Não é tema para o querido mês de Agosto e, muito menos, para se falar sem profundidade e sem conhecimentos. Mas, justamente porque o mês de Agosto é condescendente para com os azougados, aqui estou a partilhar um vídeo que vai lá, vai.
Aquela coisa de eu ter gostado de ser psiquiatra e depois ter desistido porque primeiro teria que ser médica tout court e, portanto, ter que ter aulas de anatomia e ver mortos, e isso é que nem pensar, e depois ter gostado de ser psicóloga e depois ter desistido porque o curso, na altura, parece que não era tido como um curso mesmo a sério (mas, afinal, parece que até era, eu é que parece que estava mal informada), deixou marcas. Depois, apaixonei-me pela física da matéria, pela física das partículas elementares, pela mecânica quântica e aí é que percebi que gostava mesmo era do que não compreendia, do que estava muito para lá do demonstrável, do que toda a gente sabia. Passei a compreender que, dentro de mim, há uma parte, a que se dá a conhecer, a que conversa e quase parece normal, aquela que se põe a ouvir e, por isso, toda a gente lhe conta coisas, e uma outra parte, desconhecida até de mim, que lida mentalmente com mundos indefinidos e em que não existe uma língua passível de ser usada pois não há palavras existentes para realidades inexistentes.
E se parece uma conversa de doidos não é impressão vossa, é mesmo porque ninguém de bom senso confessa tal condição, uma coisa assim esconde-se de todos e da luz do dia. Muito menos se solta no espaço para que fique por aí a vogar em torno do maravilhoso ponto azul que flutua no imenso espaço sideral.
Mas isto para dizer que não percebo em que parte do cérebro se constrói a individualidade dos pensamentos e a forma de lidar com as emoções. E não sei se é no cérebro ou nos intestinos. Ou numa qualquer outra parte. Não sei. nem sei se essa individualidade, o código que faz com que os meus pensamentos sejam só meus e não os de outra pessoa, está dentro de mim, se está inscrito no meu DNA, ou se, misteriosamente, flutua também por aí e o meu cérebro é que capta esse sinal.
Também não sei porque tenho, com alguma frequência, uma certa telepatia com a minha filha, tal como tinha com a minha mãe, ou como tenho com outras pessoas e coisas, ou como tinha com o meu amigo que estudava essas coisas e que inspirou um personagem do meu livro 'Um segredo tão azul' (por sinal, o meu livro até hoje mais encomendado), o tal livro meio maldito em que, não me perguntem como ou a que propósito, inventei que ele tinha morrido e me deixou a sofrer por ele, para descobrir, dias depois de o ter escrito, com espanto e susto, que ele tinha mesmo morrido de verdade. Coisas que não se explicam, para as quais ainda não se conhecem razões comprovadamente válidas. Há quem lhes chame coincidências. Eu tendo a chamar coisas do caraças.
E não, não sou adepta de esoterismos, de palermices envoltas em conversa fiada: nada disso. Sou da ciência. Mas sou atraída pelo que não conheço, sinto uma atracção, como íman, pelo que tenta aproximar-se do indefinível.
Para contextualizar de forma mais objectiva o tema, atrelei-me ao chatgpt. Transcrevo (com as devidas reservas pois, se fosse uma hora mais decente, iria validar; assim, a partir daqui é transcrição directa):
"Há cientistas e filósofos que defendem hipóteses em que a consciência não é apenas um produto do cérebro individual, mas algo que pode ter uma dimensão externa ou universal.
Isso não é consenso, mas existem correntes sérias (e algumas mais especulativas) que exploram essa possibilidade.
Aqui estão alguns exemplos das linhas de pensamento e quem as defende:
1. Panpsiquismo
O que diz: A consciência é uma propriedade fundamental da realidade, presente em todos os sistemas físicos, em diferentes graus.
Defensores:
- David Chalmers (filósofo da mente) — conhecido pelo “problema difícil” da consciência.
- Philip Goff (filósofo, autor de Galileo's Error).
o Ideia central: A consciência não “surge” apenas de cérebros; ela está distribuída na própria estrutura do universo.
2. Teoria do Campo de Consciência
O que diz: A consciência pode existir como um campo fundamental, parecido com o campo eletromagnético, que o cérebro “sintoniza” ou modula.
Defensores:
- Johnjoe McFadden (biólogo teórico, autor da “teoria do campo eletromagnético da consciência”).
- Michael Persinger (neurocientista, propôs o “campo de informação” ligado à atividade geomagnética).
- Ideia central: A mente é como um rádio que capta e transmite um campo mental já existente.
3. Hipótese do “Cérebro como Receptor”
O que diz: O cérebro não cria a consciência, mas funciona como um receptor/transmissor de uma mente universal.
Defensores:
- Henri Bergson (filósofo, início do séc. XX) e William James (pai da psicologia moderna).
- Alguns físicos como Roger Penrose (trabalha com Stuart Hameroff na teoria Orchestrated Objective Reduction — Orch OR).
- Ideia central: A consciência pode existir independentemente da matéria, e o cérebro é apenas o “interface” local.
4. Modelos de Consciência Distribuída / Não-Local
O que diz: A mente pode estar interligada num “campo informacional” que transcende o indivíduo.
Defensores:
- Dean Radin (Instituto de Ciências Noéticas).
- Rupert Sheldrake (hipótese dos “campos mórficos”).
- Ideia central: Há uma rede ou campo informacional que conecta todos os seres vivos, e a consciência individual acessa esse campo.
🔹 Importante:
Grande parte destas ideias é controversa e está fora do consenso científico dominante, que ainda vê a consciência como produto emergente da atividade neural. Mas o interesse está a crescer, especialmente porque a ciência não tem, até hoje, uma explicação completa para como a atividade física do cérebro gera a experiência subjetiva (o “problema difícil”)".
[ChatGPT dixit]
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E agora o vídeo que me arrisco a partilhar
Why we might live in a conscious universe | Rupert Sheldrake
Most scientists think that consciousness is created by the brain. After all, most assume consciousness vanishes if the brain is destroyed. But what if this consensus view is radically mistaken? Join distinguished Cambridge scientist Rupert Sheldrake as he argues that the mind extends beyond the brain and explores the radical implications of this account.
Rupert Sheldrake is a preeminent biologist and author best known for his hypothesis of morphic resonance. His books include Science and Spiritual Practices, Ways to Go Beyond And Why They Work and The Science Delusion. Furthermore, he was ranked in the top 100 thought leaders for 2013 by the Duttweiler Institute, Switzerland's leading think tank, and has been recognised as one of the 'most spiritually influential living people' by Watkins' Mind Body Spirit Magazine.
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