sexta-feira, agosto 13, 2021

Las cholitas peleadoras e las cholitas escaladoras
-- um exemplo de libertação no feminino

 

Todos os dias aprendo qualquer coisa. Seja com quem for. Por exemplo, com os miúdos estou sempre a aprender. 

Hoje foi esta que aqui partilho convosco: as cholitas luchadoras. Não foi com os meus pimentinhas mas foi no The Guardian.

Estou espantada com o que estou a ver. Vivendo num meio marcadamente machista, lutando contra dogmas, preconceitos e estereótipos, estas mulheres deram um pontapé em tudo isso e partiram para a acção. Fazem o que querem e ninguém ousa travá-las. Pelo contrário, adquiriram uma projecção com que jamais alguém poderia ter imaginado. 

Transcrevo do Guardian:

Bolivia’s cholitas luchadoras began wrestling in the early 2000s. The women, indigenous Aymara Indians who have traditionally been marginalised and oppressed, took to Mexican-style lucha libre wrestling for mental and physical health – and to stick two fingers up to a culture where wrestling was strictly a male preserve. For many it was also a means of escaping domestic violence. Their choreographed fights in the ring became a dramatisation of day-to-day struggles, all the while adorned in their traditional dress of layered skirts, petticoats and embroidered shawls. Their name, too, subverts and reclaims a term, cholita, that has often been used to demean. But there was also a social and recreational aspect to the wrestling matches that are staged as entertainment, and have grown over the years. Today it’s become a living for many of them, with their fights drawing huge crowds of local people and tourists.
Eu que passo a vida a tentar que os miúdos não se ponham a ver wrestling (porque, senão, tentam reproduzir e correm o risco de se magoarem), desta vez fiquei curiosa. 

Em especial a ideia de que, para além de ser uma libertação a bem da sanidade física e mental, algumas o começaram por fazer para fugirem à violência doméstica parece-me assaz interessante e seria até bom que fosse uma ideia inspiradora para quem sofre violência, física ou psicológica, no interior da sua casa. 


Uma mulher poder virar-se a um patife cobardolas e assustá-lo, ameaçar saltar-lhe em cima, deve ser deveras assustador. Imagino que um zé-ninguém armado em valentão, preparado para dar um par de tabefes numa mulher, pense duas vezes antes de fazê-lo se souber que há sérios riscos de ela o levantar no ar, dar-lhe uns valentes piparotes, acabando a saltar-lhe em cima a pés juntos.

A ideia de que, além disso, isto já é um modo de vida para muitas mulheres parece-me daquelas reviravoltas na sorte destas mulheres que não podia deixar de aqui falar nisto. 

É ver para crer. Contado não se acredita.


Aqui é mesmo o vale tudo, provavelmente até tirar olhos. E o cenário de batalha montado no meio da rua numa zona notoriamente pouco abonada dá bem a ideia de como isto é uma actividade do povo, mais concretamente, de mulheres do povo.. 

Carmen Rosa, cholita peleadora


E aprendi que há também as cholitas escaladoras. Uma lição de força, de libertação, de coragem.

“Cholitas” are Bolivian women with indigenous heritage known for their colorful attire, round top hats and ornate earrings. In the world’s highest capital city of La Paz, Bolivia, 11 Cholitas are on a mission to overcome sexism and discriminatory attitudes and climb mountains in their traditional garb. Led by Jimena Lidia Huaylas, the Cholita Climbers were once high-mountain cooks. But since December 2015, they've been ascending the country's snowy peaks as mountain climbers. United by their love of mountains and a sense of defiance, the Cholita Climbers will stop at nothing to attain the feeling of freedom that comes from scaling great heights.

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A primeira e a terceira fotografias são da autoria de Todd Antony

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Se calhar, por cá as associações de apoio às vítimas de violência doméstica poderiam proporcionar-lhes formação em técnicas de defesa e luta. Tenho ideia que os homens que exercem violência de qualquer tipo sobre as mulheres rapidamente meterão o rabo entre as pernas se se sentirem verdadeiramente ameaçados, nem que seja ameaçados de serem postos a ridículo

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