segunda-feira, julho 21, 2025

Os problemas com a saúde e os truques do costume
-- De novo, a palavra ao meu marido --

 

Já aqui escrevi várias vezes que o Governo falhou na resolução dos principais problemas do país. 

  • A situação na habitação piorou com o maior aumento do custo das casas na Europa, 
  • houve muito mais fogos e mais área ardida, 
  • o número de alunos sem aulas é monstruoso,
  • e a situação na saúde é trágica. 

Por exemplo, as notícias do jornal da TVI das 20 horas de ontem sobre a saúde são reveladoras de quão trágica é a situação nas vários subsistemas da saúde. 

  • O INEM, que conseguiu juntar aos problemas conhecidos a barraca do concurso dos helicópteros, 
  • as urgências fechadas, 
  • o passa culpas entre o ministério e o INEM após ser divulgado um relatório do IGAS, 
  • as reivindicações dos bombeiros, 
  • os médicos que, em vez de fazerem horas extras, preferem trabalhar como tarefeiros como resultado da política de pagamentos definida pela ministra, 
  • os médicos que "confundem" a atividade pública com os seus interesses privados, 
  • as dezenas de crianças que nasceram em ambulâncias, 
  • a falta de operacionalidade efetiva dos helicópteros da FAP, 
  • ... 

Com todos estes problemas, o que faz o Governo? 

Avança com a notícia que vai criar uma unidade para combater a fraude na saúde. 

É a estratégia do costume, lançar para a agenda mediática um assunto que desvie a atenção dos problemas principais que entalam o governo. Criar um organismo com competências em termos da investigação idênticas ao MP e à PJ parece-me uma duplicação que onera os contribuintes. Só teria sentido se houvesse manifesta incompetência dos organismos que atualmente se ocupam deste tipo de investigações. Sendo certo que os principais problemas na saúde não são as fraudes, cai sempre bem junto de determinado tipo de eleitorado apontar a fraude como a razão dos problemas. 

O Chega teve sucesso e o PSD quer trilhar o mesmo caminho. 

Na minha opinião -- e falando estritamente das notícias que têm vindo a público sobre os ganhos milionários dos médicos --, o problema está na legislação em vigor que permite criar empresas em nome individual para prestar serviços com uma redução significativa de impostos, e ainda nos aumentos dos valores definidos pela ministra para pagamentos aos tarefeiros e os valores pagos pelos atos médicos efetuados em horário não laboral. 

Aliás, o próprio diretor executivo do SNS falou da "normalidade" de pagamentos estratosféricos aos médicos por atos clínicos extra. Como é sabido, para este governo vale tudo. O que é preciso é ganhar votos. 

Não bastava seguirem a agenda do Chega -- agora também decidiram pagar um complemento aos reformados dias antes das eleições. 

Não é de admirar, sabendo-se do caso Spinunviva.

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