quinta-feira, janeiro 20, 2022

Há algum partido chamado 'Maioria Absoluta' em que a malta possa pôr a cruz?
Não...?
Então por que raio anda isso no centro da discussão política?!
Santa paciência. Prefiro ver macacadas do que aturar gente parva.

 


Nas eleições, seja para a escolha de Deputados, de um Primeiro-Ministro (que, nas Legislativas, é um dos factores determinantes), de um Presidente da República, da Direcção da Associação de Estudantes ou do Delegado de Turma, só há uma regra válida: escolhe-se a que nos parece a melhor opção.

Podemos não nos identificar a 100% mas devemos escolher o que achamos mais competente, mais confiável, que tomará melhor conta do recado, que melhor nos representará, que mais provavelmente agirá de forma a merecer o nosso apoio.

Por isso, se gosto mais da Lista A ou da pessoa X, só se for muito burra é que vou votar na Lista B ou na pessoa Y.

Portanto, toda esta conversa da maioria absoluta que assola a comunicação social e a campanha eleitoral é puro nonsense, é conversa de gente desfocada ou desocupada, treta saída da cabeça de jornalistas, de comentadores e gente fútil dos partidos que gostam é de armar confusão e inventar caso. 

Obviamente não tenho pitada de perfil político para me meter em partidos ou a fazer qualquer tipo de campanha. Mas, se um dia sofresse uma valente pancada na cabeça e me metesse nisso e se me visse com um bando de jornalistas à perna a moer-me a paciência sobre se eu queria a maioria absoluta, acho que não me conteria: 'Não chateiem, pá. Desgrudem. Vão dar banho ao cão! Xô! Melgas...'

Se a maioria das pessoas votar na Lista A e a Lista A obtiver a maioria absoluta tudo bem, será o que a maioria das pessoas mostrou querer. O absurdo seria as pessoas quererem maioritariamente a Lista A e, ao votarem, votarem na B e, no fim, ainda haver o risco de ganhar a Lista B. Só se as pessoas forem parvas é que votam assim.

E depois há outra coisa: há algum problema em haver maioria absoluta? Não vejo. 

Com uma Assembleia da República a funcionar livremente, com um Presidente da República independente e com poderes para agir se a coisa derrapar, quem é o tolo que ainda tem medo da maioria absoluta como se fosse um bicho papão para assustar criancinhas? Pamordedeus.

Pois eu, pela parte que me toca, tanto se me dá. Gostava que ganhasse o PS e gostava que não fizesse acordo com as sonsas, hipócritas e desleais do Bloco nem com os fracos do PCP que, entre servirem o País e servirem a ala reaccionário do partido, optam por fazer o que os fundamentalistas da velha guarda querem.

Se o PS tiver que fazer algum acordo, que seja com gente de bem, gente confiável, democrata, madura, leal. Mas se conseguirem governar com o seu programa e sem terem que andar à babugem de agradar a uns e outros que usem isso para chantagear o Governo, também tudo bem.

Sei o que quero e acredito na democracia. Tirando isso, batatas. 

E por isso mesmo, porque não há pachorra para tanta parvoíce, não vi televisão. Não sei por onde andaram os candidatos, o que fizeram, o que disseram nem, muito menos, o que andou por aí a dizer essa praga dos comentadores.

Entre trabalhar, cozinhar, caminhar (debaixo de um frio de rachar), brincar com o urso felpudo, telefonar, ler e sei lá mais o quê não sobrou disponibilidade para me maçar. Só se fosse masoquista... -- e eu posso ser muita coisa, muita maluca, mas masoquista não sou. 

Ou melhor, geralmente não sou. É que, de vez em quando, para confirmar que as modas não saem do mesmo sítio, cedo à tentação de ver. Não me aguento muito mas, por pouco que seja, acabo sempre por confirmar que, se a maioria dos partidos parece andar à deriva sem saber a que porto aportar, pior ainda é o que a comunicação social faz deles. 

E, assim sendo, mal dormida e perdida de sono, ao sentar-me hoje aqui à noite, foi com agradável surpresa que vi que o meu amigo algoritmo me tinha presenteado com vídeos com macacos. Gente boa os macacos. Chimpanzés, orangotangos, tudo gente inteligente e com sentido de humor. Melhores que Catarinas, Rios, Venturas e por aí vai. Estes aqui são uma ternura, uma graça. Que bom vê-los.




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Pinturas de André Derain na companhia de Cat Power a interpretar These Days

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E, para si que está aqui ao pé de mim, um belo dia

Uma boa onda. Uma boa notícia. Uma boa saúde. 

5 comentários:

Monteiro disse...

Também não gosto que a malta da imprensa privelegie os patrões do “Rato” e da “São Caetano” em relação aos outros candidatos a deputados. Dar-lhes o triplo de tempo é uma sacanice de todo o tamanho -uma sacanice de lesa democracia. (Não fui eu que escrevi mas dá que pensar). Também há uma coisa intrigante que circula por aí, é o cheque de 10 mil euros que o Rendeiro passou em nome do PS. Depois vê-se o Ventura a falar de Mercedes quando segundo a insuspeita Cofina
há dias (3 anos) os comunistas adquiriram 103.619.340 ações da Daimler Benz AG, a fábrica dos célebres Mercedes, por mais de 7,4 mil milhões de euros, já depois de terem adquirido a Volvo sueca e as fábricas Proton da Malásia e dos London Táxi...Quem mandou vender tudo e dar tudo aos pobres foi Cristo, não foi Marx. Isto está cá uma confusão, digo eu.

Um Jeito Manso disse...

Olá Monteiro,

Traçando a bissectriz aos seus argumentos chega-se a que conclusão...? Que isto está cá uma confusão...?

E, face a isso, vai fazer o quê: refugiar-se numa gruta onde não lhe cheguem ecos dessa confusão?

Conte-me coisas.

Dias felizes para si, Monteiro.

Monteiro disse...

O que lhe posso contar é que sou um apaixonado pelas causas que considero nobres tais como lutar pela justiça social e pela ciência e acho que isto abarca tudo. Choro a ver a ler a estudar a vida de intrépidos heróis que lutam por um mundo melhor. Esta é a conclusão a que chego depois de ter traçado a minha bissectriz que, coisa engraçada, nunca antes tinha pensado nisso de forma tão crua e nua. Obrigado.

Um Jeito Manso disse...

Monteiro,

Heróis mortos? De quem apenas se contam as coisas boas, os actos nobres? Ou heróis vivos, com as suas contradições e imperfeições?

Não haverá uma maneira de lutarmos pela justiça e pela ciência e, ao mesmo tempo, escolhermos, para governar o nosso país, os melhores (ou, até, apenas os menos maus) e desculpar-lhes os pequenos erros?

Sejamos exigentes no que é essencial e indulgentes no que é acessório, passageiro, irrelevante.

aamgvieira disse...

Sr Monteiro:

Nos anos sessenta, "if you go to S.Francico" o óbvio era,"keep out the grass"...

Mantém-se actual........

A.Vieira