Estava dincerto, o céu ora claro, ora escuro, de vez em quanto gotas pesadas, aragem sempre fresca. Andei a esquivar-me para não me molhar muito, a olhar o céu, a distinguir os verdes, a ouvir os pássaros, a espreitar as novidades -- as tocas, as florzinhas despontando, os ramos que precisam de ser cortados.
Quando vi o céu por entre as copas dos cedros pensei que era a abóbada celeste virada ao contrário porque o heaven desceu a este meu bocado de terra. A cúpula celeste de uma catedral feita de árvores perfumadas. Pensei: esta é a minha igreja, esta é a minha religião.
É que aqui eu sinto este sentimento indefinido que poderia ser pura religiosidade mas que pode ter qualquer outro nome e que se traduz na adoração da natureza, em devoção, em agradecimento pela felicidade que sinto e que sei que vem de dentro da terra. É como se me sentisse tocada pela bênção de estar aqui, de presenciar estas pequenas coisas que me encantam, pequenos milagres.
Não. Não pequenos. Grandes. Verdadeiros milagres.
E depois é o céu que se transmuta. As cores já são outras, a serra escura, recortada, um corpo imenso, um deus que se aquieta para ditar o silêncio, para garantir que os pássaros que se calam. E nem, de longe, chega o som de um cão que ladre lá do lado da serra nem um sino de uma qualquer de uma das aldeias do longo vale.
Tudo tão bonito, tão tranquilo, um enlevo para a alma.
1 comentário:
lindíssimo. que inspiração SERÁ HOMEM ? SERÁ MULHER? VENTO NÃO E CERTAMRENTE POIS NÃO BATE ASSIM. ESTIVE EM ALBUFEIRA E VEIO UM VENTO SUÃO- AMEI-...
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