o meu marido que escolheu: um de espelta e outro de centeio, tudo massa mãe. Mas depois vi uma focaccia de azeite e de alecrim e não resisti. Vi também um brownie de chocolate e pistácio e também não. Mas, em minha defesa, direi que não era um brownie, era uma partíula de brownie, ainda por cima uma partícula estupidamente minúscula. Cada um de nós dois deu uma dentada e o bolículo desandou. Mas era bom. Lá isso não vou negar. Não resisti também a uma espécie de pãozinho fofo com uns tininis de coco. Mínimo também. Não sabe a nada nem é doce. Não achei graça. O meu marido disse que não era mau.

E, feita maria deslumbrada de visita à cidade, ao passar por uma loja de coisas para a casa, entrei e, como sempre, fiquei estupefacta com a quantidade de apetrechos para tudo e mais alguma coisa. Resisti a trazer toda a espécie de bugigangas, algumas das quais tinha que ler na embalagem para perceber o que eram e para que serviam de tão desconhecidas para mim. Mas trouxe uns individuais para a mesa da casa in heaven pois os que lá temos já estão um pouco usados e é mais fácil usar individuais laváveis do que, de cada vez, estar a usar uma toalha grande que tem que ser lavada na máquina. 

E esta parte de ir à padaria ou à loja das coisas para a casa também foi boa. E as caminhadas que fizemos também foram boas. O tempo já está mais fresco, sabe bem voltar a sentir este arzinho que já prenuncia o doce outono.

Portanto, vendo bem as coisas, o dia até não foi mau de todo.

E bola para a frente porque para a frente é que é caminho. É ou não é? 

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