Esta semana começou especial, como ontem contei. Como é sabido, a semana começa ao domingo, dia de descanso. E dia de encontros. Vieram buscar as bicicletas para darem um passeio por aqui. E, mal chegaram, desataram a brincar, a andar de balouço, o mais novo foi logo buscar os carrinhos ao baú, a menina já tão crescidinha, o mano do meio cheio de força, num ápice a subir pela corda até ao cimo da árvore. Mas foi visita rápida, confinamento oblige. Fechados durante tanto tempo, hoje dois deles retomaram a escola e, portanto, a véspera foi para desopilar.
Mal mudaram de roupa e lancharam, foram para o andar de cima, cada um para o seu lugar preferido. E ao jantar, rica saúde, dá gosto vê-los, comeram que nem uns desalmados. Sopa de legumes e costeletas com couscous. Quando estava a fazer as costeletas, achei que eram demais, um exagero. Hesitei. O meu marido que, na altura, passava por ali, disse: 'Faz tudo, fica para o almoço'. E quando estava a cozinhá-las, tantas, pensei outra vez: um exagero. Afinal sobraram três. A minha filha diz que não sabe o que lhes dá, parece que ficam varados de fome. Comem, comem, e não ficam barrigudos e, segundo dizem, nem se sentem cheios.
Quando acabaram, voltaram a correr para o andar de cima: o mais velho, que está mesmo quase da minha altura, para o cadeirão relax, com uma mantinha de veludo macio por cima, o mais novo, na mesa. Ambos jogando, felizes por estarem ali. Aquele espaço, todo só para eles, é o seu reino.
Contudo, a nível profissional, o meu dia voltou a não ser especialmente fácil. Como em tudo na vida, também aqui há altos e baixos. Não é fácil agradar a gregos e troianos. Onde uns se sentem motivados e agradecidos, outros sentem-se pressionados ou pouco reconhecidos. E não andam à mesma velocidade e, por vezes, há quem tenhas sérias dificuldades em acertar o passo. Não é fácil orquestrar um grupo grande demais para tocarem todos afinados. Tenho, muitas vezes, que invocar todas as minhas forças para me manter firme, esperançada, com energia para convencer uns a fazer isto, outros aquilo, para explicar porque não podem ter isto se, antes, não fizerem aquilo, para os convencer a falar menos e focarem-me mais. Muito difícil. A Manuela Ferreira Leite disse uma vez que, para se conseguir uma certa coisa, só se houvesse ditadura durante uns tempos. Às vezes, isso ocorre-me. Seria mais fácil. Felizmente, é pensamento que rapidamente voa para bem longe. E, assim, no meio da saudável democracia, aturo queixas de uns e outros, assisto quase impotente a como se desfocam e perdem tempo e energias a discutir o que não interessa para nada.
Mas, enfim, esta semana vou tentar que tudo isso, todas as preocupações que diariamente se sucedem, passem um pouco para segundo plano. Não me será fácil mas acho que devo tentar. Se pudesse tirava até uns dias de férias. Por sorte o tempo está a ajudar, um solinho quentinho de dar gosto. Uma primavera a vir devagar e com ares de vir a ser boa.
2 comentários:
Se eu pudesse dar beijinhos na minha neta, que vive fora, também seriam bem sonoros. Só parava um bocadinho para ambas ouvirmos as andorinhas!
Tão bom, os meninos de regresso...!
Um belo (que está literalmente, também) dia!
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