terça-feira, outubro 29, 2013

Bárbara Guimarães e Manuel Maria Carrilho: guerra aberta, o ódio à solta. Alcoolismo, violações, agressões físicas, invejas, loucura, dinheiro, capangas, tentativas de arrombamento, tudo serve como arma de arremesso. Não há filosofia que acomode tanta página solta. Coitados deles e, sobretudo, coitados dos filhos. A natureza humana é uma coisa muito estranha.


Isto, quando começa a correr mal, não há volta a dar. Este pequeno notebook só me dá desgostos. Agora a gavetinha para pôr o cartão das fotografias praticamente não funciona. Insiro aquilo, a coisa dá de si, parece que se alegra, depois desiste, vai-se abaixo, e é o costume nestas situações: não dança nem sai da pista. Portanto desisti, não sou pessoa para pacientar contra a força do material. 

Andei hoje por sítios maravilhosos: no Porto, andei a fazer o percurso do romantismo, e depois seguimos para Guimarães, essa cidade tão bonita que quase não dá para acreditar. Hoje que a bateria da máquina fotográfica carregou normalmente e deu para umas duzentas fotografias, é que a esta irritante miniatura lhe deu o fanico.

A ver se, amanhã ou depois, consigo dar-vos registo da minha reportagem fotográfica. Deixo-vos, para já, apenas o abstract

O Porto é uma maravilha... mas a sinalização...? Senhores. A gente anda aos bonés a não há uma santa tabuleta que nos ajude. Ou apontam para um portão fechado. E, se vamos de carro, apontam para ruas cortadas ao trânsito, o GPS louco, baratinado. E, se indagar a população, também geralmente não vamos a lado nenhum. Percurso do romantismo...? Ná, nunca ouvi. Casa Tait...? Ná, nunca ouvi, não faço a mínima. Ou:  apanhem mas é o 200 que a pé é difícil explicar. Coisas assim. Para ajudar à festa, o meu marido: vamos embora, isso deve ser uma treta sem interesse, não vês que nunca ninguém ouviu falar? deve ter sido algum tipo de Lisboa que inventou isso, vamos embora que já estou farto de andar às voltas. O costume. Diz coisas assim só para se pôr a caminho para o próximo ponto do trajecto. Mas eu sou carne de pescoço, dura de roer. E lá se encontrou tudo o que se queria encontrar; e digo-vos: lindo. Que jardins, que vista.

Depois Guimarães: que cidade tão bonita. Tão bem cuidada. Tão especial. E a comidinha boa do Hotel da Oliveira...? E o hotel que bonito...?

Mas não me dá jeito pôr-me a descrever isto sem ilustrar com imagens. Por isso, esperando que amanhã ou depois não apareçam notícias bombásticas que me desviem dos meus propósitos, logo vos falarei disto devidamente assessorada pelas minhas fotografias.

Por isso, hoje tenho que falar de alguma coisa que não requeira fotografias minhas.

Poderia falar do novo sound bite do Paulo Portas. Íamos no carro, a TSF a dar as notícias de meia em meia hora, e lá nos aparecia ele a dizer que achava que talvez daqui por umas semanas alguém lhe vai dizer que ele teria ganho o euromilhões, uma coisa nesta base. E depois concluía o seu palpite com uma bravata qualquer dirigida ao Totó Zé Seguro e rematava 'Antes celta do que grego, mas em qualquer caso, sempre português'. Quase conseguia ver o seu sorriso, feliz por ter desarrincado uma palermice destas em que os jornalistas, caniches que correm atrás de qualquer osso, iriam certamente agarrar e repetir até à saturação. À primeira, a custo, ainda consegui ouvir as pérolas por inteiro mas, a partir daí, mal ele aparecia e começava o seu devaneio, o meu marido desligava logo o rádio: 'Este gajo...!' Resultado: agora não sou bem capaz de reproduzir a cena e, em boa verdade, também quase não sei o que se passa no mundo.

Por isso, estive aqui agora a dar uma volta pela internet e a coisa não está espectacular. De tudo o que li, uma coisa ressalta de forma a 'mexer comigo' (... se eu detesto esta expressão, mexer comigo, porque estarei a usá-la? Que coisa.): o drama entre a Bárbara Guimarães e o Manuel Maria Carrilho.

E não estou a brincar. Isto incomoda-me mesmo. 

Já no outro dia aqui falei disto: não sinto especial simpatia por nenhum deles, ela porque é exagerada para além da conta, ele porque parece que é vingativo ou que não é bom da cabeça, nem sei bem dizer. Mas, enfim, parecia ser gente civilizada.




O que acabo de ler deixa-me siderada: agora ele diz que a mulher foi vítima de tentativa de violação por parte do padrasto. Mas que é que isto tem que vir para a opinião pública, senhores? São coisas íntimas e complicadas demais para estarem por aí, espalhadas desta maneira. Seja verdade ou mentira, isto é uma coisa inadmissível.

E leio que Manuel Maria Carrilho, que agora nos aparece magro, mais mal encarado do que é costume, diz que Bárbara Guimarães bebe três garrafas de vinho ao jantar, que o carro está todo espatifado por ela, embriagada, andar a bater em todo o lado, e que, desde que fez 40 anos, só pensa em botox e silicone, que não come, só bebe. E que a miúda, a Carlota, a ela só serve para a exibir, e que a miúda tem 30 pares de sapatos porque ela é só no que pensa, em fazer da filha um objecto de ostentação. E que ela tem inveja da forte ligação que existe entre ele e os filhos. E que ela é que, alcoolizada, o ameaçava com facas. Só coisas assim, de uma violência que assusta.


Uma pessoa que diz isto para a comunicação social só pode estar desvairada.

Leio também que ela o processou ou vai processar por difamação (presumo que, para além da queixa apresentada no DIAP por agressões).

Mas fico também na dúvida da veracidade do que se diz do lado de Bárbara Guimarães: que o marido a agrediu todos os dias nos últimos seis meses. Todos os dias? E ela deixou? E vejo que, já durante esse período, teve lugar o lançamento do livro dela, Páginas Soltas, apresentado por ele, onde ambos se elogiaram mutuamente, in love como sempre que os víamos. 


E agora vi que é tema do Correio da Manhã que ele quer dinheiro dela. Depois vê-se melhor e o que ele quer parece coisa normal: metade do valor da casa. Pois se aquela era a casa de ambos, não será razoável que fique com alguma compensação? Seria suposto que ficasse na rua sem um tusto? Complicado é que um assunto tão sério ande assim na capa de jornais e revistas e com um tão elevado grau de devassa.




Como é possível que a estima entre duas pessoas degenere num tão descontrolado ódio? Que se esqueçam as crianças? Que a vontade de magoar o outro, que a sede de vingança, sejam tantas que nem pensem que as crianças vão sofrer com o que se está a passar? 

Como podem pessoas supostamente civilizadas portar-se como animais enraivecidos? 

A vida profissional de ambos deve estar irremediavelmente comprometida; a vida emocional deve estar em frangalhos. Mas a família de ambos deve estar também aterrorizada e, quanto aos miúdos, nem quero pensar. Que coisa.

Palavra de honra que fico assustada com isto. Será que qualquer pessoa pode, se as circunstâncias assim o ditarem, tornar-se um monstro irreconhecível?

E será que não há forma de alguém os travar, os chamar à razão?

(Li, salvo erro no Expresso, que Manuel Maria Carrilho se encontrou com o Seguro para lhe falar nisto. Mas a que propósito? O Totó Zé Seguro é conselheiro matrimonial? Não deve ser pois parece que o Carrilho nessa noite foi ver se arrombava a porta de casa e andar à pancada a um amigo ou segurança da Bárbara. Que história rocambolesca esta, senhores. Uma apresentadora de luxo e um ex-ministro envolvidos em cenas de faca e alguidar... E até a ex-mulher dele, uma pessoa ligada à cultura, supostamente bem formada e bem comportada, Joana Morais Varela, escreveu uma coisa no facebook que mais parece letra de canção da Ágata. Ou seja, em vez de tentarem pôr água na fervura, parece que anda meio mundo a acicatar. Que impressão que isto me está a fazer.)


Tomara que atinem antes de se auto-destruirem e antes de traumatizarem os filhos. Numa altura de crispação social, em que já tantas mulheres morreram vítimas de violência doméstica, exemplos destes seriam totalmente de evitar.

Enfim.

Quase me faz lembrar a história de um casamento de sonho que acabou num divórcio destrutivo. Envolvia também uma Bárbara. The War of the Roses.



Nota: Só para verem como não há duas sem três. à noite, quando estava a escrever isto, não é que a internet móvel  também deixou de funcionar?

+++

Antes que isto se vá abaixo outra vez, despeço-me já. Tenham, meus Caros Leitores, um dia muito feliz.


3 comentários:

Anónimo disse...

Sugiro este vídeo. Falo por experiência própria. Nunca me fez uma nódoa negra, nunca me tratou mal em público. Nos últimos anos, quando inseria a chave na fechadura o meu coração disparava de dor. Ser vitima de violência doméstica é uma situação só passível de entender por quem passa por ela. Tal como a morte de um filho estar nas mãos destes carrascos faz parte do inominável.

http://www.ted.com/talks/lang/pt/leslie_morgan_steiner_why_domestic_violence_victims_don_t_leave.html?source=facebook#.UmxWcF1KSbt.facebook

Anónimo disse...

No Porto há informações no Turismo, como em qualquer grande cidade...É sempre a primeira coisa a fazer quando se quer conhecer, em qualquer parte do Mundo!!!

Anónimo disse...

O terror de "será que amanhã acordo viva". Sabia que no dia em que me pusesse as mãos seria para, como dizia uma amiga "ir falar contigo com uma etiqueta no dedo grande do pé"
Tenho filhos e, também eles na altura pequenos, assistiram dentro da porta a muita coisa da qual ainda hoje têm algumas mazelas.
Pensei várias vezes em suicidar-me. O que me fez mudar de ideias não foi tanto o ficarem sem mãe. Por incrível que pareça o pensamento que me motivou foi "Não posso permitir que inventem mentiras sobre mim aos meus filhos. Eles merecem saber a verdade. Tenho que aguentar-me". Aterrorizava-me as mentiras que ele e a família iriam inventar sobre a mãe. Pode parecer estúpido, egoista porém foi a fórmula que encontrei para fortalecer-me. Não podia desiludir dois seres maravilhosos que não pediram para nascer neste inferno. Pediram-me muitas vezes para deixar o pai. Acredite UJM só quem está no lado de cá consegue sentir o que é subir o cadafalso diário. Hoje, já adultos sabem avaliar e, após 20 anos ainda sentem, no pai, a mesma raiva por não ter-me matado. Falamos, sem prurido, sobre isso.

Só para que conste, UJM, estamos a falar de dois cidadãos licenciados, no tempo em que elas ainda eram a sério, relativamente conhecidos no meio que frequentavam, profissionalmente reconhecidos...

Os amigos foram fulcrais Nunca me julgaram, condenaram. Nunca duvidaram de mim mesmo não tendo assistido a quase nada.
Remato apenas para pedir-lhe nunca acuse ou julgue, independentemente do género, vitimas de violência doméstica. As pessoas não têm consciência que ao perguntarem-se "porque não sai" está implicito que é uma pessoa fraca. Não somos. Somos apenas diferentes das outras mulheres/homens: com uma capacidade de entrega aos outros sem limtes. O agressor capta isso à distância e sabe explorar essa vertente. Apenas tomei consciência quando um amigo disse-me: ok, compreendes que ele tem problemas, que viveu uma infância infeliz, etc, etc, etc, mas a tua compreensão/desculpas contribui algum milimetro para a tua felicidade ou das crianças? Está a reproduzir o que se passou com ele. É isso que queres para os teus filhos? Irá mudar alguma vez? Se alguém tem que "morrer" tens que fazer uma escolha. Pensa nisso.

Muitos mais poderia falar. Fico-me por este já grande comentário. Desculpe-me a ousadia mas se conhecer alguém vitima de violência doméstica não lhe pergunte “porque não sais”.
Diga-lha apenas “o que posso fazer para ajudar-te a sair”. Mas passe à acção. Não se fique pelas palavras. Também o seu nome irá ser enxovalhado pois será uma colaboracionista. Prepare-se para fazer parte da guerra. Repare no que fez MMC: envolveu a família, a seguir serão os amigos e colegas de trabalho.
Com este alerta será uma opção, da sua parte e de todos os que nos lerem, mais consciente. Acredite, não irá arrepender-se. Os meus amigos nunca se arrependeram.

Continui a escrever como sempre o faz. Deixe as vírgulas e as gralhas nocturnas dormirem em sossego. Da minha parte estão há muito perdoadas.

Um abraço

Maria