Daqui a nada são duas da manhã e é agora que estou a começar a escrever aqui.
Ao fim de não sei quantos dias repletos de anormalidade eis que consegui um dia parcialmente normal. Um dia não, uma tarde.
A manhã não foi. Quase toda ao telefone. Tentar falar com um médico num hospital é tarefa do outro mundo. O telefone toca, toca e ninguém atende e, depois de muito tocar, a chamada esgota-se por si. Recomeço. A mesma coisa. Quando alguém atende e tenho oportunidade de dizer o que quero, a chamada é transferida e toca, toca, toca e ninguém atende e, depois de muito tocar, a chamada auto-desliga-se. E recomeço.
Ao fim de horas, consigo.
E quando transmito à minha mãe o que a médica disse percebo que já não está nem aí, já mudou de ideias.
Portanto, da manhã não reza a história. Mas a tarde foi razoável.Acabei a revisão da minha """obra""" (e ponham lá aspas na obra que eu tenho os pés na terra e tenho bem noção do caminho que ainda tenho para andar).
E já escrevi também a sinopse, coisa que estava meio bloqueada pois queria revelar sem revelar e não estava a fluir.
Mal acabei, enviei para o meu marido.
Entretanto, atirei-me ao seguinte que é da pesada. Quando falei do primeiro o meu filho perguntou-me se eu não ia envergonhá-lo. Assegurei-lhe que não. Mas deste segundo não poderei dizer o mesmo.
Quando há pouco quando foi deitar-se, lembrei o meu marido que já lá tinha o livro para ler. Disse-me que estava mais interessado no segundo.
Estava eu aqui no sofá a reler o que já tinha escrito, coisa pouca, umas vinte e tal páginas, e não conseguia parar de rir. Ele queria que eu lesse em voz alta mas não lhe fiz a vontade. Nem pensar. Lê no fim ou quando a coisa já tiver mais forma.
A verdade é que já fiz completamente a agulha e agora já só me apetece atirar-me a este. Tenho que encontrar a forma mais correcta de o conduzir.
Digo já. O primeiro é ficção com alguma realidade ficcionada à mistura. O segundo fia mais fino, é um livro de memórias, umas verdadeiras e outras nem tanto. Ora como é que uma pessoa como eu, mais torrencial que metódica, escreve um livro de memórias?
E em segundo plano na minha mente está a preocupação da publicação. Ideias não me faltam, incluindo derivações diversas, cada uma mais destravada que a outra.
Na volta ainda me meto é a criar uma editora própria. Mas não quero. Não tenho pachorra para coisas maçadoras, estou mais numa de criar. Conheço uma pessoa que tem uma editora e sei as trabalheiras que às vezes tem. Aliás não conheço uma, conheço duas. Géneros opostos mas em qualquer dos casos é gerir empresas. Podem ser pequenas empresas mas são-no. Não quero. Já tive a minha dose.
Contudo, há muito que aprendi que nunca se deve dizer nunca. Na gaveta é que não ficarão.
(Digo eu de que).
Portanto, bola para a frente. E depois logo se vê.
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Fotografias de Vincent Fournier na companhia de Natalie Merchant, Blackberry Sessions
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Desejo-vos uma boa friday
Saúde. Boas vibes. Paz.
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