Isto hoje está um excesso. Já vou no quarto post. Abaixo deste, falo de novo no Expresso Diário e explico porque aquilo não seduz. A seguir, faço-me eco da Harper's Bazaar e mostro Kate Moss a antecipar uma tendência para o Outono que lá vem e, mais abaixo ainda, vou até Cannes, mais propriamente até à passadeira encarnada do glamour e do escândalo.
Mas isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra. É aquilo em que já tinha pegado duas vezes tendo, depois, deixado ficar pelo caminho. Em que partido votar?
Mas, para isto não ficar muito maçador, se não se importam vamos com música e com imagens à maneira, imagens que não têm muito a ver mas que me agradam.
My one and only thrill
Do meu núcleo familiar/social mais próximo fazem parte pessoas que vão de uma direita, tão direita, que nem encontram partido que os represente, até a uma esquerda convicta, com inscrição partidária e tudo. Pelo meio há também os militantes do PS e há a maioria que não é militante de coisa nenhuma e cuja votação flutua entre os partidos do dito centrão.
De entre os inscritos no PS, uma minoria, há aqueles que se identificam com o aparelho e que colaboram activamente em campanhas e, pelo menos um deles, está ligado a cargos dirigentes nem sei exactamente do quê. Quando me referem, com algum orgulho, tal coisa, o meu cérebro entra num modo qualquer que apaga tudo à medida que ouve. Por isso, por incrível que pareça, não faço mesmo ideia do que é que tal pessoa é responsável mas sei também que é autor, creio que em regime de co-autoria, de livros. Viciada em livros como vocês sabem que sou, terão dificuldade em acreditar que não faço ideia sobre que versam esses livros ou quem são os outros autores, mas juro que é verdade. Tenho ideia que essa escritoria resulta das ligações aparelhistícas e, portanto, também nisto, fiz delete mal acabei de saber.
Eu, como já aqui o disse várias vezes, sou infiel por natureza a tudo o que tenha que ver com coisas acessórias pelo que, neste caso em concreto, a cada momento, avalio qual a melhor opção em termos de voto. Maioritariamente voto no PS nas legislativas mas já votei noutras formações partidárias. Nas autárquicas já votei na CDU (muitas vezes nem tanto pelo projecto da CDU mas porque sei que é gente honesta e, também, pela fragilidade das outras candidaturas) e nas europeias também já oscilei. Não me sinto obrigada a nada a não ser àquilo que a minha consciência me aconselha.
Das vezes que votei no PS fi-lo sempre sem absoluta convicção (como dizia o O’Neill, não me apetece mas voto PS).
Em abstracto, seria o PS que melhor representaria aquela social democracia humanista, evoluída, moderna, que preza a igualdade de oportunidades, a defesa das pessoas enquanto centro de tudo, o desenvolvimento sustentável, o conhecimento, etc, que eu idealizo e que encontra expressão nos países em que a democracia está sedimentada há tempo suficiente para quase todas as arestas terem sido limadas.
Mas acontece que, na prática, salvo um ideal ainda puro que se encontra em algumas pessoas, ou algum pragmatismo não conspurcado noutras, ou algum ímpeto de ou vai ou racha noutras, muito do que se vê pelo PS, em particular no actual PS, é qualquer coisa de muito acomodado, de habituado a compromissos pelo menor denominador comum, a cedências a interesses aparelhísticos que pouco têm a ver com qualidade, competência, cultura, ideal puro. Partidos cujas pessoas circulam entre concelhias, distritais e outras organizações que tais criam ligações pouco puras e, nisto da política, só me revejo no que tem vestígios de pureza, de nobreza de carácter. A outras horas talvez eu conseguisse pensar com maior clareza para escolher melhor as palavras. A verdade é que não me revejo muito no actual PS e não sei se alguma vez me revi completamente, de alma a e coração, no PS.
Mas depois há o lado prático da coisa.
Se não votamos, não nos podemos depois queixar e, tendo que votar, há que avaliar qual o menor dos males. E, da indigência reinante, apesar dos pesares, para não me abster ou para não votar em branco, acho que lá terei que votar outra vez no PS. Agoniada, arreliada, etc. Mas há alternativa melhor?
O CDS puxa à direita conservadora, antiquada, populista e, sob a égide de Paulo Portas, não é coisa nenhuma.
O PSD prima por ser sistematicamente tomado de assalto por oportunistas sem ideologia que buscam o poder pelo poder e associo-o ao período negro do cavaquismo - em que tive que lidar de perto com pessoas muito próximas do poder e em que pude constatar a boçalidade vestida de yuppie, a bimbalhice armada em jet set. Um horror. Este PSD de Passos Coelho é o herdeiro em linha directa desse tempo mas ainda para pior: é o refugo dos refugos, o rebotalho, a escória que as próprias pessoas decentes do PSD rejeitam.
O PCP é um partido sectário. Há qualquer coisa que parece que é inoculada na matriz genética das pessoas do PCP que as torna fechadas aos outros, sectárias. Acabam por interagir bem apenas entre eles, mostrando sérias dificuldades na interacção de forma aberta e construtiva com quem não pensar exactamente como eles. De resto, de todas as vezes em que os comunistas estiveram no poder onde quer que fosse (e refiro-me a países, não a municípios, claro, que nos municípios é gestão local, não gestão nacional), os regimes fecharam-se sobre si próprios, uns quistos isolados da comunidade, acabando por perseguir as pessoas que não pensam como eles. Não há bons exemplos da aplicação do comunismo (como eles próprios reconhecem). Curiosamente isto não lhes dá que pensar. Não percebem que a aplicação integral do que defendem só é possível em regime de ditadura e querer ter ao mesmo tempo democracia e ditadura é não perceber o que é a contradição dos termos.
No entanto, por reconhecer que há uma certa honestidade intelectual primordial e uma dedicação genuína aos princípios em que acreditam, se eu fosse do PS e tivesse que formar governo, tentaria ter alguns elementos do PCP num governo que eu formasse.
No que se refere ao Bloco de Esquerda, não sei bem o que dizer. Parecem-me uma ala esquerda de um PS, uma ala que não sabe bem o que quer em termos práticos mas que, em termos teóricos, aparece volta e meia com boas ideias. Por isso, eu também teria elementos do Bloco de Esquerda num governo que eu formasse.
Identicamente não me chocaria ter alguém de um PSD normal. Claro que não me refiro ao actual PSD que, como acima disse, acho que é um repositório de anormalidades. Mas, num PSD encabeçado por gente decente e com um funcionamento minimamente normal, não me chocaria ter algumas pessoas decentes e honradas num governo que eu formasse. Já do CDS tenho muitas dúvidas. Acho que a sua função se extinguiu no momento em que Paulo Portas condicionou o partido à sua ambição pessoal. Hoje não se percebe o que é o CDS. Talvez uns restos que foram sobrando, agarrados a lugares de deputados ou a lugares de nomeação partidária. Nem sei. Uns resíduos, talvez.
Claro que há também o Livre mas acho que, num momento destes, é coisa que aparece para dividir ainda mais o que dividido está, pelo que não vejo lógica, e o MPT que nem sei bem o que é, tirando que tem lá o Marinho Pinto, e o Partido dos Animais que nem percebo o que pretende. Sobre estes, bem como sobre o MRPP ou o PT (e, às tantas, ainda há mais algum) não me vou pronunciar.
Mas, resumindo, apesar de tudo e tendo em consideração que o que me parece mas importante, nesta altura do campeonato, é tirar a devastadora coligação PSD/CDS do poder e fragmentar a sua influência para ver se impedimos que destruam o País de vez, vou votar no PS (e agradeço que não me digam nada nem me lembrem que o PS é aquele partido onde está aquele senhor que dá pelo nome de Totó-Zero).
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A música lá em cima é My one and only thrill na voz de Melody Gardot.
As fotografias são da autoria de Lara Kiosses e misturam mulheres, flores e isso é sempre uma conjugação feliz.
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Relembro: deixem-se ir por aí abaixo que há material para todos os gostos: jornalistas papagaios, jornalistas de meia tigela, cães à moda, mulheres à moda, mulheres calmeironas rodeadas de homens pequeninos e sei lá que mais.
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E agora vou-me deitar que já são quase 3 da manhã e acabei de ouvir um galo a cantar (a sério!).
Desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo sábado.
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7 comentários:
Olá UJM
Uma análise politicamente lúcida e, contrariamente ao que sucede com a maioria dos analistas, feita com bom senso!
Estou totalmente de acordo!!!
Um abraço
um motivo para escolher em quem votar - http://conversa2.blogspot.pt/2014/05/ttit-por-favor-digam-me-que-isto-e.html
fanado do der, por sugestão de um leitor
votar ps, faz-me lembrar - Se não tem tu, vai tu mesmo
Joaquim Castilho tem razão. A minha pobre cabeça é que ainda não atinou no que fazer no dia 25. E o tempo urge!
Gostava era de estar fora para ter uma boa desculpa, mas não sendo o caso lá terei de me decidir. Gostava de que, pelo menos a tal Aliança de extrema-direita não ultrapassase os 30%. Mas não acredito. Bom Sábado!
P.Rufino
Estimada UJM
Uma análise serena, lúcida e objectiva .
Subscrevo, por inteiro .
Continua a sêr um prazêr, quotidiano, a leitura dos seus post´s.
Melhores Cumprimentos
Vitor Gomes Freire
Olá, UJM,
Gostei muito da sua análise. Como subscrevo inteiramente o seu texto, deixo apenas isto:
http://youtu.be/g3Rf5qDuq7M
Porque os bons dos ingleses "get what they want" o "golden buzzer" foi carregado. Quanto tempo ficaria o público a gritar "push it now"? É isso mesmo, até que o botão fosse carregado. Qual jurados super-estrelas, qual quê! O povo é que manda!
JV
Depois do vídeo em que o público, emocionado por 2 rapazes super boa onda, super queridos e cheios de estilo, ter exigido que o júri carregasse no "golden buzzer", falaram-me neste video:
http://youtu.be/-DQMUaD1uig
Há coisas fantásticas! Absolutamente fantásticas!
Desejo a todos um ótimo domingo,
JV
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