Para não ser preciso ir despejar o lixo ao contentor da estrada, separamos os plásticos para um lado, o vidro para outro, o cartão para outro e, quando saímos para ir ao supermercado ou para ir ver a família, levamos para a reciclagem, para os contentores grandes que estão perto da estrada nacional. Os restos, os orgânicos, vou despejar lá em baixo, sob a caruma. Os animais comem-nos e, o que sobra, vai sendo revolvido na terra. Acho que fertiliza o solo, que aproxima os animais, e escusamos de andar a pôr restos que se degradam no contentor da estrada.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOL5AxTxXiJI4VwNDNt2cVSoHJaKx4ZwK1QJxlAcJTBu1cJ4KDsCznlNKCg_SUoDC4WM665ytY-0l56q63RSwuErJ147uR4diA3m0v3kG7xeHc96C-nTjp8T3kqN_HLUUuwdw5mgDjHIX8/s400/da+dame.jpeg)
La música, los estados de felicidad, la mitología, las caras trabajadas por el tiempo, ciertos crepúsculos y ciertos lugares, quieren decirnos algo, o algo dijeron que no hubiéramos debido perder, o están por decir algo; esta inminencia de una revelación, que no se produce, es, quizá, el hecho estético."
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDzfdPPVsM1v84AgNPI0Tw3fIbIaK6mLRye4YKQ9cVasPGb26uN_Iicmt4HpifZaUwzwYxwYveQwn6oZtytxFX8KhisQEjMY_OBem-F_ck2Scd18HBHrYuM4GSC6y8OG2wdobvpNJ8Vseu/s320/la+dame+2.jpg)
E, desde aí, quando escurece, eu olho em volta e penso: 'Será que o meu amigo açauí vem visitar-me?'. E, sem que ninguém me ouça, eu murmuro Açauí.... açauí...
Ao mesmo tempo ocorre-me, de vez em quando: 'quem será que aqui veio dar-me a conhecer este outro nome do pirilampo?'. E ponho-me a pensar se será este, se aquele, se aquela, tentando perceber como será a pessoa que tão generosamente me ofereceu um nome para eu dar à irreal aparição que é um pequeno açauí voando na noite, um pontinho de luz em que dificilmente se acredita.
Hoje cheguei aqui e resolvi rever o comentário para ver se havia alguma pista que me deixasse antever quem seria. Li, reli e não queria acreditar. Afinal não é açauí coisa nenhuma, é arincu. Reli. Arincu? Se o que ali está escrito é arincu, como é que eu registei açauí...?
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWPxGwf7uOTtCfK52k4kuYPViBJK-zkmMgYPDJceK873bP35yzuPielJpiJdjR6QSKtB4rWU2ckszu2TR_u5K_hnwg-xjOBeYm5IzsJcPspPZlPuCje14z1867u0OySIeek1vsUOIc-cdZ/s400/la+dame+8.jpg)
Enfim. Não liguem. Coisas minhas.
É como tessitura. Li e pensei na La Dame à la licorne. Fiquei a pensar no que tinha lido e a pensar que a palavra certa ali era mesmo aquela, palavra que descreve bem tudo o que envolve coisas como à mon seul désir (que eu, volta e meia, confundo com à mon seul plaisir). Tive vontade de ir buscar A Dama e o Unicórnio para reler alguns poemas, para ver as tapeçarias, para perceber bem as declinações de desejar e ser desejado: a primeira, a segunda e a quinquagésima derivada.
Tessitura. Ponto a ponto, passo a passo, o fio que se entrelaça, que desliza e prende e volteia e se cruza com outro fio, de uma outra cor, o ponto e outro ponto, a tessitura perfeita, o desenho a anunciar-se, a insinuar-se.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgB7cKYV-svA7gOS5y5rJNdeGLMJ3t0Bf2x7YfQgpCvPvbg46Gj6Qt4-IQYLerDvJzaGqavp7eGj_QVS_741AxFukDiz4iV0_mjLu2H02Nh9eqqGTcqwXIaFkp2dgjEke2g-YIpFs1KIw9y/s400/la+dame+10.jpg)
Ou o Unicórnio entrega-se?
No jogo da sedução
Quem usa a taça e a seta?
Eu capricho na conquista
no fogo da sedução
Sou Dama da minha vida
deixo nela a minha pista
Senhora de meu desejo
de meu prazer e paixão
Agora, estando eu nisto, assaltou-me a dúvida: tessitura? ou tecedura? Reli. Tessitura. Fui conferir. Pois, li uma coisa, tresli e pensei noutra. E, no entanto, agora parece-me que são sinónimos. Ou uma outra forma de dizer a mesma coisa.
Aliteração. Alitero o sentido das palavras, aconchego-as a mim, ao fogo da minha paixão, ao capricho da sedução, teço e entreteço e enlaço e deslizo o laço e em alvoroço escondo a taça e espero que o prazer das palavras de mim não faça sua escrava porque não nasci para serva mas para senhora da minha vontade e, mesmo quando me desnudo, nunca mostro o meu corpo nu mas a minha alma que apenas ilude uma nudez que nunca é real. E agora que o escrevo penso que talvez aliteração também não seja a palavra certa mas isso agora também não interessa para nada até porque é capaz de não haver palavra para isto de nascerem asas no corpo das palavras. Portanto, adiante.
E um dia bom para si que aí está desse lado
Sem comentários:
Enviar um comentário