quarta-feira, julho 03, 2024

Redefinir (ou repensar?) a velhice

 

Sempre tive a ideia de que a minha avó paterna era uma pessoa de idade. Recordo-me de estar lá em casa quando andava na infantil ou na primária e de a achar idosa. Tenho ideia de que tinha o cabelo parcialmente embranquecido, tinha rugas, tinha artroses e dores. Sentia-se velha e nós tratávamo-la como velha. E ela gostava de ser tratada assim. Mas agora, se pensar na idade que ela tinha na altura, creio que teria uns cinquenta ou cinquenta e poucos. E isso deixa-me chocada.

Fui ver fotografias dela, nessa altura, e, de facto, se fosse hoje eu diria que seria pessoa para uns setenta. Mas depois hesito pois as mulheres de hoje, aos setenta, parecem bem mais jovens. 

Ainda no outro dia, uma amiga, sessentas, enviou uma fotografia que alguém lhe tinha tirado na rua e o seu ar jovem, bem disposto, o vestuário colorido, desempoeirado, poderia corresponder aos quarentas de há uns anos. Se calhar até menos pois lembro-me de a minha mãe com quarentas ter ar de 'senhora', nem pensar em ousar roupas alegres ou jovens. Só aos oitentas é que ela se sentiu à vontade para usar calças justas, túnicas coloridas, ténis. 

Mas estou a falar a nível de aspecto exterior. Mas a mesma coisa é verdadeira para a maneira de ser. Ainda hoje recebi um vídeo de um amigo que continua a trabalhar, com trabalhos em diferentes continentes, hoje, por exemplo, está em África, pessoa prestigiada nas suas funções, premiado e reconhecido como um dos melhores no seu sector. Activíssimo. Sendo patrão dele próprio consegue conjugar o prazer de trabalhar com o de viajar e de curtir a vida. Aos sessentas tem uma energia, uma jovialidade, que, francamente, não sei como consegue. Tão depressa está em África, em trabalho, como no Perú, em passeio, como a visitar montanhas remotas lá para os confins de um país de que agora não me lembro o nome (não é Moldávia mas não me lembro qual é), ou numa animada sardinhada lá em casa ou a vir de Espanha, também em trabalho. 

Volta e meia, quando penso em assuntos mais distantes, faço as contas à idade que terei nessa altura (se ainda estiver viva) e penso que nessa altura distante se calhar já estou velha para curtir as mudanças. A minha prima hoje dizia-me que o meu tio tem andado a sentir-se cansado. E eu fiquei preocupada ao ouvir isso mas ele já tem noventa anos. Portanto, se calhar é normal que as forças vão faltando.

Claro que à medida que vamos envelhecendo vamos pensando nos limites da vida ao mesmo tempo que tentamos ver as virtudes da maior idade (sabedoria, tolerância, etc). Mas, bem vistas as coisas, uma coisa é certa: as pessoas vivem cada vez até mais tarde e isso traz muitos desafios à sociedade mas há que não ter ilusões. Por muito bem que se esteja, forçosamente aparecerão limitações e, se para estar em casa, na boa, isso pode não ser problemático, já para estar à frente dos destinos de uma nação como os Estados Unidos, não me parece aconselhável.

Redefining old age

CBS News chief medical correspondent Dr. Jon LaPook talks with experts about the distinctions between normal and abnormal aging as it affects memory issues, a workforce continuing beyond traditional retirement age, and the testing of surgeons who currently work without age limits.


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Dias felizes

2 comentários:

Anónimo disse...

Minha cara UJM, se te referes aqueles idosos candidatos a presidente, não te preocupes que o caminho não vai ser deles.Porque pensas que aquele debate foi antecipado? Foi para os queimar.

Anónimo disse...

Minha cara,eu não Tenho a certeza se vai haver eleições nos states