Se não há cão, caça-se com gato.
Se não há pão que comam brioche.
Se não recebes ramos de rosas, contenta-te com ramos de salsa.
Se não vives perto do mar, contenta-te com banhoca na banheira.
Se não dá para caviar, para azeitonas há-de dar.
E etc.
E, portanto, se não há motivos para festança ou aperaltamentos, no big deal, a gente alegra-se na mesma a ver anúncios feitos para gente feliz e desmascarada.
[Depois de ter visto reportagens da desgraça que lavra nos hospitais ou médicos a explicarem os danos que o corona causa nos pulmões, nos rins, na cabeça, all over, só posso dizer que eu própria me arrogo o direito à condecoração de a mais alienada ou a mais fútil à superfície da terra]
E é, portanto, de medalha ao peito que digo que sempre tive esta coisa de ter a cor dos lábios a fazer pendant com a toilette.
Pendant não é igual a igual, note-se. Pendant quer dizer 'em sintonia'. Ou talvez 'em harmonia'.
Contudo, always, sem aparatos: sendo de labiatura evidente, sempre me achei melhor com cores não demasiado apelativas. Coisas cá minhas. Poderia até ser apenas um suave brilho. Mas o tom do brilho não é indiferente. Lamento desiludir os mais pragmáticos mas as verdades são para ser ditas: a cor é essencial e o seu doseamento mais ainda. Com isto, sempre tive a carteira pesada demais por ter que transportar vários batons. Se estava em tons rosa, não ia estragar o equilíbrio do conjunto aplicando um despropositado carmim. E vice versa. Portanto, sempre senti necessidade de transportar comigo toda a artilharia. Não que tivesse que andar sempre a disparar mas, se a necessidade surgisse, obviamente tinha que ter comigo as munições. Prudente, eu. Mulher prevenida vale por duas, sempre ouvi dizer.
Pois bem. Quiçá como eu muito mais criaturas com a mesma pancada pois eis que a Yves Saint Laurent lançou um game changer. Um doseador de pigmentos que, au moment, avalia a cor do vêtement, avalia a cor da pele e a cor do cabelo e, ali mesmo, acciona algoritmia e a composição optimizada e, qual milagre, a coisa dá-se, perfeita. Ou não é isso, é querer ter a mesma cor que a diva que gostaríamos de emular usa para se mostrar ao mundo bela e com tudo au point: nada a saber, clic aqui, clic acolá e a app diz como é. Ah o maravilhoso mundo das apps e da AI...
[Ah... e que golpe tão baixo... logo eu eu tão céptica em relação à inteligência artificial e à devassa consentida das apps... Mas adiante que quando o tema é beleza que remédio a gente tem senão deixar que o cepticismo amoleça um bocadinho, não é...?].
Contudo, nada de euforias. Como dizia o outro génio, não há almoços grátis. 250€. É para quem pode, dizia a outra. É a vida, remataria o outro. Ah pois é, bebé, digo-lo eu.
Seja como for, tanto faz. Para já, é só para ver virtualmente. E, até que as máscaras virem coisa do passado, mais concorrência há-de aparecer e os custos haverão de baixar. Nessa altura, my friends, não mais direi que não quero presentes pelo natal ou pelos meus anos.
Ora vede.
Rouge Sur Mesure Personal Lipstick Shade Creator | YSL BEAUTY
Oh my dog, what a beauty.
1 comentário:
A versão 2.0 do “olhai os lírios do campo” ..
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