terça-feira, junho 28, 2016

Confissão



Por todo o lado cartazes, notícias, fotografias, entrevistas. E eu nada. Não sei quem são, o que representam - e, pior, não sinto qualquer curiosidade.

Não vi o filme, não li o livro. Para mim é tudo chinês. Tinto. Coisa de um mundo que nunca tive vontade de frequentar.

Guerra dos Tronos. 


E há mais coisas assim, não é só com este. Por exemplo as Sombras de Grey ou muitos outros êxitos de bilheteira ou best sellers livreiros: toda a gente sabe, toda a gente trata por tu os personagens, toda a gente tem uma passagem especial. Eu, zero. Bola. Ao lado. Nas tintas.

Agora, chegada a casa, refrescada depois da minha caminhada, e aqui refastelada enquanto a Inglaterra não é também corrida do Euro (queriam festa? ok. Então toma, vai buscar) para poder ir jantar, pus-me a dar a minha voltinha internética. Por onde passo, ou é anúncio, ou entrevista ou artigo com fotografias. Guerra dos Tronos, Guerra dos Tronos. Passo em frente. E nem me ocorre que, na volta, estou a perder uma experiência inesquecível. Não me ocorre. O meu mundo não se intersecta com aquele mundo de gente estranha. No entanto, admito que, se calhar eu é que sou estranha. Se assim for, paciência.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela terça-feira.

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2 comentários:

Tété disse...


Olá Tazinha,

A propósito da Inglaterra ser corrida do Euro, deixo-lhe o post de hoje do blogue "ALIÁS" porque sei que gosta de saber quando tentam nadar fora de pé mas com boia escondida. Não sei se está bem por dentro desta charada, mas o certo é que eles acham que os outros são todos parvos.

- "ARTIGO 50
Como é que um Estado membro pode sair da União Europeia?
O Economist dá aqui uma resposta sucinta, mas suficientemente precisa.

"AFTER Britain’s momentous vote on June 23rd to leave the EU, many in Brussels and London want to know how it will be implemented. Since the Lisbon treaty came into force in 2009 there has been only one legal mechanism: the country that wants to leave must invoke Article 50, which sets out how it happens.

Under Article 50 it is for the other 27 countries to decide, by majority vote and without British participation, the terms of Britain’s exit. The article sets a two-year deadline for this process, which can be extended only by unanimous agreement of all 27 countries. If no deal is agreed in that time, Britain would cease to be an EU member and revert to trading with the EU on normal World Trade Organisation rules.

Brexiteers dislike this procedure as it tips the negotiating balance in favour of the EU, not Britain. Some have suggested instead another mechanism, such as a parliamentary vote to repeal the 1972 European Communities Act, which gives effect to EU law in Britain. But any such unilateral action would be illegal under both international and European law. So eventually Article 50 will have to be invoked. Yet that is unlikely to be done by the current prime minister, David Cameron, as he is resigning. It will be for his successor, who is likely to be chosen only in late September, to decide when to invoke Article 50.

Once that is done, there will also be negotiations over Britain’s new trade relationship with the EU. Because these are likely to take more than two years, they will be handled as a separate but parallel set of talks. And the new rules for trade will also have to be approved by all 27 remaining EU members and ratified by their national parliaments (and the European Parliament). That process could take many months: the EU-Canada trade deal agreed two year ago still has not been ratified. The next two years are going to be very busy."

Conclui o articulista que os próximos dois anos serão de negociações intensas ente o Reino Unido e a União Europeia, que decide por maioria de voto dos restantes 27 membros sem participação do Reino Unido.

Entretanto, Alemanha, França e Itália decidiram hoje (a UE enquanto não for uma federação mínima terá de ser governada por um directório) que não haverá início de conversações enquanto não for formaliza pelo Reino Unido a decisão de saída.

De qualquer modo, as questões de índole económica e financeira serão, com mais ou menos tempo, ultrapassadas e concluídos os tratados que, mudando alguma coisa, deixarão o fundamental na mesma. O Reino Unido foi sempre um membro da União Europeia a meio corpo e os empresários sabem sempre descortinar por onde passam os seus interesses.

Pelo menos tão críticas no caminho da saída quanto os termos do artigo 50 do Tratado de Lisboa serão as decisões que escoceses e irlandeses do norte, manifestamente pró-UE, vierem a tomar.

Por elas, talvez a formalização da saída venha a ser adiada até ao momento em que os britânicos reconhecerem que o referendo, nos termos e na inoportunidade, foi uma imbecilidade democrática." -

O que é que acha dos espertinhos?

Abrações

P. disse...

“Entretanto, Alemanha, França e Itália decidiram hoje (a UE enquanto não for uma federação mínima terá de ser governada por um directório) que não haverá início de conversações enquanto não for formaliza pelo Reino Unido a decisão de saída.” Esta frase que me permiti repescar desse tal Blogue aqui mencionado é “absolutamente extraordinária”! Explicitamente, o seu autor aceita, sem pestanejar, como se fosse a coisa mais natural deste mundo, ou desta União Europeia, que existem uns tantos países – atenção, são a maioria – que devem ser menorizados e outros, uma minoria onde estão os agora 3 grandes restantes (ALE, FRA, ITA) e que constituem um Directório (uma espécie de “governo-sombra da UE”) que devem mandar, decidir e impor o que bem lhes aprouver sobre o destino da tal maioria menorizada! Espantoso! Não contente, o mesmo autor avança (alegremente, ao que julgo perceber) com a ideia de que a UE em determinada altura passará a ser uma Federação. Seria a felicidade total. Os tais “Estados Unidos da Europa”, de que se falou em tempos. Esquecendo-se que tal alucinante projecto morreu e foi enterrado, sem pompa e nenhuma circunstância, após a então Constituição Europeia ter sido chumbada em dois referendos, um em França (membro do tal “Directório actual”) e outro na Holanda (a terra-natal do presidente do Eurogrupo). Essa fantasia do Federalismo, que não tem pés para andar e ainda bem, estimulada por Berlim (entre outros) surgiu um pouco reforçada com o Tratado de Maastricht, em 1992 e depois com a criação da moeda única. Mas, em 2005, sobretudo graças ao resultado daqueles dois referendos foi remetida para o caixote do lixo da História. Era (e é) uma concepção absurda, insidiosa e que mais não serviria do que os interesses de Berlim e poucos mais,além do das empresas de maiores dimensões, ligadas ao países europeus com mais robustas economias, em prejuízo de países como o nosso e outros, mais fragilizados economicamente. Uma ideia dessas, posta em prática faria desaparecer a identidade histórica e cultural de países como Portugal, com quase 9 séculos de existência, por exemplo (a ALE só foi unificada no Séc. XIX, por iniciativa de Bismarck, através da supremacia da então Prússia, designação essa que não poderá jamais voltar a usar após a derrota Nazi, pelos Aliados). Para além de outras implicações para os países que integrassem essa Federação, implicações de carácter social, económico, político, de justiça, constitucional, histórico, linguístico, cultural, etc. Felizmente que não passou de um projecto lunático. Só na cabeça de alguns ETs da política. Por fim, considerar de “imbecilidade democrática” uma decisão soberana, ou melhor, duas, a primeira a de recorrer a um referendo para auscultar a opinião popular sobre se o país (RU) deveria ou não permanecer nesta União Europeia e a segunda a de um povo se pronunciar em face dessa consulta, é, no mínimo, um insulto e revela uma bizarríssima concepção democrática. Aquela decisão é, para o tal autor, uma “imbecilidade democrática”, mas a continuação de um indivíduo como o Sr. Juncker, atascado até aos fundilhos com a porcaria do escândalo LuxLeacks, à frente da Comissão, já não é problema, nem tão pouco o que impõem, em termos de soberania e direitos, na política, economia, na autonomia monetário-financeira, no plano social, laboral e até nas questões de justiça, os últimos Tratados europeus, como o Orçamental, de Lisboa e Maastricht. Enfim, haverá sempre gente com visões oblíquas sobre certas matérias. É normal em democracia. Pena é que não sejam mais objectivos e respeitadores das opiniões dos outros, como no caso do RU. A lição a retirar do Brexit deveria ser como salvar a UE de, um dia se desconjuntar definitivamente. Ora, não vejo que os actuais líderes europeus estejam à altura desse desafio. Quem sabe, deste modo, se a contagem decrescente para o fim desta União Europeia já terá começado?
P.Rufino