segunda-feira, agosto 26, 2013

Face à briga literária, com o Expresso transformado em cenário de guerra, entre Arnaldo Saraiva e Filipe Delfim Santos a propósito de um livro sobre a correspondência entre Jorge de Sena e João Gaspar Simões o que eu tenho a perguntar é o seguinte: esta gente das literaturas, críticos e editores literários, é tudo gente cheia de birras, ódios de estimação, pancada da grossa ou quê...? É que mais parecem umas vizinhas a dizerem mal uns dos outros, credo. Neste meiozinho literário há alguém que goste de alguém ou vivem todos à beira de se esganarem uns aos outros? [Vidé também o António Guerreiro e a Ana Cristina Leonardo em relação ao Eduardo Pitta]


Em tempos foi o António Guerreiro, no Expresso, a atirar-se à bruta ao Eduardo Pitta, a atirar-se à bruta e a gozar descaradamente, uma coisa excessiva. Parecia um ajuste de contas em público, uma coisa feia de se ver. 


Já a Ana Cristina Leonardo não perde oportunidade de fazer o mesmo, dar tareia a sério no mesmo Pitta lá no seu Meditação na Pastelaria, blogue que sigo aqui na minha galeria de 'Amigos e Ilustres Desconhecidos', baptizado como 'Rebelde com causas'. Acho graça à Ana Cristina Leonardo, tão emotiva, tão impulsiva, mas há que reconhecer que, em relação ao Eduardo Pitta, há ali um odiozinho de estimação que chega a fazer impressão (independentemente de eu lhe poder dar alguma razão aqui ou ali).


Jorge de Sena e João Gaspar Simões -
- nem eles sonhavam o bate-boca a que a sua correspondência viria a dar lugar

Agora no outro dia foi o Arnaldo Saraiva que escreveu um texto longo no caderno Actual do Expresso a dissertar e rebater e a dizer que não disse e que o que a senhora disse, que ela não o deveria ter dito, ou que não foi bem isso que ele disse, e que os outros disseram o que não deviam ter dito, e parece que a coisa azedou por causa de umas alusões homossexuais lá na tropa e mais não sei o quê e que ele até desmentiu, e que o editor não sei que mais, e que a a senhora é isto e aquilo e mais um par de botas e por ali anda o Jorge de Sena e a Srª D. Mécia e o João Gaspar Simões e mais o editor e o escambau no meio daquele azedume todo.


A gente chegava ao fim daquele texto e pensava, ó c'um catano, qu'esta gente parece qu'anda uma vida inteira a coligir raivinhas e azedumes para, anos depois, os vir bolsar em público...

Pois bem, este sábado eis que a coisa se estragou de vez. Outra vez artigo de duas páginas, desta vez saindo à liça o dito editor literário Filipe Delfim Santos a dizer das boas ao Arnaldo Saraiva. E lá aparecem outra vez que este disse, que o outro respondeu, e que isto, aquilo e o outro, e mais farpas, alfinetadas, e ainda uns gaspões, umas dedicácias, e ainda uns cauteleiros fardados, e que as frustrações de um e outro que queriam ser o que não são e que os académicos andam afastados da realidade e mais um palavreado que não acaba.


A gente lê estes desfiares de raivinhas, fúrias descabeladas, rangeres de dentes, e imagina-os a escreverem, pulsação acelerada, doidos da vida a não se quererem ficar atrás, enrubescidos, furibundos, orgulhozinhos feridos, a ajustarem contas como se disto dependesse a sua vida. E a gente lê e pensa: mas está tudo doido?!

E pergunto eu na minha santa ignorância: será que não poderiam limitar-se a fazerem duelos aí numa qualquer viela? Ou a escreverem cartas ofensivas uns aos outros? Coisas assim civilizadas em vez destas peixeiradas em público? Em vez desta barrela de roupa suja que parece que nunca mais acaba?

Ó senhores que ninguém me poupa...!


2 comentários:

Fernando Ribeiro disse...

Podiam imitar o Antero de Quental e o Ramalho Ortigão, que se defrontaram num duelo. Ganhou o Antero, que feriu o Ramalho num braço, e a seguir fizeram as pazes... Pormenores aqui: http://amateriadotempo.blogspot.pt/2010/05/um-duelo-entre-antero-de-quental-e.html.

JOAQUIM CASTILHO disse...

Olá UJM!

Polémicas e insultos entre literatos é comum não só em Portugal , mas especialmente nos pequenos países onde todos se julgam conhecer . E o próprio Jorge de Sena não fugiu á regra , basta ler o virulentíssimo Dedicácias (publicado postumamente em 1980) onde a linguagem e a violência crítica dos seus pares ultrapassa e em muito o etilizado Vasquinho Pulido Valente no Público

Um abraço